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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

A FERA DE MACABU

A Fera de Macabu: a história do erro judiciário que levou um inocente para a forca e marcou o fim da pena de morte no Brasil.

Manuel da Mota Coqueiro era um rico fazendeiro da região de Macaé, Rio de Janeiro. Possuidor de muitos inimigos ricos e influentes, esse homem foi vítima de um dos maiores erros judiciais da história do país. Sua morte, por enforcamento, mostrou a face cruel da influência política nos julgamentos da época e a forte dúvida em relação à sua inocência impulsionou o debate sobre a crueldade e insanidade da pena capital aplicada pelo Estado.

Devido ao fim do tráfico negreiro com a lei Eusébio de Queirós, Mota Coqueiro e diversos outros fazendeiros da época iniciaram a prática do regime de parceria com colonos livres. Nas suas terras da fazenda Bananal, foi residir e trabalhar o meeiro Francisco Benedito da Silva, acompanhado de sua numerosa família.

Embora com idade avançada e já tendo filhos e enteados, Mota Coqueiro teve um caso amoroso com Francisca, uma das filhas de Francisco Benedito. A jovem acabou engravidando e seu pai, ao saber do caso, passou a pressionar o fazendeiro, pedindo vantagens econômicas como compensação pela gravidez da filha.

A partir de então, ocorreram vários conflitos entre Mota Coqueiro e Francisco Benedito, o qual foi ameaçado de expulsão das terras que ocupava. O colono foi apoiado por alguns pequenos proprietários dos arredores. Em certa ocasião, Francisco Benedito e um amigo, pequeno proprietário da região, emboscaram e agrediram Mota Coqueiro quando ele vistoriava a fazenda Bananal.

Mota Coqueiro tinha vários inimigos pessoais com influência na política local. Dentre eles, seu primo, Julião Batista Coqueiro, que o odiava por nutrir por ele um sentimento de vingança. Vinte e cinco anos antes, quando Julião Batista foi estudar longe de Macaé, Coqueiro aproveitou-se da ausência do primo para cortejar e casar com sua antiga noiva. Sua primeira esposa, porém, morreu algum tempo depois e o fazendeiro casou-se com Úrsula das Virgens, a qual era viúva e tinha um filho.

Também era mal visto na região por alguns padres e fazendeiros católicos, pois tinha tomado posse de várias extensões de terras, entre as quais, antigas propriedades dos Jesuítas que ficaram desocupadas quando estes foram expulsos do Brasil.

Em uma noite chuvosa de 1852, Francisco Benedito e toda sua família foram mortos a golpe de facões por um grupo de cerca de oito negros, escapando somente Francisca, a filha grávida. A casa foi incendiada, mas a chuva não permitiu que os corpos fossem queimados totalmente. Além de Francisco Benedito, foram assassinados a sua esposa, três filhos adolescentes e três crianças, uma delas com três anos de idade.

Mota Coqueiro tinha chegado na fazenda Bananal na tarde deste dia. Durante o horário provável em que ocorrera o crime, estava na casa grande em reunião de negócios com vários empresários locais que desejavam comprar madeira das suas terras. A distância entre o local em que estava Mota Coqueiro e o local onde ocorreu o crime era de menos de 2 quilômetros e ninguém presente na reunião percebeu qualquer movimento anormal na fazenda.

Francisca, a filha sobrevivente, fugiu durante dois dias pelas matas, até que pediu auxílio em uma fazenda de Julião Batista, na qual morava um amigo próximo do primo e desafeto de Coqueiro. Este imediatamente levou o caso às autoridades competentes. O delegado e o subdelegado de Macaé acusaram Mota Coqueiro de ter sido o mandante da chacina.

Alguns dias após o crime, fugindo a cavalo, Coqueiro é reconhecido e preso, após pedir água em uma fazenda.

Levado para a prisão da cidade de Macaé, e sondado pela imprensa local, ganhou o apelido de "Fera de Macabu".

