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quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Historia do Esmalte

Por Rainer Sousa
O uso do esmalte já era uma preocupação presente
 no cotidiano das rainhas egípcias



Ao falar sobre esmalte, muitas pessoas logo se lembram do hábito que muitos têm em pintar ou reforçar as unhas através dessa mistura química que pode ser incolor ou multicolorida. As mulheres, em sua maioria, se perdem na infinidade de cores (muitas delas com nomes incompreensíveis) que prometem um visual mais elogioso ou mais antenado. Além disso, vários violonistas empregam o material para que as unhas não quebrem durante uma apresentação.

Apesar de tantos usos na contemporaneidade, o esmalte já integrava o cotidiano da realeza do Antigo Egito. Por volta de 3500 a.C., as mulheres egípcias aplicavam uma tintura de henna preta nas unhas. As cores mais vibrantes ficavam relegadas ao uso da família real e chegavam a despertar algumas preferências entre as rainhas do Egito. Cleópatra tinha uma clara preferência pela tonalidade vermelho-escura. Já Nefertiti tinha mais gosto pelo esmalte de tom rubi.

O mesmo poder de distinção social observado no uso do esmalte entre os egípcios também era perceptível entre os chineses. Em meados do século 3 a.C., o uso de tons vermelhos e metálicos (feitos com soluções de prata) significavam a ocupação de um lugar privilegiado na hierarquia social. Já entre os romanos, a pintura dava lugar a tratamentos com materiais abrasivos que faziam o polimento das unhas.

A tecnologia para o tratamento das unhas ficou relativamente estagnado até o século XIX. Nessa época, os cuidados se restringiam à obtenção de unhas curtas e que estivessem moldadas por uma boa lima. Em alguns casos, as unhas eram ligeiramente perfumadas com óleo e polidas com uma tira de couro. Numa época em que o recato era uma importante virtude, a extravagância dos esmaltes não seria nenhum pouco prestigiada.

Até essa época, uma das grandes descobertas foi a invenção do palito até hoje utilizado para a remoção das cutículas. No começo do século XX, os esmaltes começaram a recuperar espaço com o uso de soluções coloridas que não permaneciam fixadas mais do que algumas horas. Somente em 1925, durante estudos que desenvolviam tinturas para carros, foram descobertas as primeiras soluções que se assemelham com os esmaltes de hoje.

Na sua primeira versão, o produto era de um tom rosa-claro e era aplicado no meio das unhas. Chegando à década de 1930, já podemos notar que a “pintura” nos dedos do pé e da mão fazia muito sucesso entre as grandes estrelas do cinema hollywoodiano, como Rita Hayworth e Jean Harlow. No ano de 1932, os irmãos Charles e Joseph Revlon custearam a invenção de um novo tipo de esmalte, mais brilhante e com um leque variado de tonalidades.

Nas décadas seguintes, vemos que a tecnologia empregada foi se tornando cada vez mais complexa. As unhas postiças parecem como uma boa alternativa de se chamar a atenção sem gastar horas na manicure. Há poucos anos foram disponibilizadas máquinas capazes de imprimir uma imagem digital nas unhas. Difícil é saber onde a indústria da beleza pode chegar a fim de atiçar a vaidade feminina.

Fonte:http://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/historia-do-esmalte.htm

Guerra Civil na Síria

Por Me. Cláudio Fernandes
Acima, mapa da Síria, destacado em vermelho


A Guerra Civil na Síria teve início em março de 2011 e segue sem término até os nossos dias (2016), configurando um dos principais conflitos do século XXI. Essa guerra caracteriza-se não apenas pelos conflitos internos entre as forças oficiais do presidente Bashar al-Assad e as diversas facções rebeldes armadas, mas também pela assistência que potências internacionais, como Estados Unidos, Rússia, Irã e Arábia Saudita, dão aos dois lados da guerra de acordo com os seus interesses. Além disso, há ainda um terceiro fator: a expansão vertiginosa pelo território sírio do autoproclamado Estado Islâmico, que luta tanto contras as forças de Assad quanto contra as facções rebeldes. Para compreendermos como a República Árabe da Síria chegou a essa situação fatídica, precisamos remontar à atmosfera política que cobria o Oriente Médio à época da Guerra Fria.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo todo passou a viver a tensão da Guerra Fria, período em que se acentuaram as divergências ideológicas e políticas entre as superpotências União Soviética e Estados Unidos. Ocorreu que, especificamente na região do Oriente Médio, a tensão recebeu configurações um tanto quanto diversas, isto é, o reconhecimento de Israel como um Estado independente, na região da Palestina, provocou uma enorme tensão político-religiosa com as nações árabes recém-formadas naquela mesma região, como Egito, Líbano e Síria.

