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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

7 motivos para tirar zero na redação do Enem


Zerar na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pode deixar você de fora da disputa por uma bolsa de estudos em faculdade particular ou vaga na universidade pública e impedir a contratação de financiamento estudantil. Isso porque iniciativas do governo como o Programa Universidade para Todos (ProUni), Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) exigem nota maior do que zero na redação do Enem para participar.

No Enem de 2014, dos mais de 6 milhões de inscritos, apenas 250 estudantes conseguiram a nota máxima (1.000) na prova de redação. O tema proposto foi “Publicidade Infantil em questão no Brasil” e mais de 529 mil candidatos zeraram na redação do Enem. De acordo com o MEC, os principais motivos da nota zero naquele ano foram, nesta ordem: 

  1. Fuga do tema 
  2. Cópia de textos motivadores 
  3. Textos com menos de sete linhas 
  4. Redações que não se encaixavam no tipo solicitado 
Fique atento aos motivos que levam um candidato a tirar zero na redação do Enem e evite essas armadilhas!

1 – Fugir do tema
A prova de redação do Enem começa com uma série de “textos motivadores”. Eles podem ser trechos de revistas, jornais ou livros, anúncios publicitários, desenhos ou charges e ajudam o candidato a entender o tema proposto. Escrever uma redação dentro desse tema é condição obrigatória e abordar um assunto diferente, ou seja, fugir do tema, recebe nota zero.

2 – Não obedecer o tipo de redação solicitado
O Enem costuma pedir um estilo específico de redação: “dissertativo-argumentativo”. Para cumprir esse requisito, o candidato deve seguir uma estrutura que começa com a proposição de uma tese, inclui argumentos para apoiar a defesa dessa tese e termina com uma proposta de intervenção social para solucionar o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Redações que não seguem essa estrutura (como poemas ou narrações, por exemplo), recebem automaticamente nota zero dos corretores.

3 – Não atingir o número mínimo de linhas
Para ser considerada válida pelos corretores, a redação do Enem precisa ter no mínimo 8 e no máximo 30 linhas (ideal). Textos com 7 linhas ou menos recebem nota zero. Vale lembrar que trechos copiados dos textos motivadores ou de outras questões do Enem são desconsiderados na contagem de linhas e o título, que é opcional, conta como linha escrita.

4 – Usar formas propositais de anulação
O Guia da Redação do Enem, divulgado pelo MEC, inclui o item “impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulacao ou parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto” nos motivos para tirar zero na redação. Ou seja, candidatos que desenham na folha de redação, escrevem palavrões e xingamentos ou incluem textos que não tenham a ver com o tema da redação (como as famosas receitas de “miojo” que causaram polêmica em edições anteriores) recebem zero na redação do Enem.

5 – Desrespeitar os direitos humanos
O respeito aos direitos humanos é um requisito obrigatório na elaboração da redação do Enem. Ou seja, mensagens de ódio, preconceito de qualquer tipo, racismo e outras formas de desrespeito resultam em nota zero.

6 – Entregar a folha de redação em branco
No dia em que a redação é aplicada, os candidatos tem uma hora a mais para elaborar o texto e passá-lo a limpo para a folha apropriada. É importante ficar atento a esse tempo, pois mesmo que o candidato termine a sua redação nas folhas de rascunho, se entregar a folha de redação em branco tira zero.

7 – Não conseguir demonstrar as cinco competências avaliadas
São cinco as competências avaliadas na redação do Enem, cada uma delas valendo de 0 a 200 pontos: 
  1. Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da Língua Portuguesa.
  2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo- argumentativo em prosa. 
  3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. 
  4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. 
  5. Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. 
O candidato que não conseguir demonstrar minimamente nenhuma das competências avaliadas, tira zero na redação.

O que acontece se eu tirar zero na redação do Enem?

