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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

FAMÍLIA TAVARES - SERGIPE D'EL REY - Tradução de Creomildo Cavalhedo Leite.

Arquivo Histórico Ultramarino.FAMÍLIA TAVARES, SERGIPE D'EL REY.
AHU_DOC 73_ Sergipe 10_junho_1700_
Há poucos dias  fui surpreendido por mais um presente do amigo Creomildo Cavalhedo Leite.
Abnegado pesquisador da História dos Sertões Maranhenses,  muito já colaborou para manutenção deste espaço virtual, bem como por incontáveis vezes, compartilhou com toda generosidade, raras e deleitosas fontes documentais sobre essa parte do Maranhão.
Creomildo é natural do grande povoado de Santa Vitória, situado à margem direita do rio Mearim, no município de Barra do Corda. Há 30 anos residente em Palmas-TO, é sevidor público na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Tocantins-ADAPEC, tem como seu principal "passatempo", a pesquisa sobre a genealogia da Família Carvalhedo e de nosssos sertões. Uma saga que tem rendido bons frutos, conforme referimos acima.
No último sábado, 10/09/2022, recebi do dileto amigo um breve texto, fruto de sua persistência em traduzir "velhos papiros", desta vez, o manuscrito -  AHU_DOC 73_ Sergipe 10_junho_1700_ -  do Arquivo Histórico Ultramarino, do qual o nosso mais novo paleográfo prático, numa tradução parcial, afirma se tratar do:  "pioneirismo da Família Tavares, proveniente da Ilha de São Miguel (Arquipélago dos Açores), para a grande aventura no Brasil uma Colônia de Portugal. Deixando tudo e todos para trás em busca do sucesso e da vitória além mar...". 

Na minha condição de humilde professor de História e um legítimo Tavares, desta parte da Mata do Japão, que por vezes, estuda muito mais das outras famílias do que da própria, o compartilhamento do texto abaixo, se constitue num verdadeiro maná que revigora as energias para continuar na(s) trilha(as) de nossa história. 

Assim sendo, apreciem!
"Senhor
Pondo se Editais por tempo de hum mês para as pessoas que quiserem pretender a sumidade do Ofício de Tabelião do Público Judicial e Notas da Vila de Santa Luzia, huma das que se criaram de novo na Capitania de Sergipe D'el Rey, a presentarem seus papeis correntes em poder do Secretário deste Conselho dentro do qual os Ofereces.

Antonio de Carvalho Tavares, filho de Thomé Cabral de Souza, natural da Ilha de São Miguel, consta se nos papeis que apresentou ter servido Sua Majestade na Bahia, dezessete anos, sete meses e vinte e dois dias e

[ ? ] em Praça de Soldado e Ajudante da Ordenança, desde 25 de Outubro de 1658 a 26 de Junho de 1696;

E no decurso deste tempo fazer sua obrigação em tudo o de que foi encarregado do Serviço de Sua Majestade, sendo muito obediente aos seus oficiais maiores, e seguindo as ordens que lhe foram dadas acompanhando seu Capitão Gonçalo Teixeira Vieyra nas duas ocasiões que foi a sestir nas duas Naus da India Bom Jesus de São Domingos, e Nossa Senhora da Conceição até botarem se ela na barra [ ? ] com o mesmo procedimento no
[ ? ] do Alto Posto de Ajudante na cobrança das fintas, e donativos em que se houver com muita verdade.

Apresentou se lhas Certidão na Bahia e Certidão do Registro das mesmas porque mostrar si ão se lhe houver feito algo.

Pareceo so Conselho votar para apropriedade do Segundo Ofício de Tabelião do Público Judicial e Notas da Vila de Santa Luzia huma das que se criaram de novo na Capitania de Sergipe D'el Rey em Antonio Carvalho Tavares, e não vota em mais sujeitos por não haver quem se opusessem.

Lisboa, 16 de Junho de 1700
(...)
Sua Majestade manda passar carta a Antonio de Carvalho Tavares da sumidade do Ofício Segundo de Tabelião do Público, Judicial e Notas da Vila de Santa Luzia huma das que se criaram de novo na Capitania de Sergipe D'el Rey.