Após a prisão, uma série de erros e manipulações judiciais passam a ocorrer. Depois da aceitação da denúncia, os promotores do caso infringiram muitas normas jurídicas para conseguir a condenação do réu. Arrolaram como principal testemunha uma ex-escrava da fazenda de Coqueiro (na época, escravos não podiam testemunhar). A negra Balbina acusou um dos feitores da fazenda, com quem ela teve um caso amoroso, de ter sido o executor do crime a mando da Fera de Macabu, outros inimigos políticos de Coqueiro foram convocados para depor. Inimigos do réu pagavam a imprensa para criar notícias que manchassem ainda mais a sua imagem.

O fato é que em nenhum dos julgamentos conseguiu provar cabalmente a participação de Mota Coqueiro no crime. A maioria dos testemunhos não afirmava que o fazendeiro era o autor do crime, apenas informava que ele teria motivos para executar as vítimas. No fim dos julgamentos em primeira instância, Coqueiro foi condenado à forca. Seus advogados recorreram aos tribunais superiores, mas não conseguiram reverter a sentença. O caso chegou até o conhecimento de Dom Pedro II, que por pressões políticas e por não acreditar na inocência de Coqueiro, confirmou de vez o tenebroso destino do réu.

Após a negação do Imperador, Coqueiro é enviado para uma prisão no Rio de Janeiro, onde passa por um tratamento para se fortalecer fisicamente. O procedimento fazia parte da preparação do condenado para a forca. No dia da execução, o réu deveria estar forte o suficiente para caminhar até o patíbulo, ouvir a sentença final e dar as últimas palavras.

Até o final, Mota Coqueiro negou a autoria do crime. Embora se possa duvidar de sua inocência, é fato histórico notório que ele não recebeu um julgamento justo, nem foram feitas investigações detalhadas e imparciais sobre os eventos.

No dia 6 de março de 1855, três anos após o crime, a Fera de Macabu é enforcada. Antes de morrer, suas últimas palavras serviram para amaldiçoar a cidade: "Que esse lugar tenha 100 anos de atraso para pagar tudo que fizeram pra mim." A frase ficou conhecida como a maldição do Mata Coqueiro.

Há um debate muito grande em relação ao fim da pena de morte no Brasil, e se o fato realmente fez cessar esse tipo de castigo em território nacional. A verdade é que Dom Pedro II se arrependeu imensamente de não ter dado a graça ao prisioneiro e passou a ser mais flexível em conceder penas alternativas à aplicação da pena capital, além do mais, o Imperador era fã do escritor Victor Hugo, um dos maiores militantes contra a pena de morte na França.

Após a repercussão da morte de Mota Coqueiro e seus supostos cúmplices, apenas alguns outros civis foram executados, sendo que todos eles eram escravos ou negros alforriados, os quais não tinham posses nem dinheiro para garantir que sua defesa chegasse até o Imperador.

Texto - Joel Paviotti

Referências - nos comentários

ALERTA - Caso queira copiar o conteúdo, favor colocar os créditos. Esse tipo de pesquisa dá bastante trabalho.

Via Iconografia da História

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

MINHA PRIMEIRA PROFESSORA, MEU PRIMEIRO AMOR!



MINHA PRIMEIRA PROFESSORA, MEU PRIMEIRO AMOR!

Uma manhã ensolarada, 
Um portão aberto para o caminho
Uma sala que o alarga
Um rígido banco que assiste
Uma afetuosa acolhida

Na força do verbo com doçura
No texto delicadamente gravado
Na ternura dos orquestrados gestos
No afago das mãos inspiradas
Na singeleza da grandeza de alma

Negra tia Ceição
A Conceição, a Concebida
Da cátedra da anunciação
De história imaculada
Gentil heroína da Educação

Fez a minha vida infanta
Com o carinho e lápis
Inscreveu na folha branca
Com a nitidez do contraste das cores
As virtudes na primeira infância

Deu vida ao quadro escuro
Desenhou fantásticas paisagens
Fez da lousa um encantado portal
Para um mundo mágico
Mas inteiramente real.