Zerar na redação do Enem pode trazer uma série de consequências na vida do estudante, impedindo que ele participe de programas de acesso ao ensino superior criados pelo MEC. Conheça as principais: 

  • Ganhar Bolsa do ProUni: O Programa Universidade para Todos oferece bolsas de estudos em faculdades particulares para estudantes de baixa renda. Para participar, além de cumprir alguns requisitos de escolaridade e renda, é necessário ter participado do Enem no ano anterior, com pelo menos 450 pontos na média das provas e nota maior do que zero na redação. 
  • Entrar na universidade pública pelo Sisu: O Sistema de Seleção Unificada usa a nota do Enem para classificar candidatos a vagas em universidades públicas. Para concorrer a uma dessas vagas, é necessário ter feito o Enem no ano anterior, com pelo menos 450 pontos na média das provas e não ter zerado na redação. 
  • Conseguir financiamento do FIES: O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior é um programa do Governo Federal que concede financiamento estudantil a juros baixos (3,4% ao ano). Para pedir o FIES, os candidatos que concluíram o ensino médio a partir de 2010 precisam ter feito o Enem, com pelo menos 450 pontos na média das provas objetivas e nota maior do que zero na redação. 
FONTE: MUNDO VESTIBULAR

domingo, 18 de outubro de 2015

Revolta de Beckman

A chamada revolta de Beckman fora uma rebelião contra o governo colonial, em São Luís, em 25 de fevereiro de 1684. Não foi uma revolta popular, como alguns afirmam, pelo contrário, ficaram bem estabelecidos os interesses dessa revolta.
Manuel Beckman

Manuel Beckman era um senhor de engenho conhecido por ser orgulhoso e carrancudo. Chegou a ser exilado em Gurupá, no Maranhão. O motivo era interessante, lia livros proibidos e protestou contra a nomeação de um governador, ou seja, um homem de posicionamento firme para sua época. Beckman e seu irmão Tomás lideraram a revolta de Beckman.

Na data da revolta, grandes senhores de engenho prenderam os jesuítas dentro do seu próprio colégio e também Baltasar Fernandes, capitão-mor, além de invadirem a Companhia do Maranhão e instalarem um governo com seus ideais.

Esse governo tinha representantes do povo, do clero e da nobreza e criaram procuradores populares para ouvirem as reclamações da população. Contudo não era uma democracia que se formava. Beckman tinha interesses em escravizar os índios. Os caboclos já haviam sido disseminados na região. Os representantes do povo eram pessoas com alguma posse.

O motivo da revolta era a falta de mão-de-obra, que prejudicava os lucros dos senhores de engenho, latifundiários. Os escravos negros quase não chegavam no Maranhão, estavam concentrados mais nas regiões açucareiras e os índios não podiam ser escravizados.  Por isso cerca de sessenta anos antes da rebelião os grandes proprietários rurais tinham choques com os religiosos. Lembrando que o alvará régio de João IV atribuía aos jesuítas a responsabilidade dos negócios indígenas, não podendo outras entidades estabelecer cuidado aos índios na América. Por isso, em 1661, os jesuítas foram expulsos da região e só retornaram em 1667 com o rei Pedro II. Esse retorno estabeleceu mais poderes de tutela ainda aos jesuítas,
inclusive com sanções. Tal retorno com poderes fiscais aos religiosos também retorna o conflito na região.
A revolta de Beckman era uma reivindicação por mais mão-de-
obra, visto que não podiam escravizar indígenas.

Para resolver o problema da mão-de-obra na região, Portugal prometeu enviar quinhentos escravos por ano ao Maranhão. Os proprietários ficaram satisfeitos, não havia entraves com a escravidão negra e era ainda o estabelecimento de Maranhão no rico comércio de escravos. Além disso, a Companhia de Comércio, que trariam os escravos, também forneceria produtos importados e comprariam a produção maranhense. Aparentemente um acordo perfeito. Não obstante, o bacalhau, o trigo e vinho quase não chegavam e quando chegava estavam estragados, além dos escravos negros serem oferecidos em alto preço e com quantidade menor. Houve reclamações por parte dos proprietários de que a Companhia de Comércio roubava até nos pesos e medidas. Para piorar a situação, a Companhia não aceitava como pagamento em açúcar, cacau, couro ou tabaco, abaixando os preços desses itens no mercado.

Diante desse histórico, a revolta de Beckman se faz reivindicando na realidade mão-de-obra escrava e escoamento da produção com preços condizentes.

Assumindo o poder, Beckman, o governador vencido na revolta, Sá de Meneses, tentou subornar o novo governo em vão. O acordo foi buscado em Lisboa, onde Tomás Beckman, tentou conseguir suas reivindicações.