Lisboa, 29 de Novembro de 1700
(...)"
(FAMÍLIA TAVARES, SERGIPE D'EL REY.
AHU_DOC 73_ Sergipe 10_junho_1700_)

Traduzido por:
Creomildo Cavalhedo Leite
Creomildo Cavalhedo Leite, estudioso do Sertão.

Não se trata do "elo perdido", mas de mais uma oportuna provocação, um importante apontamento sobre a trajetória de mais um dos inúmeros ramos dos Tavares, que partiram do outro lado do Atlântico para ganhar o "Novo Mundo" e, que, em tempo registro aqui, para o vosso conhecimento e para o devido reconhecimento dos esforços de nosso ilustre amigo e apaixonado pela História - Creomildo Cavalhedo Leite.

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Tuntum 67 anos, lembrando a biografia de “Dona Maria Secretária”

Por Emerson Araújo*

Pequena Biografia de Maria Feitósa de Araújo Tôrres 

(Maria Secretária)


Maria Secretária ainda na mocidade em Floriano – Piauí

Maria Feitósa de Araújo Tôrres (Maria Secretária) nasceu na cidade de Floriano – Piauí em 26 de janeiro de 1926 e faleceu na cidade de Tuntum – Maranhão em 27 de Julho de 1998 com 72 anos de idade.

Maria Feitósa de Araújo Tôrres (Maria Secretária) era filha de Florêncio Feitósa de Araújo e Perpétua Feitósa de Oliveira e irmã de João Afonso Feitósa de Oliveira (comerciante e vivo), Rosa Feitósa de Araújo Silva(viva) e Enói de Araújo Bandeira (já falecida), esta última, mãe de Maria Inês Bandeira da Costa, vice-prefeita de Tuntum no primeiro governo do Dr. Cleomar Tema.

Maria Secretária foi casada com o agropecuarista e comerciante piauiense Félix Ventura Tôrres de 1951 a 1974 com quem adotou dois filhos Maria Margareth Santos e Fábio de Jesus Araújo Tôrres, ambos vivos.

Inicialmente, Maria Feitósa de Araújo Tôrres, residiu no Povoado Carneiro pertencente a Presidente Dutra, propriedade do seu falecido marido, vinda de Floriano – Piauí em 1951 e logo após passou a residir no antigo distrito de Santa Filomena, onde exerceu as ocupações de comerciante e mais tarde professora.

No ano de 1955 com a emancipação do município de Tuntum e a passagem do Povoado de Santa Filomena a distrito da nova cidade, Maria Secretária continuou prestando os seus serviços como comerciante e professora aquela comunidade.

No ano de 1959, a convite do Sr. Luiz Gonzaga da Cunha, Maria Secretária transfere seu domicílio juntamente com o marido Félix Ventura Tôrres para a sede do município de Tuntum onde passa a exercer várias ocupações nas áreas do comércio, criação de bovinos, magistério e administração pública da nova cidade.

Com a eleição de Luiz Gonzaga da Cunha a Prefeito de Tuntum, Maria Feitósa de Araújo Tôrres é convidada pelo novo gestor municipal e assume o cargo de Secretária da Prefeitura Municipal de Tuntum, por esta indicação honrosa e pelos serviços prestados, ao longo da sua permanência a frente deste cargo, ela ganha a alcunha de Maria Secretária.

Maria Feitósa de Araújo Tôrres foi secretária, tesoureira e auxiliar direta dos governos municipais de Luiz Gonzaga da Cunha (31/01/1964 a 31/01/1969), Luís Coelho Batista (31/01/1977 a 15/03/1983), auxiliar administrativa do primeiro Governo Tema (01/01/1993 a 01/01/1997) sempre exercendo os cargos a ela destinada com inteligência, denodo, competência e ética no serviço público municipal. Por conta disso, também, Maria Secretária se tornou uma conhecedora profunda da contabilidade e administração públicas de então.

Maria Feitósa de Araújo Tôrres, além dos cargos assumidos na administração pública municipal de Tuntum, secretária e tesoureira, secretária da câmara de vereadores por várias legislaturas, foi também Secretária oficial da Paróquia de São Raimundo Nonato à época de Frei Dionísio Guerra e outros párocos sempre demonstrando competência e exerceu, ainda, por vários anos os cargos de Professora e Secretária do Colégio Comercial de Tuntum, ajudando a formar gerações de alunos da cidade.

