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terça-feira, 13 de março de 2018

MEUS ENIGMÁTICOS ARTIGOS DEFINIDOS


MEUS ENIGMÁTICOS ARTIGOS DEFINIDOS
Jean Carlos Gonçalves
A folha em branco
O incólume tinteiro
A imaculada pena
O remoto desejo  

A coragem e o combate, siameses!
O verbo que materializa
A expressão dantes prisioneira
O alvorecer que acena, reluzente... transcendente...

A guia que rege
O cenário da trama
A saga de quem desbrava
O inóspito território da alma

A avidez pelo grito adiado, abortado
O pergaminho de indeléveis marcas
A Themis à espreita, incontida
O afã pela compreensão alheia

A palavra alada, lançada
O inesperado desejado
A hospitalidade que afaga
O desatino que faz sucumbir

A beleza posta à prova
O disfarce que desnuda
A indiferença que dilacera
O sonho há muito alimentado

A lente opaca...
O esforço pela luz...
A força inútil...
O martírio!

A sórdida incompreensão
O meu retrato, o teu espelho
A sede de voltar a mudez
O recuo ao silêncio

A infalível confusão de sentimentos
O perene rio da incerteza
A mão estendida
O bálsamo!

A perseverança com fé...
O renascer!
A vitória anunciada...
O destino manifesto!

A fonte da minha juventude.
O meu indecifrável, EU.

(Jean Carlos Gonçalves)

sábado, 3 de março de 2018

Os Sessentões tuntuense do Século XXI

Por Remy da Mata
Está surgindo uma nova faixa social em Tuntum, a das pessoas que estão em torno desse interregno dos sessenta anos de idade, os excelentes, é a minha geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos nossos planos envelhecer. 

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica, parecida com a que em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se. 

O nosso grupo, Eu, Ligon,Tema, Cleones, Doza, Junior, Jorge Coelho, Zé Neto, Arudá, Chiquinho e Paulinho Andrade, JJ, Ariston, Manoel, Pires e Léda, Zé, César e Paulo Pinheiro, Nelson Ned, João Saraiva, Wagno Lobão Zeca, Zé Bruguer, Chico e Zeca Cunha, Renatinho, Natan, Geovany, Nonatim, Carlos, Gessé, Cláudio, Chico Engole, Carlinho, Raimundinho, Carlos, Elimar, Gilberto, Zequinha e tanto outros que hoje ronda ou estão na faixa etária dos sessenta anos. 
Temos uma vida razoavelmente satisfatória. Vimos Pelé, Garrincha, Vavá, Nilton Santos e Cia jogar, o Brasil ser Bi, Tri, Tetra e Pentacampeão. Passamos pela explosão do Rock ad Roll com Chuck Berry, Elvis Presley, Beatles, Rolling Stones, Jimi Hendrix, Janes Joplin, David Gilmour. No Brasil assistimos os movimentos da Tropicalia, Bossa Nova, forro Pe de Serra de Luiz Gonzaga, e a Jovem Guarda com o Iê-Iê-Iê do Rei Roberto Carlos.

Éramos felizes e sabíamos disso sim! Passamos pelos papados de João XXIII, Paulo VI, João Paulo I, João Paulo II e Bento XVI, vivemos agora o papado do Papa Francisco, o Papa Sorriso. Testemunhamos a queda do Leste Europeu, com a derrubada do muro de Berlim, o principal símbolo do antagonismo entre capitalismo e socialismo durante a Guerra Fria. Com a reunificação da Alemanha veio a fragmentação da URSS. Somos hoje homens independentes, trabalhamos desde cedo, caminhamos com os nossos pés, ninguém parasitou ou viveu de benesses do erário público. Conseguimos mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante décadas, ao lúgubre conceito de trabalho. 

Procuráramos e encontráramos no cenário trabalhista a atividade de que mais gostamos de fazer e com ela ganhamos a dignamente a vida. 

Talvez seja por isso que nos sentimos realizados! Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou solidão as conquistas. Desfrutamos a vida, porque depois de tantas lutas, de tantos anos de trabalho, a criação dos filhos, as preocupações, fracassos ficaram para trás. 

Hoje brindamos o sucesso, sabemos olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o vôo de um pássaro da janela ou da varanda de casa exaltando a beleza que nos brindou o Grande Arquiteto do Universo. Hoje, algumas coisas, material e espiritual podemos dar-se por adquiridas. Não somos pessoas paradas no tempo, gozamos a vida. 

Nossa geração “sessenta” maneja o computador e similares, estamos Pari Passu com a tecnologia da informação e com o mundo virtual... Usamos o Computador para nos comunicar com os amigos e parentes que estão longe, sem contar que usamos essa brilhante ferramenta para as operações de compras, pagamentos, serviços bancários etc, falamos com aos filhos que estão longe e até esquecemos do velho telefone fixo para contatar os amigos, hoje mandamos WhatsApp ou e-mails com as nossas notícias, ideias e vivências.

De uma maneira geral, estamos satisfeitos com o nosso estado civil, e, os que não estão, procuram mudá-lo. Raramente nos desfazemos em prantos sentimentais. Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflete, toma nota e parte pra outra... 

Os homens não invejam a aparência dos jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um traje Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de uma modelo. Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, uma frase inteligente ou um sorriso iluminado pela experiência. Hoje, as pessoas na idade dos sessenta, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estamos com uma boa saúde física e mental; recordamos a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude, ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas. 

Celebramos o sol a cada manhã e sorrimos para nós próprios. Talvez por alguma razão secreta, que só sabem e saberão os que chegarem aos 60 no século XXI.
Remy da Mata