O governo português venceu a revolta retirando a Companhia de Comércio do Maranhão, dando condições dos preços de escravos e dos alimentos baixarem. Gomes Freire de Andrade foi nomeado novo governador do Maranhão.

Tais medidas esfriaram a revolta e os senhores de terras abandonaram a causa. O governador decidiu punir os revoltosos e Beckman é entregue as autoridades pelo próprio filho adotivo, Lázaro de Melo.
Manuel Beckman foi enforcado em 2 de novembro de 1686. Seu filho traidor recebeu a patente de capitão de uma das companhias da nobreza, mas nenhuma das companhias aceitou o comando traidor e ele é morto trucidado em uma moenda em seu engenho.

“Não resta outra coisa senão cada um defender-se por si mesmo;
duas coisas são necessárias: revogação dos monopólios e a expulsão dos jesuítas,
a fim de se recuperar a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios.”
Manuel Beckman (1684)

Prof. Yuri Almeida.


Referência Bibliográfica

BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, 1978.

CHIAVENATO, Júlio José. As lutas do povo brasileiro: do “descobrimento” a Canudos. 2. Ed. São Paulo: Moderna, 2004.

RIBEIRO, Berta. O índio na história do Brasil. São Paulo, Global, 1987.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

15 de outubro: comemore o Dia do Professor!



Se lhe perguntassem qual é a profissão mais importante do mundo em sua opinião, o que você responderia? Caso sua resposta seja “magistério”, saiba que muitas pessoas concordam em gênero, número e grau com você. Professores participam não somente da formação do nosso conhecimento, mas também do desenvolvimento do nosso caráter, educação e maneira de conviver com o mundo.

No dia 15 de outubro, nós celebramos uma data muito importante para esse que é o maior profissional com o qual você provavelmente já lidou um dia. Mas você sabe por que o dia do professor é celebrado no dia 15 de outubro? Nesse artigo comemorativo vamos contar para você um pouco mais sobre a história dessa tão nobre profissão. Confira!

A origem do Dia do Professor

A data 15 de outubro foi escolhida para marcar o dia em que celebramos a profissão de professor por causa de um evento histórico, que ocorreu ainda na época do Brasil Imperial. Em 15 de outubro de 1827 Dom Pedro I, até então Imperador do Brasil, baixou um decreto imperial que estabelecia a criação do ensino elementar no país, garantindo que qualquer cidade ou vila brasileira tivesse acesso a suas próprias escolas. Além disso, o mesmo decreto determinava outras condições importantes para que a ampliação do ensino acontecesse no país, como o salário dos professores e as matérias básicas que seriam ensinadas nessas escolas.

Decreto oficial que tornou a data celebrativa

Depois de muitos anos, mais especificamente no ano de 1947, um professor paulista, de nome Sebastião Becker, se reuniu com outros colegas para criar uma confraternização nesse mesmo dia 15 de outubro, para celebrar a importância da profissão de professor no país. Em 1963 essa data foi oficializada pelo governo federal como o dia do professor, de acordo com o Decreto Federal 52.682. O decreto incentiva que instituições de ensino em todo o país celebrem a data, com o intuito de lembrar a importância desse profissional na história do país.

Apesar da celebração, o reconhecimento ainda é pequeno

Sabemos que o professor é um dos profissionais mais importantes para qualquer sociedade e que nunca será substituído (veja nosso ebook gratuito:”Por que o professor nunca será substituído pela tecnologia?“) — afinal, ele é parte integrante da formação da educação de uma população e sabemos que sem educação não há avanços, nem científicos, muito menos sociais.

Apesar dessa situação, muito ainda precisa mudar na realidade dos professores no Brasil. Se pararmos para pensar na desvalorização da profissão, do piso salarial que não condiz com a realidade e das condições em que são tratados os professores — especialmente das redes públicas — no país, ainda não existem motivos para celebrar a data de maneira tão efusiva. O dia dos professores está servindo, na grande maioria das vezes, para relembrar a população — e especialmente os governantes — de que se não cuidarmos de quem cuida da base da educação de um país, estamos fadados a viver uma realidade ainda mais dura para a nossa sociedade.