Maria Feitósa de Araújo Tôrres (Maria Secretária) por conta da sua atuação profissional em Tuntum se tornou um ícone para a cidade, como ela mesma dizia: “Tuntum não é a minha segunda casa, é o meu amor maior, a minha vida toda.” Foi por conta disso que o seu povo de Tuntum o presenteou com algumas dezenas de afilhados ilustres ou não.

O corpo de Maria Secretária encontra enterrado no cemitério principal da cidade, localizado na atual Vila Luizão.
Profº Emerson Araújo

FONTE: BLOG BATE TUNTUM - https://batetuntum.com.br/tuntum-67-anos-lembrando-a-biografia-de-dona-maria-secretaria/ <acesso em 12/09/2022>

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*Professor, poeta, escritor e jornalista.

domingo, 11 de setembro de 2022

OS 67 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE TUNTUM - O MALOGRO DO ESQUECIMENTO E A ESPERANÇA DA REDENÇÃO

 Por Jean Carlos Gonçalves*.

Fonte: Wikipédia

A cada ano, sempre que se aproxima o dia 12 de setembro, a data escolhida pelos primeiros governantes locais para se comemorar a emancipação política de Tuntum-MA, se revigoram alguns questionamentos sobre o processo histórico que culminou na Lei nº 1362/1955, que estabeleceu emancipação.

É motivo de inquietação o fato de acontecimentos impactantes e de importantes personagens, que protanizaram a façanha da emancipação, permanecerem praticamente ignorados e/ou esquecidos, salvo em raras situações esporádicas, isoladas.

Nomes de saudosos homens públicos como Eurico Bartolomeu Ribeiro, promotor de justiça, secretário de Estado, deputado estadual, deputado federal, o governador do Maranhão mais jovem da história (aos 28 anos governou interinamente o Estado - 26/03/1956-09/07/1967); Ariston Leda, empresário, vereador e primeiro prefeito eleito de Presidente Dutra e também o primeiro chefe do poder executivo eleito de Tuntum; Eugênio de Barros, exitoso empresário, prefeito de Caxias-MA, por dois mandatos senador da República e governador do Maranhão que sancionou a lei supracitada. Tais personagens da política maranhense não devem ser relegados ao esquecimento ou desconhecimento para esta e às futuras gerações. Assim como não se deve ignorar o protagonismo dos vários segmentos sociais, muitos deles até agora anônimos, que faziam de Tuntum um importante núcleo de povoamento na primeira metade da década de 1950. 

Hoje o nomes de Ariston Leda e Eugênio de Barros dão nomes a ruas que embora importantes, não medem 500m. A praça Eurico Ribeiro foi totalmente descaracterizada: construíram uma biblioteca e a sede do Serviço de  Atendimento Médico de Uugência - SAMU. Este se localiza inadequadamente, uma vez que o ideal é que fosse na saída da cidade no sentido ao povoado Araras, o mais próximo possivel da BR-226. Muito pouco para quem protagonizou a emancipação, numa época que não havia plebiscito, a população não era consultada, tudo ficava a cargo da iniciativa dos agentes políticos, independemente se seriam beneficiados particularmente, não é esse o ponto discutível. Não se pretende aqui exaltar feitos heróicos de ocupantes de cargos de poder, mas tão somente de conferir a devida relevância de suas atuações para a independência política de Tuntum e os mesmos são ignorados, ou quase totalmente desconhecidos pelas gerações recentes.

Obviamente, as famílias pioneiras, seus destacáveis representantes, os retirantes que chegaram nos famosos paus-de-araras, fugindo do flagelo das secas nos demais estados nordestinos, ou mesmo os que chegaram a pé, tocando uma mula, um jumentinho, trazendo uma pequena bagagem e os seus pequeninos filhos no meio da carga, também devem ter lugar reservado na memória desta geração presente, pois foram aqueles homens e mulheres que representaram uma verdadeira explosão demográfica e, por conseguinte, elevaram a importância do povoado. Foram eles, jornaleiros dinâmicos, trabalhadores, guerreiros destemidos, obstinados, que cotidiana e coletivamente atrairam interesses de outros para essa parte da Zona Fértil da Mata do Japão, o Eldorado, e, assim, favoreceram as condições necessárias para as ações daqueles agentes públicos, que por sua vez, assumiram a vanguarda do processo histórico que tranformaria um dos mais promissores povoados do município de Presidente Dutra, em novo ente da federação.