Logo em 1948 houve a primeira guerra entre Israel e as nações árabes – o primeiro de numerosos conflitos que ocorreriam nas décadas seguintes. No fim dos anos 1950, houve a criação da República Árabe Unida, isto é, um governo unificado entre a Síria e o Egito, que tinha por objetivo formar uma grande nação muçulmana no Oriente Médio. A Síria era representada pelo partido Baath, enquanto o Egito tinha como principal liderança o pan-arabista Gamal Abdel Nasser. Contudo, esse projeto não teve grande futuro e, em 1961, a Síria rompeu com o Egito por meio de um golpe militar que lhe deu novamente o status de república independente.

Em 1971, o oficial da aeronáutica síria Hafez al-Assad, por meio de outro golpe Estado, tomou o poder na Síria com o apoio dos militares e de parte do setor político. Hafez pertencia à minoria alauita, ou seja, não era nem sunita e nem xiita, mas descendia de um núcleo do islamismo que idolatrava o califa Ali, um dos sucessores diretos de Maomé, como uma deidade (ser divino). Hafez, desde os primeiros anos de seu governo, teve que lidar com forte oposição vinda da maioria sunita da Síria. Seu governo foi marcado por intensa repressão e chegou a massacrar repetidas vezes milhares de pessoas em cidades como Hama, como aconteceu em 1982. Foi também Hafez que levou a Síria à guerra do Yom Kippur contra Israel, em 1973, fracassando nessa empreitada.

O governo de Hafez só teve fim em 2000 com sua morte. Em seu lugar, tomou posse seu filho, Bashar al-Assad, com então 34 anos. Assad prosseguiu com a política do pai, mantendo o mesmo sistema repressor e os mesmos interesses econômicos, sobretudo no que se refere ao gás natural, que ainda hoje interessa às potências que lhe dão ajuda militar, como a Rússia e o Irã. A grande instabilidade chegou à Síria após a retirada das tropas americanas do Iraque (onde o sistema do também ditador Saddan Hussein havia caído) em 2011. Com a saída dos Estados Unidos do Iraque, as facções jihadistas, como a Al-Qaeda, passaram a atuar tanto no Iraque quanto na Síria, onde foi montado um núcleo chamado Frente Al-Nursa.

Ao mesmo tempo que os jihadistas passaram a avançar sobre o governo de Bashar al-Assad, outras facções sunitas, estimuladas pelos levantes da Primavera Árabe, passaram a enfrentar o exército sírio com o objetivo de tirar Assad do poder. Entre essas facções, as principais são: Ahar al-Sham, Jaich al-Islam e Frente do Sul. Essas facções recebem dinheiro, equipamentos e treinamento dos Estados Unidos e da Arábia Saudita, que têm interesse na queda de Assad. Já o governo do ditador sírio recebe auxílios semelhantes da Rússia e do Irã, que têm interesse em sua permanência. Todavia, muitos dos combatentes associados às facções rebeldes são mercenários (recebem para lutar) e, não raro, são cooptados pelo Estado Islâmico, que, por sua vez, nasceu de uma ruptura com o braço da Al-Qaeda no Iraque. Como não recebiam mais ordens da alta cúpula da organização de Bin Laden, os membros do Estado Islâmico passaram a atuar por conta própria na Síria, rivalizando, assim, com a Al-Nusra.

Esse é o cenário complexo da guerra civil na Síria. Com o grande avanço do Estado Islâmico no norte desse país, algumas decisões mais pontuais foram tomadas a partir de 2015. Um exemplo são as intervenções aéreas da Rússia nessa região desde setembro de 2015. Além disso, há ainda a situação da minoria curda e de seu exército independente, que atua na fronteira entre a Síria e a Turquia, região essa que também é assolada pelo Estado Islâmico. Calcula-se que aproximadamente 140.000 pessoas já morreram nessa guerra até o presente momento e dois milhões ficaram desabrigados ou foram forçados a emigrar do país.

Fonte:http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/guerra-civil-na-siria.htm

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

DEVORA-ME POESIA...!!!