Esperamos, portanto, que esse dia 15 de outubro seja sim motivo para celebrar ser professor — porque essa é uma profissão que precisa trazer orgulho. Porém, é preciso sempre usar essa data para manifestar e batalhar por mais justiça e reconhecimento, para que no futuro os professores sejam tão valorizados quanto quaisquer outras profissões que consideramos importantes no nosso dia a dia.

FONTE:AppProva

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Como fazíamos sem Circo


O show tem que continuar



Marcus Lopes

A palavra circo vem do latim circus, cujo significado é circunferência. O nome é uma alusão ao picadeiro, onde, há dezenas de gerações, artistas de todos os tipos encantam os espectadores com suas apresentações. Muito antes de ter esse nome, já havia espetáculos com malabaristas, acrobatas e outros tipos de arte. Na China, onde pinturas de cerca de 5 mil anos exibem contorcionistas e acrobatas, a arte circense chegou a ser empregada como mecanismo de guerra. Guerreiros chineses utilizavam a acrobacia como forma de treinamento de habilidade e força. Imagens de malabaristas também foram encontradas nas pirâmides do Egito.

No Império Romano, o Circus Maximus, cuja origem remonta ao século VI a.C., alternava corridas de carruagens e luta de gladiadores com shows de engolidores de fogo e apresentações de animais selvagens. Após um incêndio, o Maximus foi substituído pelo Coliseu, em 40 a.C.

Na Idade Média surgiram os saltimbancos – artistas populares que improvisavam apresentações em ruas, praças e feiras das cidades medievais. Eles viajavam de cidade em cidade com seus quadros de dança, acrobacias e pequenas peças teatrais. Depois passavam o chapéu recolhendo moedas do público, que ficava assistindo em volta do palco improvisado.

O conceito de circo como conhecemos hoje só surgiu em 1768, quando um militar inglês chamado Philip Astley criou em Londres um espaço fechado para apresentações de cavalos. Para entreter o público, incluiu números com palhaços, acrobatas e equilibristas. 
O sucesso do Royal Amphitheatre of Arts foi tão grande que a receita logo se espalhou por outras cidades da Europa e atravessou o Atlântico rumo aos Estados Unidos.

No Brasil, antes de surgirem os circos, no final do século XIX, a população se divertia com grupos de saltimbancos que chegavam às cidades e montavam suas tendas, onde apresentavam shows de ilusionismo, palhaços e teatro de bonecos. Os artistas, muitos de famílias ciganas, adaptavam suas apresentações de acordo com o gosto da população local e, se algum número não agradava, era retirado da programação, em nome do respeitável público.

Palhaço
Os primeiros registros sobre palhaços datam de cerca de 4 mil anos atrás, embora desde sempre tenha havido quem se dedicasse à arte de fazer os outros rirem. Na China, os primeiros palhaços distraíam a corte dos imperadores e participavam de apresentações teatrais. Na Idade Média eles integravam as companhias de saltimbancos e atuavam como assistentes do espetáculo, abrindo espaço para os artistas no meio do povo para as apresentações. Alguns declamavam textos, outros faziam shows de malabarismo... 

No Brasil, o circo levou para o centro do palco a figura do palhaço cômico, engraçado e falante. Enquanto nas primeiras apresentações circenses europeias o palhaço era mais quieto, conquistando pelas expressões faciais e números de mímica, o palhaço brasileiro surgiu falante e dono de um humor picante, encantando crianças e adultos. Entre os nomes que fizeram a história recente nos picadeiros brasileiros estão os palhaços Arrelia, Torresmo e Carequinha.

UM ANO DE SUA AUSÊNCIA, UMA ETERNIDADE DE SAUDADE



SÍRIA MAÍSA

Hoje... Vivo...!
Para sentir tamanha dor!
Para lembrar de teu legado!
Para reconstituir tua trajetória!
Para testemunhar tua história!

Hoje... doravante... Morro!
Morro um pouco contigo...
Morro pela tua voz silenciada...
Morro pelas poesias não recitadas...
Morro pelas leituras não compartilhadas...

Hoje... Vivo!
Para guardar tua memória!
A lírica de tua voz,
As poesias recitadas,
As leituras compartilhadas!

Hoje... Morro! Morro!
Pela efemeridade da vida...
Pela fugacidade das vidas idas...
Pela abreviação da tua...
Pela lamentação daí advinda.

