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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Dia do Natal

Por Me. Cláudio Fernandes

É costume secular, nos países de tradição cristã – sendo a maior parte deles situada no Ocidente –, celebrar, no dia 25 de dezembro, o dia do Natal. Essa celebração diz respeito ao dia do nascimento de Jesus Cristo, tido pelos cristãos como o Filho de Deus e Redentor da Humanidade, isto é, aquele que veio ao mundo para a remissão dos pecados e para a ressurreição dos mortos. Mas, se formos verificar os textos do Novo Testamento, sobretudo os quatro Evangelhos Canônicos, que tratam de narrar a vida de Cristo, perceberemos que não há nenhuma referência ao dia 25 de dezembro como sendo a data exata do nascimento do Filho de Deus. Há apenas a referência ao local de seu nascimento, a cidade de Belém, na Galileia. Sendo assim, por que o dia do Natal é comemorado em 25 de dezembro?

A identificação do dia 25 de dezembro com o nascimento de Cristo foi estabelecida durante o período em que o Império Romano do Ocidente passou a ser cristianizado, isto é, por volta dos século III e IV d.C. Esse processo de cristianização se deu na mesma época em que a estrutura do Império Romano começou a entrar em crise, por conta (dentre outros muitos fatores) das invasões dos povos bárbaros. Na medida em que a administração romana perdia seu protagonismo, a Igreja Cristã primitiva ia organizando moral e culturalmente a população dos domínios do Império.

Uma das formas encontradas pela Igreja para empreender tal organização foi a assimilação de elementos da cultura pagã (romana, grega e bárbara). Dentre esses elementos estavam ritos e mitos bastante antigos. Um desses ritos se dava no dia 25 de dezembro e era dedicado ao deus Mitra, uma divindade solar. Esse rito era conhecido pelo nome “Nascimento do Sol Invencível”. Paulatinamente o rito ao Deus Mitra foi sendo dissipado da cultura romana e, em seu lugar, os primeiros “Pais da Igreja” começaram a substituí-lo pela celebração do nascimento de Cristo, haja vista que, assim como o Sol, Cristo faz renovar todas as coisas e é símbolo de esperança.

Com o tempo, essa identificação se internalizou na tradição cristã e se tornou uma data que reclama confraternização e solidariedade. Comumente, no dia do Natal as famílias se reúnem para a troca de presentes, que geralmente ficam juntos de um dos maiores símbolos natalinos, a árvore de natal, e para a ceia. Além disso, outros símbolos, que também remetem ao processo de cristianização da Europa, compõe a atmosfera natalina. É o caso da guirlanda, do presépio(inventado por São Francisco de Assis, no século XIII) e do Papai Noel.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A origem do Papai Noel

Por Rainer Sousa
 

Durante a desintegração do Império Romano, notamos que muitas das populações bárbaras que chegam até a Europa trouxeram consigo uma série de tradições que definiam a sua própria identidade religiosa. Nesse mesmo período, a expansão do cristianismo foi marcada por uma série de adaptações em que as divindades, festas e mitos das religiões pagãs foram incorporados ao universo cristão.

Entre outros exemplos, podemos falar sobre a figura do Papai Noel, que para os cristãos de hoje representa o altruísmo, a bondade e alegria que permeia a celebração no nascimento de Cristo. Contudo, poucos sabem de onde essa figura barbuda e rechonchuda surgiu. É justamente aí que as tradições religiosas pagãs nos indicam a origem do famoso e celebrado “bom velhinho”.

No tempo em que os bárbaros tomavam conta do Velho Mundo, existia uma série de celebrações que tentavam amenizar as rigorosas temperaturas e a falta de comida que tomavam a Europa nos fins de dezembro. Foi nessa situação em que apareceu a lenda do “Velho Inverno”, um senhor que batia na casa das pessoas pedindo por comida e bebida. Segundo o mito, quem o atendesse com generosidade desfrutaria de um inverno mais ameno.

A associação entre o Velho Inverno e São Nicolau apareceu muitas décadas depois. De acordo com os relatos históricos, São Nicolau foi um monge turco que viveu durante o século IV. Conta a tradição cristã que este clérigo teria ajudado a uma jovem a não ser vendida pelo pai, jogando um saco cheio de moedas de ouro que poderiam pagar o dote de casamento da garota. Somente cinco séculos mais tarde, São Nicolau foi reconhecido pela Igreja como um santo.

A partir desse momento, o dia 6 dezembro passou a ser celebrado como o dia de São Nicolau. Nesta data, as crianças aguardavam ansiosamente pelos presentes distribuídos por um homem velho que usava os trajes de um bispo. Foi a partir de então que a ideia do “bom velhinho” começava a dar os seus primeiros passos. Do “velho filão”, conhecido nos últimos séculos da Antiguidade, passava-se a reconhecer a figura de um homem generoso.

Nos fins do século XIX, o desenhista alemão Thomas Nast teve a ideia de incorporar novos elementos à imagem do bom velhinho. Para tanto, publicou na revista norte-americana “Harper’s Weekly” o desenho de um Papai Noel que, para os dias atuais, mais se assemelhava a um gnomo da floresta. Com o passar dos outros natais, ele foi melhorando seu projeto original até que o velhinho ganhou uma barriga protuberante, boa estatura e abundante barba branca.

Apesar das grandes contribuições oriundas do experimentalismo de Nast, temos ainda que desvendar a origem da sua roupa avermelhada. De fato, vários desenhos já haviam retratado o Papai Noel com trajes das mais variadas formas e cores. Contudo, foi em 1931 que Haddon Sundblom, contratado pela empresa de refrigerantes “Coca-Cola”, bolou o padrão rubro das vestimentas do bom velhinho. Com passar do tempo, a popularização das campanhas publicitárias da marca acabaram instituído o padrão.

Liberdade


Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.
Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam "Liberdade, Igualdade e Fraternidade! "; nossos avós cantaram: "Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!"; nossos pais pediam: "Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós", e nós recordamos todos os dias que "o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria..." em certo instante.
Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.
Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.)
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.
Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir. (As vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...)
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!
 ...
Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos!
 ...
São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.
Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel...


(MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho: crônicas Editora Record; Rio de Janeiro, 2002, pág. 07.)