(Jean Carlos Gonçalves)

Todos os direitos reservados ao autor. Lei de Direitos Autorais – Lei nº 9.610/98.

Citação deve ser: GONÇALVES, Jean Carlos. Minha professora, meu primeiro amor!.

_______________
Natural de Graça Aranha-MA (1979) , é professor de História efetivo na rede de estadual do Maranhão (desde 2010), lotado no município de Tuntum, onde reside desde 1987. Desde 2001, também é professor efetivo do município de Santa Filomena do Maranhão (desde 2001).

domingo, 13 de outubro de 2019

PRIMEIROS ANOS DE GRAÇA ARANHA

Ana Maria Guimarães Damasceno*
Eu conheci Graça Aranha
Quando era Palestina
Antes Centro dos Periquitos
Como cidade é menina.

Para trabalhar aqui
Cheguei em sessenta e quatro
Em uma escola rural
Pelo estado ignorado.

Precisando de documentos
Para alunos da Escola
Na Secretaria nada havia
Não tinha sua história.

Corri atrás para mostrar
Que a escola havia
Preparando atas e lavrei
Provando o que existia.

Como professora Dona Eunice
Muitas pessoas ensinou
Neli e Dona Teresinha
O povoado ajudou.

Senhor Isídio também
Por esse lugar lutou
Mostrando o seu trabalho
Também como professor.

Morava nessa cidade
Senhora muito idosa
Era a Dona Galdina
E contava a história.



Dizia haver chegado
Quando Ana Borges chegou
Casada com João Borges
E Palestina os adotou.

Dona Ana costurava
Ternos pra comunidade
Era costureira fina
Deste rico povoado.

Dona Galdina dizia
Que quando chegou aqui
Diziam que Senhor Zé Grosso
Foi o primeiro a residir.


E como aqui existia
Muitos mangais no lugar
Periquitos se animavam
E aqui vinham morar.

Por isso por muitos anos
Centro dos Periquitos se chamou
Por Zé Grosso e Zé Uruçu
Os primeiros moradores.

Quando Galdina chegou
João e Zuza vieram também
Souberam dessa história
E contavam muito bem.

Muitas pessoas atraídas
Pela riqueza do lugar
Como Martim e Beleza
Vieram aqui morar.

Comerciantes chegaram
Santos Borges e Chiquim
Senhor Hilton, o Beleza
E a história é assim.

João Marinho, sapateiro
Senhor Mundoca e Bibiu
Cresciam em seu comércio
E o povoado fluiu.

Chega também no povoado
Um enfermeiro afamado
Hermínio Aquino Alencar
Primeiro vice-prefeito arrojado.

Ele operava gente
Emendava osso quebrado
Querido da população
Nele o povoado confiava.

Muitas foram as pessoas
A ajudar de qualquer forma
Umas transportando produtos
Trazendo outros de volta

Um deles o Senhor Roque
Com seu velho caminhão
Transportava os produtos
Que tinham na região.


Senhor Beleza também
Seus produtos exportava
Vendendo os seus produtos
Que aqui era encontrado.

Senhor Joaquim o seu Quincas
No civil ele casava
Também Alberto Carneiro
No interior ajudava

Depois veio Dona Cardoso
Uma escrivã concursada
E os dois velhos guerreiros
Suas funções encerravam.

Como açougueiro Seu Braulino
Foi aqui um pioneiro
No mercadinho do povo
Ele foi um dos primeiros.

Nas costuras Leudinilia
Cuidava bem das mulheres
Com a Maria de Lurdes
Com suas roupas muito belas.

As redes eram tecidas
Pela Senhora Alzira
Outras que não sei o nome
Pois a história não cita.