Hoje... Vivo!
Para acreditar e aplicar teu método;
Praticar na tua didática da alegria;
De olhar cintilante;
De sorriso contagiante.

Sim... Morro! Por não ter...
Assimilado mais de ti.
Tido tempo, feito tempo!
Oportunizado a mim mesmo...
Perdão! Perdão pela eternidade!

Hoje... Todavia, VIVO!
Para continuar trilhando o caminho...
Por nós compartilhado, publicado...
E que tanto substantivou os sonhos...
Por ti proclamados! Bradados!

Hoje... Porém, MORRO!
Pela fraqueza, vulnerabilidade...
Pelo despreparo ante ao acaso.
Pela incompreensão de tua ausência.
Tão cedo roubada de nosso convívio.

Hoje... Contudo, VIVO!
Para levar aos que virão, a tua mensagem...
Para assegurar que tu vivas...
Para que tu habites perenemente...
Eternamente...Em nossos corações!

( Jean Carlos Gonçalves)

COMO FAZÍAMOS SEM DENTISTA


Por Marcus Lopes

Antes de existirem os cirurgiões-dentistas, a humanidade passou por poucas e boas para tratar a dor de dente. Médicos, monges religiosos e até barbeiros exerciam o ofício, que, durante muito tempo, praticamente se resumia à mera extração – com muita dor, claro.

Em 2012, foi encontrado na Eslovênia, no Leste Europeu, um dos vestígios mais antigos da existência de um dentista. Um dente de aproximadamente 6,5 mil anos de idade foi achado com um preenchimento de cera de abelha na coroa. Os estudos mostraram que o material foi aplicado na época da morte do indivíduo, mas não se sabe se foi antes ou depois. Caso tenha sido antes, provavelmente era para diminuir a dor provocada por uma rachadura nas camadas de esmalte.

Documentos sumérios feitos em tabletes de argila dão conta que, em 2750 a.C., já havia procedimentos cirúrgicos em mandíbulas. Na mesma época foram encontrados, na região da Mesopotâmia, peças para limpeza dentária, como palitos de metal. Na Idade Média, os primeiros a exercer a odontologia foram os monges católicos, que também davam seus pitacos na medicina, realizando tratamentos e cirurgias, já que tinham maior acesso ao conhecimento do que a população em geral. Após a Igreja proibir essa prática, quem herdou a função foram os barbeiros, que teriam aprendido a prática com os religiosos.

Por mais difícil que seja acreditar, durante muito tempo quem tinha dor de dente podia resolver o problema no mercado público. Sim, a profissão de dentista também foi exercida de maneira bastante rudimentar por curiosos que iam às feiras e mercados oferecer serviços de extração e tratamento de dentes, como quem oferece um produto.

A odontologia começou a evoluir de fato por volta de 1700, quando surgiram novos instrumentos, como boticões mais eficientes, e profissionais especializados. Em 1728, o francês Pierre Fauchard escreveu um tratado chamado O Cirurgião-Dentista. Em 1746, Claude Mouton publicou o primeiro trabalho relacionado a prótese dentária e, em 1756, Philip Pfaff lançou a obra Odontologia Alemã. Dois anos antes, em 1754, havia sido criado um boticão especial para a extração dos terceiros molares. O temido motorzinho, que causa tanta aflição nos pacientes, surgiu no fim do século 19, mas só chegou ao que conhecemos hoje no século 20. 

TIRADENTES

O dentista prático mais famoso do Brasil foi, sem dúvida, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, isso antes de a odontologia ser uma profissão regulamentada. No registro do seu depoimento prestado em 1789, após ser preso no episódio da Inconfidência Mineira, está registrado que o réu “não tinha nesta cidade pessoas de particular amizade, porém conhecia muita gente em razão da prenda de pôr e tirar dentes”. Ou seja, o mineiro não apenas extraía dentes dos seus pacientes mas também repunha os que faltavam, numa espécie de tratamento de prótese. Registros da época apontam ainda que ele exercia muito bem sua profissão no interior de Minas Gerais e tinha, inclusive, conhecimentos básicos de medicina. Entre os bens confiscados do mártir da Inconfidência após a prisão pela Conjuração Mineira constavam um espelho pequeno e um conjunto de ferros de extrair dentes, que foram arrematados pelo dentista prático Francisco Xavier da Silveira. Ele deixou também navalhas de barbear e instrumentos de farmácia.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Afinal, para que serve o Estatuto da Família?