Conhecer a nossa história, resgatar personagens, fatos e processos históricos, além de ser uma questão de justiça para com a memória daqueles que desbravaram, edificaram e construíram o tecido social tuntuense, é também um direito inalienavél dos munícipes do presente, especialmente, das crianças e jovens, dequele(a) que passam pela Av. Drº Joaci Pinheiro, por exemplo, para chegar até o colégio, ou ainda daqule(a) que estuda na Escola Municipal José Teixeira, EM Maria Secretária, Centro de Ensino José Pinheiro, Centro de Ensino Isaac Martins, ou ainda daqueles que procuram atendimento médico numa Unidade Básica de Saúde como a Raimunda Basílio ou Rita Pinheiro Coelho e ignoram, quase completamente ou sequer detem informações elementares desses importantes sujeitos históricos, que nomeiam fachadas dos prédios e logradouros públicos da cidade e do município.

Se conhecer o passado é uma questão de justiça, de direito fundamental e social, uma via para extirpar a ignorância, então, somente se apropriando do conhecimento histórico local é que o indivíduo desenvolverá um sentimento de afetividade, de pertencimento para com o lugar de origem e, a partir daí, assumir uma postura cada vez mais ativa, consciente, dígna, enfim, de pleno exercício de cidadania. Nesse sentido, logo se faz necessário e urgente uma política pública de fomento a consciência histórica voltada à sociedade geral, mas primordialmente,  para a classe estudantil do município de Tuntum. 

Aqui se assiste por sucessivas décadas uma verdadeira inação, apatia ou mesmo má vontade dos governos locais, no tocante, a uma política de fomento da consciência histórica. Praticamente nada fora feito ao longo de quase sete décadas de autonomia política. Seja pela própria ignorância dos gestores, e daí a falta de sensibilidade, seja pelo pragmatismo político, de entender que tal conhecimento não é tão relevante, não é priordade, não gera capital eleitoral, que investimentos nessa área não garante a perpetuação no cargos de poder. E quando constroem alguma narrativa no passado, o fazem sem critério, com metodologia duvidosa, propalam um discurso carregado de intenciaonalidades, no qual omitem, distorcem fatos, exaltam determinadas figuaram políticas e sociais, em detrimento de outras, destroem o que os adversários construíram, representam um município a sua imagem e semelhança, romantizando, evocando um passado ufanista seletivo, que silencia e exclue determinados grupos e personagens que protagonizaram e/ou antagonizaram fatos e processos históricos importantes.

Contudo, vale ressaltar que algumas iniciativas de pesquisa, de resgate da memória histórica de Tuntum de modo mais sistematizadas foram implementadas nos últimos anos, fruto da iniciativa de alguns acadêmicos e de algumas escolas do município, mas ainda de modo isolado, ou seja, as iniciativas tomadas não são fruto de uma política pública estruturada e definida. Entretanto, precisa-se louvar e reconhecer as ações dos profissionais da educação do município, que de algum modo instigaram mais recenemente, em seus estudantes a curiosidade pela história do município. 

Mais recentemente destacamos a importantíssima ação da Secretaria Municipal de Educação que tem como titular a Profª de História Antonia Morais Gomes. Pois fora no último feriado de 7 de Setembro, a culminância do projeto para as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, ocasião em que se celebrou a história do município - AMADO "TUNTUM  PEDAÇO BRASILEIRO: História vivida, geram memórias!",  como temática para a grande festa cívica: o tradicional desfile das escolas da rede municipal de ensino, que apresentaram nas ruas da cidade uma verdadeira aula de história de Tuntum. Foi marcante, especialmente por garantir uma das tradições que fora interrompida em 2020 e 2022, devido a pandemia do covid-19. Foi maravilhoso assistir a execução do Hino Nacional Brasileiro, o Hino Municipal pelos acordes da sanfona e destreza do grande Wilson Boré. Assistir a apresentação de cada escola, de cada pelotão, contando parte da nossa história foi sensacional e nos encheu de esperança.