Na compra do babaçu
Zé Pudim se destacava
Também o Martim Tavares
Em quem todos confiavam.

Com sua seriedade
Podia ser velho ou criança
Tratava o negócio a sério
Pois era de confiança.

Com o tempo Senhor Beleza
Uma usina comprou
Tirando o povo do pilão
E a coisa melhorou.

Senhor Dionízio registrava
Os momentos mais distintos
Tirando fotos do povo
Com Raimundo Passarinho.

Desculpe se não citei
Outras pessoas importantes
Relacionadas aos velhos tempos,
Eu me sinto uma criança.

Muitas parteiras experientes
Ainda pude encontrar
Como comadre Sinforosa
Que nada veio estudar.

Sem fonte para pesquisar
Pois aqui não encontrei
Eu só quis mostrar ao povo
Como me preocupei.

De mostrar um pouco a história
Desta terra tão querida
Que como filha adotiva
Eu doei a minha vida.


(Ana Maria Guimarães Damasceno)

Todos os direitos reservados à autora, conforme a Lei de Direitos Autorais – Lei nº 9.610/98.


Citação deve ser: DAMASCENO, Ana Maria Guimarães. Os Primeiros anos de Graça Aranha.
Professora Ana Maria Guimarães Damasceno. Baluarte da Educação e ativa personagem da vida social e cultural de Graça Aranha. Tem lugar consagrado na história do município.
_______________
* Natural do município de Fortuna-MA, a Professora normalista chegou em Graça Aranha-MA em 1964, aos 18 anos. Graduada em Letras pela UESPI (2006) e especialista em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira(2008), pelo ESEA - Estudos Avançados e Especializados - Ordem Nazarena, de Araguaína-TO. Ana Guimarães, como é mais conhecida, está aposentada pela rede estadual do Maranhão e pelo município de Graça Aranha.

sábado, 12 de outubro de 2019

GRAÇA ARANHA - SOB A LIRA DOS PERIQUITOS E BEM-TI-VIS.

Jean Carlos Gonçalves*
Praça e Igreja de Nossa Senhora das Graças, Graça Aranha-MA.
FOTO: GONÇALVES, Jean Carlos. Março de 2019.
Sol que descortina a aurora
Do horizonte, implacável, ilumina
A rígida face aguerrida
Projeta raios, vence a neblina
Orienta caminhos e veredas...
Para o coração cumprir sua sina.

Artérias no corpo da Mata
Crivada de pegadas, ubérrimo chão
Fertilizado por ventanias e dilúvios
Intemperismos do meu sertão
Sob os auspícios de sofridos braços (fortes)
Ergueu-se uma clareira na imensidão.

Ecoa no seio da floresta
O pulsar do peito atrevido
De obstinados desbravadores
Destemidos filhos do sertão
Semeadores da dignidade
Com trabalho, fé e abnegação.

Sob a lira dos periquitos e bem-te-vis
Do alto de suntuosas mangueiras
Da altivez de imponentes palmeiras
Nos jardins, o beijo dos colibris
Testemunhos de tempos imemoriais
De uma gente guerreira e feliz!

Gente que espelha o firmamento
Um povo, com lavor, se fez
Pródigo artífice de almejados tempos
Pretéritos, idos, vindos, que virão
Na tessitura da pequena urbe
Rega com suor, abençoado chão.

Em cada gota derramada
A onomatopeica divina providência
O canto dos pássaros,
Revela a natureza em sua sapiência
Para interessadamente orquestrar
A arte da sobrevivência

O ringido da rústica roda...
O açoite no ar e no dorso...
As pancadas dos macetes...
Nos pilões que apresa recordações,
Das festivas tardes de domingo
Das farinhadas, mutirões...

Herdeiros da voz dos periquitos
Pioneiros do Centro e do Baixão
Saga de teus filhos rebentos
No sítio da embrionária citadina
Risonha infanta menina,
Que pujante, se tornou Palestina.

