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domingo, 11 de novembro de 2018

A LAGOA DA FORMOSA

Por Jean Carlos Gonçalves.
A riquezas de Tuntum-MA e o risco da perda de nosso patrimônio ambiental.
Lagoa da Formosa, município de Tuntum-MA
Foto: Profº Leno Carlos, julho/2007.
A imagem acima, foi produzida em julho de 2007, por ocasião em que alguns professores da cidade de Tuntum-MA, decidiram realizar uma viagem até a nascente do Rio Flores, que se localiza no povoado Brejo do Cazuza, no município de Fernando Falcão, o qual se limita ao sul e sudoeste ao município de Tuntum.

Durante o trajeto de mais de 120 Km, os professores Aldenizio Pinheiro, Enilson Leitão, Jean Carlos, Leno Carlos e Marcleudes Barnabé, tomaram conhecimento de que havia na região, uma imensa lagoa, no povoado Lagoa da Formosa, fazendo jus ao próprio nome.

A bela lagoa que dista uns 6 Km do povoado Santa Rosa, no Alto Sertão tuntuense, guarda uma história bastante interessante, pois segundo os próprios moradores do povoado, a mesma teve origem quando um índio da tribo dos canelas foi fazer um melhoramento de uma cacimba. Ao cavar um pouco mais o nativo atingiu um veio d'água que em pouco tempo formou a imensa e profunda lagoa. Durante uma conversa que tivemos com maradores locais, afirmaram que nunca alguém conseguiu mergulhar e tocar no fundo. E que antes o espaço que a lagoa passou a ocupar, era local onde o gado criado à solta, permanecia, desfrutando da pastagem natural e da sobra das árvores.

Entretanto, nos últimos dias, recebemos informações de sertanejos da região que a Lagoa se encontra em tamanho bastante reduzido, devido, principalmente, ao desmatamento que os proprietários fizeram no seu entorno.

O problema do desmatamento das matas ciliares no Alto Sertão de Tuntum é bem antigo. Quando a Carlota Carvalho publicou em 1924 sua memorável obra, O Sertão, importantíssimo para se compreender o processo de povoamento da região dentre outros aspectos, faz referência ao problema. A autora registra a memória dos seus antepassados que habitaram no antigo Arraial do Campo Largo na primeira metade do século XIX, próximo da Lagoa da Formosa, conforme citação abaixo:
"Na vizinhança onde foi o arraial do Campo Largo, do qual só existe a recordação histórica, há outro povoado, o Leandro, habitado por cearenses muito trabalhadores mas que destroem os matos secando  as nascentes, esterilizando a terra e preparando a seca sem propósito de fazem o mal, somente por efeito de crassa ignorância e não da falta de escola oficial." ( CARVALHO, Carlota, O Sertão, 1924, p.112).
Passados quase 200 anos do início da colonização da região, o problema da ignorância sobre a questão ambiental permanece. Na época da fundação das aludidas povoações, ambas pertenciam ao antigo território da Freguesia da Chapada (atual Grajaú), em seguida passaram a fazer parte do município de Barra do Corda. Com a emancipação do município de Presidente Dutra (antigo Curador), o Campo Largo, passou a integrar seus domínios. A partir de 1955, o antigo povoado, passa a fazer parte do então, recém criado, município de Tuntum. Já o Leandro, passou a integrar o território do município de Fernando Falcão, após desmembramento do município de Barra do Corda, em 1994.

Por enquanto, deixamos aqui a única imagem da lagoa que consegui resgatar, com a esperança de que os ventos da consciência ecológica cheguem aos nossos irmãos sertanejos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Tempos histéricos

Por Flávio Siqueira
Tempos histéricos. Polarizados. Gente apaixonada crendo na guerra do bem contra o mal. Buscam heróis que não admitem contestação e os defendem com toda a força de suas angústias. O manipulado é o outro. Sempre.

Onde está a lucidez? A semente da raiva cultivada amadurece em disfarces patrióticos, no vermelho ou no verde amarelo. Confusão disseminada em nome de justas causas. Medo, muito medo.

Controla-se a linguagem, aprisionam-se as mentes, diminuindo-as, diminuindo-as, diminuindo-as, até que o pensamento livre seja uma afronta. Em tempos histéricos, pensar representa a pior heresia e os hereges devem ser punidos pelas santas inquisições das redes sociais. Não há espaço para contestações de nenhuma natureza: espera-se adesão. Cega, voluntária, subserviente.

Manipula-se criando inimigos. Manipula-se criando heróis. Arregimentam devotos e os fazem lutar em nome da verdade dos próprios algozes. Ovelhas apaixonadas por lobos até que sejam devoradas.

Massas nutridas por hashtags brigando entre si, compondo cenários que serão aproveitados cinicamente no próximo programa eleitoral, onde a demagogia e o sofrimento convivem tão bem.

Distraídos. Devotos de perversos padroeiros que no fim se juntarão para dividir o espólio.

Não há remorsos.

Eles sabem que povo continuará, como sempre, esperando o surgimento dos próximos heróis. E eles sempre aparecem.

Tempos histéricos. Onde está a lucidez?