Por Jean Carlos Gonçalves
Devora-me poesia...
Para que eu não pereça
Ante o vil algoz
Que persevera em minha queda
Ensejando silenciar minha voz.

Devora-me poesia...
Para eu desnudar minha alma
Dos sombrios sentimentos
Que tanto meu ser alimenta
Diante dos injustos desatinos

Devora-me poesia...
Revigoras meu escudo
Conceda-me mais essa vontade
Para firmemente empunhar a flâmula
E destronar a promíscua vaidade.

Devora-me poesia...
Despindo-me da minha razão
Para eu perder o fundamento
Que justificaria uma inglória decisão
Que faria igual a quem me imputa sofrimento

Devora-me poesia...
Para eu dizer com beleza
Sobre o atroz labirinto
Circunscrito da cruel natureza
Daquele Minotauro indigno

Devora-me poesia...
Para eu ir além de dizer
Para o ódio eu converter
Antes que o sol decline
Permita-me também eu ser

Devora-me poesia...
Pois és manifestação da onipotência de Deus
Em ti desponta a "perfeição" do homem
A imagem e semelhança do Pai
Destronando a maldade que o faz entristecer.

Então... Devora-me poesia!!!

(Jean Carlos Gonçalves)


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O HOMEM QUE SALVOU O MUNDO DA DESTRUIÇÃO

Stanislav Petrov

Por décadas imaginamos o que seria do mundo se as coisas tivessem esquentado entre URSS e EUA, iniciando uma guerra nuclear de grande escala. Por sorte, apenas imaginamos isso até hoje, pois ela nunca aconteceu, mesmo que as coisas tivessem fervido nalgumas ocasiões.

Uma delas foi a noite de 26/09/1983, que completou 33 anos. Esta foi a noite que, não fosse a atitude de UM homem, seria o início do “apocalipse nuclear”.

Na época, nosso herói fazia plantão noturno no centro de monitoramento e contra-medidas do espaço aéreo soviético, quando o sistema automático de detecção de lançamento de mísseis intercontinentais disparou: um míssil havia sido lançado dos EUA com direção à Rússia!

Incrédulo, ele nada fez, esperou um pouco mais. O sistema indicou OUTRO disparo.

Estava acontecendo, cabia a ele iniciar o sistema de alerta cuja última medida era retaliar os EUA e a Europa com o lançamento concomitante de MILHARES de ogivas nucleares dirigidas a pontos estratégicos e às cidades mais populosas e importantes do Ocidente, como NY, Londres, Paris, Madrid, Roma, Frankfurt.

Enquanto durou sua indecisão, outros cinco mísseis foram lançados em direção à mãe Rússia, já eram 7 ogivas prestes a atingir, em alguns minutos, a gloriosa pátria soviética. Cabia a ele proteger e vingar as milhões de mortes de seus conterrâneos que ocorreriam dentro de instantes.

Então ele tomou a decisão: ele DESLIGOU o sistema de monitoramento e alerta, antes que ele respondesse automaticamente à agressão, e IGNOROU os repetidos alertas, torcendo para que seu julgamento fosse o correto: era um alarme falso, ele não tinha como provar, mas tinha convicção.

Seu julgamento ocorreu com base na crença de que nenhuma pessoa responsável autorizaria o lançamento de ogivas nucleares a menos de dez dias depois de um incidente no qual a força aérea soviética abateu um avião comercial Ocidental que se perdeu sobre o nordeste da Sibéria, acarretando em uma centena de civis inocentes mortos.

O governo soviético jamais o recompensou e, pela indisciplina, ele foi indiciado numa série de processos burocráticos e depois afastado do cargo, o qual ele desempenhou muito bem.

O general que primeiro recebeu o relatório acerca do ocorrido o agradeceu e parabenizou, mas nada fez, oficialmente, para impedir seu ostracismo.

Hoje Stanislav Petrov vive de forma pacata, com pouca fama e pouca renda, ainda em sua querida mãe Rússia. E quem o encontra no dia-a-dia nem desconfia que aquele velhinho tranquilo um dia salvou o mundo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

LIBERDADE

Cecília Meireles

“Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se tem até morrido com alegria e felicidade.

Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam “Liberdade, Igualdade e Fraternidade!”. Nossos avós cantaram: “Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil!”; nossos pais pediam: “Liberdade! Liberdade! – abre as asas sobre nós”, e nós recordamos todos os dias que “o sol da liberdade em raios fúlgidos – brilhou no céu da Pátria…” – em certo instante.