Para os olhos encantar
E acenar à Nação
Bradar com fervor e bravura
O desejo da libertação
E assim, bendita se fez:
Graça Aranhão do Maranhão!


Sob a lira dos periquitos e bem-ti-vis!
...................................................................

(Jean Carlos Gonçalves)


Todos os direitos reservados ao autor. Lei de Direitos Autorais – Lei nº 9.610/98.
Citação deve ser: GONÇALVES, Jean Carlos.
Jean Carlos Gonçalves, no largo da praça da Igreja de Nossa Senhora das Graças, na cidade de Graça Aranha-MA, sua terra natal.
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Natural de Graça Aranha-MA (1979) , é professor de História efetivo na rede de estadual do Maranhão (desde 2010), lotado no município de Tuntum, onde reside desde 1987. Desde 2001, também é professor efetivo do município de Santa Filomena do Maranhão (desde 2001).

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Pensamento do dia - As flores no caminho.

"Ao longo de íngremes caminhos, também encontramos perfumadas flores, que exalam a divina essência - a força motriz - que impulsiona em direção à LUZ."

JCG

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Pensamento do dia - UTOPIA


"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar" 

( Eduardo Galeano)

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

BANDEIRANTE DE TUNTUM - 56 ANOS.


Por Jean Carlos Gonçalves.
Neste dia 03 de outubro, o Centro de Ensino Estado do Maranhão, o Bandeirante de Tuntum, completa mais um aniversário de sua inauguração.
Há exatos 56 anos (03/10/1963), a comitiva do então Governador do Maranhão, Newton Belo, fora recepcionada por importantes personalidades locais, além de numerosos citadinos.
Era uma quinta-feira, quando o avião do Governador, aterrissara na única pista da jovem cidade, localizada na propriedade do Srº Edésio Fialho, que corresponde a Fazenda Sertânea, onde reside atualmente, a viúva do saudoso Jãozinho do Luizão, Marly Batista.  
Edésio Fialho, dono do único aparelho de telefone do lugar, empresário, até então bem sucedido, liderança política, vereador da primeira legislatura da Câmara Municipal, além de postulante ao cargo de prefeito em Tuntum com o apoio do Governador, cuja a visita seria para ratificar in loco, a candidatura de seu aliado nas eleições que realizara-se três dias após, no domingo subsequente (06/10/1963), pleito em que antagonizara com Luiz Gonzaga da Cunha, que por sua vez, fora eleito, com o apoio do então Prefeito do município, Ariston Arruda Léda, e do Deputado Federal, Eurico Ribeiro, que havia rompido com do executivo estadual.
Numa época em que os pleitos eleitorais eram marcados por excessos e abusos de toda sorte, incluindo-se ameaças e violências físicas, a condição de representante do Governo estadual não fora suficiente para Edésio Fialho garantir vitória nas urnas ante ao seu adversário, que por sua vez era apoiado pelas Oposições Coligadas¹, grupo que se insurgia para destronar o vitorinismo² em 1965, com a ascensão de José Sarney ao Palácio dos Leões, quando contava apenas 35 anos.
Foi naquela conjuntura de rugas políticas, de disputas sem o devido espírito republicano que o prédio de 4 salas de aula, construído em menos de dois meses, recebeu a placa do Governador com o nome de Grupo Escolar Estado do Maranhão. O ritual de inauguração seria apresentado para a comunidade como uma demonstração de força política de Edésio e da ala governista. Contudo, o contexto em que se deu a construção, de modo algum macula a vida e obra dessa instituição de ensino que há mais de meio século, presta relevantes serviços à Educação e à sociedade tuntuense.
Uma escola pública como muitas pelos rincões do Brasil, que enfrenta muitas dificuldades devido a falta de recursos financeiros e humanos, mas que luta, resiste, reluta em cumprir, dentro de suas possibilidades, sua histórica missão de educar, de oportunizar aos seus, as condições para continuar sua caminhada.
Instituição feita por homens, mulheres, profissionais, pais, mães, e, sobretudo jovens com o peito carregado de esperança, portadores de sonhos, representantes dos sobrenomes, dos artífices que no passado regaram de suor este solo, para fazer o alicerce, preparar a massa, erguer colunas e paredes, construir o telhado, edificar o nosso “Liceu”.