Fabiana Maranhão

Há uma semana, a aprovação do projeto de lei do Estatuto da Família em uma comissão especial na Câmara Federal causou alvoroço nas redes sociais. Entre manifestações favoráveis e críticas ao resultado da votação, algumas dúvidas ficaram no ar: afinal, o que é esse estatuto? Qual é a sua função? 

O projeto de lei 6583/13, de autoria do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), é um conjunto de 15 artigos que "institui o Estatuto da Família e dispõe sobre os direitos da família, e as diretrizes das políticas públicas voltadas para valorização e apoiamento à entidade familiar".

Em tramitação na Casa desde 2013, o projeto apresenta, logo no artigo 2º, a definição de família: "define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes."

A proposta está de acordo com o que diz a Constituição Federal de 1988, mas vai de encontro a uma decisão do Supremo Tribunal Federal brasileiro de 2011.

O art. 226 da Constituição reconhece "a união estável entre o homem e a mulher" e "a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes" como família. A regulamentação do artigo, sancionada em 1996, manteve os termos.

No entanto, em 2011, ministros do STF reconheceram por unanimidade a união entre pessoas do mesmo sexo como família, igualando direitos e deveres de casais heterossexuais e homossexuais.

E, em 2013, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) regulamentou a união homoafetiva por meio de resolução que obriga os cartórios a realizar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

O que mudaria?

Nelson Sussumu Shikicima, presidente da comissão de Direito de Família e Sucessões da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), esclarece que, caso o estatuto passe a valer, uniões que já foram oficializadas entre pessoas do mesmo sexo não poderão ser anuladas. Ele diz acreditar que o estatuto não deve provocar grandes mudanças, lembrando-se da decisão do STF.

Shikicima afirma não ver necessidade de se criar um Estatuto da Família. "Na verdade, deveria ter uma atualização do Direito de Família no Código Civil", sugere Shikicima. Na opinião dele, temas como a união homoafetiva e a filiação socioafetiva -- quando a criança é criada por família que não é biológica e nem adotiva -- deveriam ser incluídas no Código Civil.

O advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, afirma que haverá um retrocesso jurídico e social caso o estatuto seja convertido em lei.

"Se [as famílias que não se enquadram na definição de entidade familiar do estatuto] não são consideradas famílias, se estará excluindo direitos dessas pessoas --não individualmente, mas como casal--, como licença-maternidade, pensão, INSS. Isso é uma violência, um atentado contra os direitos humanos", declara.

Para ter direito à licença-maternidade atualmente, casais homoafetivos precisam travar uma árdua batalha na Justiça. Isso se deve à falta de uma legislação específica e de posicionamento dos tribunais superiores em relação ao tema.

Próximos passos

Para se tornar lei, o Estatuto da Família ainda precisa percorrer um longo caminho. A proposta foi aprovada por uma comissão especial da Câmara Federal, mas os deputados ainda precisam avaliar quatro destaques para só então a matéria ser encaminhada ao plenário da Casa. Ainda não há previsão para isso ser feito.

Se não for aprovada pela maioria no plenário, a matéria é arquivada. Caso contrário, segue para apreciação do Senado, que, se propuser mudanças, obriga a volta do estatuto para votação na Câmara.

Após ser aprovado no Senado e, se for o caso, novamente na Câmara, o projeto será analisado pela presidente Dilma Rousseff (PT), que pode sancionar e transformar em lei ou vetar a proposta parcial ou totalmente. Nos últimos dois casos, a proposta volta para o Congresso, para ser analisado em sessão conjunta entre Câmara dos Deputados e Senado Federal, que tomarão a decisão final. 