Somos, pois criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela.

Ser livre – como diria o famoso conselheiro… – é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo que partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho… Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autônomo e de teleguiado – é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Supondo que seja isso.)

Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.

Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sono das crianças deseja ir. (Às vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso…).

Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!…) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento!…

Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida.

E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos!…

São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato.

Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos que falam de asas, de raios fúlgidos – linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel…”


quinta-feira, 29 de setembro de 2016

UMA COMPARAÇÃO ENTRE A BASTILHA E O CARANDIRU

A PRISÃO DO ANTIGO REGIME


"[...] Quadros sobre a queda e demolição da Bastilha invariavelmente a mostram mais alta do que de fato era. A maior torre não ultrapassava uns 22 metros, porém Hubert Robert, especialista em grandiosidade de ruínas, conferiu-lhe dimensões babilônicas. Em seus quadros, essas paredes tornam-se escarpas gigantescas que só podiam ser conquistadas pela coragem e pela vontade sobre-humanas do povo. [...] Por certo a Bastilha de sua pintura, com pequeninas figuras escalando as muralhas, sugere um imenso castelo gótico de escuridão e isolamento, um lugar onde homens desapareciam sem qualquer aviso e nunca voltavam a ver a luz do dia - até que os escavadores revolucionários desenterraram seus ossos.

Essa era a lenda da Bastilha. Sua realidade era bem mais prosaica. [...] Para a maioria dos prisioneiros, as condições não eram tão ruins como em outras prisões [...]. (Quanto a isso, comparada com o que as tiranias do século XX inventaram, a Bastilha era um paraíso.) [...] A maioria dos prisioneiros ocupava celas octogonais, com cerca de 5 metros de diâmetro [...]. Na época de Luís XVI, cada um tinha uma cama com cortinado de sarja verde, uma ou duas mesas e várias cadeiras. Todos tinham um fogão ou estufa, e em muitas celas podiam chegar à janela de barras triplas subindo uma escadinha de três degraus junto à parede. Muitos podiam levar seus pertences e também cães e gatos para acabar com ratos e insetos. [...] A comida - coisa crucial na vida dos prisioneiros - também variava de acordo com a condição social. [...] O escritor Marmontel babava ao lembrar de 'uma sopa excelente, um suculento bife, uma coxa de frango pingando gordura [uma virtude no século XVIII], um pratinho de alcachofras fritas e marinadas ou de espinafre, deliciosas peras de Cressane, uvas frescas, uma garrafa de velho borgonha e o melhor café.

Ninguém queria ir para a Bastilha. Porém, uma vez lá dentro, a vida dos privilegiados podia se tornar mais suportável. Permitiam-se álcool e tabaco e na época de Luís XVI introduziram-se jogos de cartas para detentos que partilhassem a cela e uma mesa de bilhar para uns nobres bretões que a requisitaram. Alguns hóspedes literatos até viam um certo encanto na Bastilha, pois ali se estabeleciam suas credenciais de opositores de despotismo. [...] Se a monarquia deve ser caracterizada (não de forma completamente injusta) como arbitrária, obcecada com o sigilo e investida de poderes caprichosos sobre a vida e a morte dos cidadãos, então a Bastilha simboliza à perfeição tais defeitos. Se não existisse, pode-se dizer, seria preciso inventá-la.

E sob certos aspectos ela foi reinventada por uma série de escritos de prisioneiros que realmente sofreram dentro de suas paredes, mas cujos relatos transcendem sua verdadeira experiência na prisão. Estes eram tão vívidos e assustadores que conseguiram criar ferrenha oposição na qual se apoiavam os críticos do regime. [...] A crítica era tão poderosa que, quando a fortaleza foi tomada, a decepcionante realidade da liberação de apenas 7 prisioneiros (dois lunáticos, quatro falsários e um aristocrata delinquente) se viu excluída das expectativas míticas."

(SCHAMA, S. Cidadãos. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 322-325.)

Simon Schama (1945-) é historiador, professor da Universidade de Columbia, NY, EUA, e é um dos grandes especialistas em História Moderna e História da Revolução Francesa. É produtor de documentários históricos e autor de diversos livros e artigos acadêmicos.