E ao longo do tempo,
outros riscaram quadros,
descortinaram cenários,
orquestraram a diária sinfônica,
recitaram palavras aladas,
receitaram o caminho do bem ,
ecoaram o suave brado,
que vai ao encontro da LUZ.

Para singela e gloriosamente fazer: Centro de Ensino Estado do Maranhão! O Bandeirante que desbravou "terras ocultas" e que continua a saga em oportunizar conhecimento e dignidade.


_____________________________
¹ Grupo político formado por dissidentes do grupo governista e por uma nova geração de políticos maranhenses, que encerrou o período de hegemonia política do Senador Vitorino Freire na política maranhense.


² Chama-se vitorinismo à vivência de uma dinâmica política peculiar que recebeu essa denominação em razão do domínio do então senador Vitorino Freire. Este, embora fosse pernambucano, manipulou o jogo político no Maranhão desde 1946 até aproximadamente 1965 com base numa ação clientelista e num mandonismo aberto.

ALTERIDADE



PENSAMENTO DO DIA -
ALTERIDADE 
"Promova o BEM. Não para satisfazer o teu próprio ego, nem tão pouco para que te rendam circunstancial homenagem, que te aguça a atroz vaidade. Faça-o para que a tua alma se alimente da mesma seiva que causa no outro, o mais pleno estado de graça. "

(Jean Carlos Gonçalves)


ALTERIDADE

Por Bela Aires

O que é alteridade?

Alteridade é o que tem faltado no mundo e o que precisamos ensinar aos nossos filhos, que eles tenham!

Visão de alteridade é a visão de olhar o outro como outro e não como inimigo, estranho e alheio.

A perda da função da alteridade é deixar de olhar o outro como outro e passar a olhar como estranho, inimigo, alheio.

Como observadora que sou, observo relações familiares bem diferentes e complexas hoje em dia: pais que competem com os filhos, sem amor, tratando-os como estranhos.

Falta-nos a alteridade em diversos momentos, mas principalmente naqueles que colocamos o outro, como estranho. Quando deixamos de enxergar nossos filhos como outras pessoas e os achamos estranhos, não os reconhecemos, não parecem mais fazer parte de nós.

De fato, não fazem. Criamos nossos filhos para o mundo, para a vida, para terem vontades e ideias próprias. Porém, devemos respeitar as diferenças e aceitá-las. Não podemos exigir e querer que nossos filhos sejam obrigados a concluir nossos sonhos e planos não concretizados. Devemos encará-lo e respeita-lo como outro, apesar das diferenças.

Além disso encarar a todos como inimigos e estranhos faz com que os nossos filhos tenham uma visão ruim e distorcida da vida. Tudo se torna pesado e agressivo demais. Aquela pessoa que a fechou no trânsito se torna um inimigo, assim como a que pegou a sua vaga, o que discutiu com você na reunião de condomínio e o professor que chamou a atenção do seu filho.

Acabamos por temer viver em sociedade e a confiança e o “pensar e se colocar no lugar do outro” não faz parte mais da sua forma de encarar a vida e nem dos seus filhos e família. Ensinamos o egoísmo e a intolerância.

Talvez você não tenha dificuldade e tenha a alteridade como um princípio, mas nem sempre é fácil, principalmente quando aperta o nosso calo. Que possamos encarar mais o outro como outro e menos como estranho ou inimigo! E que possamos assim, ensinar nossas crianças a serem tolerantes, sem preconceitos e discriminações.

Fonte: http://belaaires.com.br/alteridade/