Depois que se tornar lei, o estatuto ainda terá de enfrentar uma batalha no STF, que, se for provocado, vai avaliar a inconstitucionalidade da matéria já que, em 2011, o tribunal reconheceu a igualdade de direitos e deveres entre casais do mesmo sexo ou de sexos diferentes.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Mosaicos romanos de 2 mil anos são encontrados



Os arqueólogos turcos escavaram os surpreendentes mosaicos em casas da cidade antiga de Zeugma


    Arqueólogos descobriram três novos mosaicos de vidro da época do Império Romano na cidade de Zeugma, no sul da atual Turquia. O anúncio foi feito no início do mês de novembro por Kutalmış Görkay, diretor do projeto de escavações e professor da Universidade de Ancara.

    A descoberta é a oportunidade para ver arte de gregos e romanos escondida há cerca de 2 mil anos. Os mosaicos, que decoravam o piso das casas de luxo, conta com a imagens de deuses, musas e cenas da literatura. O plano dos arqueólogos é restaurar e conservar o trabalho de agora em diante.

    O local da escavação quase foi destruído no ano 2000, quando o governo começou a construir uma represa nas proximidades. O resultado da busca é um apanhado de obras de arte extremamente bem preservadas. Veja fotos abaixo:

Personagens da mitologia grega decoravam pisos das casas luxuosas

"Eles eram produtos da imaginação do dono da casa", contou o chefe das escavações Kutalmış Görkay ao site Archaelogy.org. "Não era como escolher a partir de um catálogo"

“Eles pensavam em cenas específicas para causarem impressões específicas", conta o arqueólogo. "Por exemplo, se você estivesse no nível intelectual de discutir literatura, poderia selecionar uma cena com as Três Musas"

Os arqueólogos passaram a pesquisar a cidade depois que ela foi ameaçada de destruição por uma enchente

A foto mostra uma das peças antes do salvamento

Oceanus e Thetys, duas divindades greco-romanas

Imagem do deus do mar Posseidom em sua carruagem marinha

Os gregos conquistaram a cidade no século 3 a.C.

Os romanos a conquistaram no ano 64 a.C. e mantiveram até 253 d.C., quando ela foi tomada pelo Império Sassânida


O nome Zeugma significa "Ponte" ou "Cruzamento" em grego antigo

Imagem representa Thalia, a musa da poesia e comédia


Essa imagem mostra um mosaico que estava debaixo d'água após o salvamento e restauro

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

4 direitos do Estatuto do Idoso que todos devem conhecer



Por Gabriela Navalon

Conheça direitos previstos no Estatuto do Idoso, que muita gente nem sabe que existe, e exija que eles sejam cumpridos por todos

Desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar uma pessoa idosa é crime. A pena vai de seis meses a um ano de prisão e multa. Se você presenciar alguém cometendo esse tipo de crueldade, denuncie. E ensine seus filhos a jamais fazer algo parecido

Os direitos das pessoas com mais de 60 anos não se resumem a poder pegar a fila preferencial ou andar de ônibus de graça. Mas, apesar de o Estatuto do Idoso já ter completado dez anos, a maioria dos brasileiros costuma conhecer apenas esses direitos mais manjados. Segundo Adriana Zorub Fonte Feal, presidente da comissão dos direitos dos advogados idosos da OAB/ SP, o país está envelhecendo, mas ainda não parece pronto para isso. "Ao não reconhecer o próprio envelhecimento, o idoso abre mão de seus direitos", explica a advogada. Por isso é importante conhecer bem a lei e fazer questão de que ela seja cumprida.

Veja, a seguir, alguns pontos do estatuto bem importantes.

1. Bem-estar

O que são maus-tratos? Maus-tratos contra idosos não são apenas agressões físicas de fato, como aqueles espancamentos horríveis que vivem aparecendo no noticiário. Deixar um velho sozinho a maior parte do tempo, não trocar a fralda geriátrica na frequência necessária ou não oferecer alimentação adequada também são exemplos de ações consideradas maus-tratos pelo Estatuto do Idoso.

A quem recorrer? Qualquer tipo de denúncia pode ser registrada numa delegacia do idoso, presente em vários municípios, ou mesmo numa delegacia comum. Para pedidos de pensão alimentícia, vá à Defensoria Pública. Em situações de risco, como abandono ou maus-tratos, também é possível procurar o promotor de Justiça no Ministério Público.