Pois sabemos que para tal ação, a equipe técnica da Secretaria de Educação e as equipes escolares, indubitavelmente, se debruçaram sobre os aspectos geo-históricos do município. Pesquisas foram realizadas, leituras foram compartilhadas, textos foram produzidos e reproduzidos, socializados. É desse movimento em rede, contínuo, initerrúpto que precisa ser implementado nas escolas, nas demais instuições socias, como uma política pública e não como evento circustâncial.

Nesse sentido, a atual gestão municipal tem acenado positivamente, demonstrado preocuação, acerca da urgente necessidade de construção de uma identidade coletiva, alicerçarda na pesquisa e produção do conhecimento histórico, a partir da realidade concreta da sociedade tuntuense. 

Assim sendo, eis que surge mais latente o otimismo, a esperança de que a conciência histórica seja alimentada diariamente e, nesse sentido, compete ao poder público municipal assumir a vangarda desse movimento. 

A Gestão Municipal de Tuntum e suas autarquias da Educação e Cultura não devem se furtar dessa oportunidade histórica, de fazer um trabalho sistêmico, científico, de resgate da memória, de arquivamento, de valorização e conservação da produção histórica, artistica e cultural. É chagada a hora de inovar, de fazer diferente, tempo de escrever a nossa própria história com lucidez, como conhecimento científico, despido de parcialidades.

Há muito por fazer: precisamos de um núcleo de pesquisa com o incondicional apoio da gestão municipal; sistematizar uma proposta para o consumo do conhecimento a ser produzido pelo público estudantil; assegurar formação continuada aos professores da rede pública municipal; planejar e executar projetos de pesquisa nas unidades de ensino, em cada sala de aula, a partir da realidade do entorno da escola e da trajetória de vida dos estudantes. Essa construção é e sempre será coletiva.

O que hoje somos é produto da ação de homens e mulheres que nos antecederam no tempo, portanto, não se deve ignorá-los ou reduzir a sua importância, pois todos ajudaram a construir a nossa história. Desse modo, precisamos de formatar essa identidade comum, aguçar o sentimento de pertencimento para com Tuntum, para continuarmos conduzindo o destino deste município. O passado deve atribuir sentido a vida presente, nortear as decisões, as escolhas, para que não incorramos nos equívocos até então cometidos. Não podemos abdicar dessa missão histórica.

Neste dia 12 de setembro, sim, devemos reconhecer a iniciativa dos homens que lideraram o processo de emancipação de Tuntum, mas não podemos omitir, menosprezar, ignorar os primeiros desbravadores, as famílias pioneiras na ocupação da cidade e dos mais longícuos rincões do município. Não podemos esquecer dos trabalhadores, empreendedores, dos tipos humanos - vaqueiros,  quebradeiras de coco, lavradores, tropeiros, mestres de ofício, missionários evangelizadores, parteiras, rezadeiras, profissionais liberais, vendedores ambulantes, enfim, todos aqueles que  até agora são anônimos, que foram silenciados intencionalmente ou não. Já se esgota a hora de tirá-los do cárcere do tempo passado inexplorado. Vamos juntos libertá-los das masmorras do vil esquecimento?

Hoje, é mais um dia para rememorar os artífices de nossa história e de também valorizar os que ora constroem cotidianamente o nosso município e que mantem a nossa identidade cultural, pois somos herdeiros de um passado comum apesar da diversidade filosófica, política, religiosa, etc, que constitue a nossa sociedade.

Lembrem-se da máxima! "Um povo que não conhece a sua história está fadado ao fracasso.". Ou como diria o poeta cubano Palho Milanés:

"E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama"

Ainda há tempo.Vamos iluminar o cenário? 

Parabéns ao povo de Tuntum pelos os seus 67 anos de emancipação política!  

Profº Jean Carlos Gonçalves, administrador do Blog Ecos de Tuntum.

___________________

*É Professor de História da rede pública municipal de Santa Filomena do Maranhão e da rede pública estadual do Maranhão.