2. Finanças

Pessoas com 65 anos ou mais que nunca contribuíram para a previdência e fazem parte de uma família com renda per capita inferior a R$ 181 (um quarto do salário-mínimo) têm direito ao BPC (Benefício de Prestação Continuada), cujo valor é um salário mínimo por mês. Para calcular a renda per capita da família, some os rendimentos de todos e divida o resultado pelo número de pessoas que vivem na casa. Para solicitar o BPC, basta ir a uma agência do INSS com comprovante de residência, certidão de nascimento, CPF, documento de identidade e carteira de trabalho do idoso e dos outros membros da família. 

Caso não tenha como se manter por conta própria, o idoso também pode pedir pensão alimentícia para seus descendentes (filhos, netos, sobrinhos etc) ou ascendentes (pais ou avos). O valor e calculado de acordo com a possibilidade financeira do parente. Mesmo quem recebe aposentadoria pode solicitar a pensão alimentícia caso o beneficio não seja suficiente para as necessidades da pessoa. Quem desvia o dinheiro ou usa os cartões dos mais velhos indevidamente pode ser punido por isso. Essa violência financeira representa 70% das denuncias registradas pelos idosos, revela Adriana. Idosos que recebem aposentadoria ou pensão e tem alguma doença grave são isentos do imposto de renda.

3. Saúde

Embora o governo não tenha programas específicos de distribuição de medicamentos para essa faixa etária, os maiores de 60 podem recorrer às lojas que fazem parte do programa Farmácia Popular, do Ministério da Saúde, para comprar alguns remédios com desconto e para retirar, de graça, fraldas geriátricas e medicamentos para diabetes, hipertensão e asma, disponíveis para toda a população. Idosos doentes não podem ser obrigados a ir a um órgão publico para atender chamados do governo. O órgão deve mandar um representante até a casa da pessoa para resolver a questão. Se estiver lúcido, o idoso tem direito de tomar as decisões relativas a tratamentos aos quais tenha que se submeter.

4. Lazer

A turma da terceira idade paga meia-entrada em cinemas, teatros, shows e eventos esportivos. Idosos com renda inferior a dois salários-mínimos podem viajar de graça em ônibus interestaduais. Se a renda for maior que isso, pagam apenas metade do valor da passagem.




quinta-feira, 1 de outubro de 2015

DIREITOS HUMANOS

Por Dalmo de Abreu Dallari


Toda pessoa humana tem direitos. Isso acontece em qualquer parte do mundo. Em grande número de países há pessoas que têm mais direitos do que as outras. Existem diferenças também quanto ao respeito pelos direitos, pois enquanto em certos países os direitos fundamentais da pessoa humana são muito respeitados em outros quase não há respeito.

Por que existem esses direitos? Porque todas as pessoas têm algumas necessidades fundamentais que precisam ser atendidas para que elas possam sobreviver e para que mantenham sua dignidade. Cada pessoa deve ter a possibilidade de exigir que a sociedade e todas as demais pessoas respeitem sua dignidade e garantam os meios de atendimento daquelas necessidades básicas.

Além disso, as pessoas são todas iguais por natureza e todas valem a mesma coisa, mas cada uma tem suas preferências, suas particularidades e seu modo próprio de apreciar os acontecimentos. Por causa dessas diferenças as pessoas nem sempre estão de acordo e é preciso que existam regras regulando os comportamentos, estabelecendo o que cada um deve ou não fazer, o que é permitido e o que é proibido.

O fato de haver divergências e conflitos não é mau. Ao contrário disso, onde as pessoas são livres é natural que não concordem em tudo e é bom que possam manifestar suas discordâncias. É desse modo que cada um se sente completo como pessoa e dá sua contribuição para o aperfeiçoamento da vida em sociedade. Não se pode, entretanto, dispensar a existência de regras de convivência, não para sufocar as pessoas e impedir que se manifestem as divergências, mas para regular as manifestações e dar a elas um sentido positivo.

Mas como todos os seres humanos valem a mesma coisa não é justo que só alguns estabeleçam as regras e os outros só fiquem com a obrigação de obedecer. Essas regras é que constituem o direito. E para que o direito seja legítimo e justo é preciso que todas as pessoas possam dar sua opinião no momento em que as regras são escolhidas. É preciso também que todas as pessoas, mesmo aquelas que estão no governo, ou que são poderosas, sejam obrigadas a obedecer e a respeitar o direito.