O CARANDIRU



"[...] por necessidade de proteção aos marcados para morrer, a direção foi obrigada a criar um setor especial no térreo, a 'Masmorra', de segurança máxima - o pior lugar da cadeia. [...] São 8 celas de um lado da galeria escura e seis do outro, úmidas e superlotadas. O número de habitantes do setor não é inferior a 50, 4 ou 5 por xadrez, sem sol, trancados o tempo todo para escapar do grito de guerra do crime:

- Vai morrer!

Ambiente lúgubre, infestado de sarna, muquirana e baratas que sobem pelo esgoto. Durante a noite, ratos cinzentos passeiam pela galeria deserta.

A janela do xadrez é vedada por uma chapa de ferro fenestrada, que impede a entrada de luz. Por falta de ventilação, o cheiro de gente aglomerada é forte e a fumaça de cigarro espalha uma bruma fantasmagórica no interior da cela. Tomar banho exige contorcionismo circense embaixo do cano na parede ou na torneira da pia, com uma caneca.

A Masmorra é habitada pelos que perderam a possibilidade de conviver com os companheiros. Não lhes resta outro lugar na cadeia nem nas alas de Seguro, como o Amarelo do Cinco, por exemplo. Mofam trancados até que a burocracia do Sistema decida transferi-los para outro presídio."

(VARELLA, D. Estação Carandiru. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. p. 24.)

Drauzio Varella (1943-) é médico, pesquisador, professor e escritor. Desenvolveu um importante trabalho no presídio do Carandiru, que resultou em um livro publicado e na obtenção do prêmio Jabuti.


Detento do pavilhão 9 da Casa de Detenção mostra livro sobre direitos humanos três dias depois do massacre (Luiz Novaes/Folhapress)


PRISÃO E DELINQUÊNCIA

"[...] Dizem que a prisão fabrica delinquentes; é verdade que ela leva de novo, quase fatalmente, diante dos tribunais aqueles que lhe foram confiados [...]

A técnica penitenciária e o homem delinquente são de algum modo irmãos gêmeos [...] Elas apareceram as duas juntas e no prolongamento uma da outra [...] A delinquência é a vingança da prisão contra a justiça. Revanche tão temível que pode fazer calar o juiz [...]

A prisão, essa região mais sombria do aparelho de justiça, é o local onde o poder de punir, que não ousa mais se exercer com o rosto descoberto, organiza silenciosamente um campo de objetividade em que o castigo poderá funcionar em plena luz como terapêutica e a sentença se inscrever entre os discursos do saber."

(FOUCAULT, M. Vigiar e punir. História da violência nas prisões. Trad. Petrópolis: Vozes, 1987. p. 226-227.)

Michel Foucault (1926-1984), filósofo e escritor, é considerado um dos mais importantes pensadores do século XX, crítico dos sistemas prisionais e educacionais, da psiquiatria, da medicina e dos padrões morais da sociedade contemporânea. É autor de trabalhos sobre a sexualidade, medicina, punições, relações de poder e conhecimento.

Glossário:
- Bastilha: Prisão-símbolo do regime absolutista.
- Carandiru: Complexo penitenciário, implodido em 2002.
- Delinquência: Estado de delinquente (delinquir: cometer delito).
- Despotismo: Forma especial do absolutismo. Mando absoluto, arbitrário.
- Lúgubre: Escuro, sombrio.
- Masmorra: Cárcere subterrâneo. Lugar isolado, sombrio e triste.
- Prosaica: Trivial, vulgar, comum.
- Sarja: Tecido entrançado, de lã ou algodão.

NA VELOCIDADE DAS LUZES - A REVOLUÇÃOFRANCESA

Verificação de leitura 2 – p. 111

1. Que razões levaram Luís XVI a convocar os Estados-Gerais?

R: Pressionado pela crise econômica e pelas elites, Luís XVI convocou os Estados-Gerais. À nobreza interessava a convocação da Assembleia como um mecanismo de proteção aos seus privilégios e de impedimento à ascensão política da burguesia.

2. “É uma revolta?” “Não, senhor, é uma revolução!” (diálogo atribuído a Luís XVI e ao duque Liancourt).

Estabeleça, com suas palavras, a diferença entre uma revolta e uma revolução.

R: Revolta é algo restrito a uma certa insatisfação de determinados setores da sociedade cujas reivindicações são específicas, não representando uma alteração da ordem vigente. A Revolução representa uma insatisfação mais ampla da sociedade, apontando para alterações profundas da ordem vigente, das estruturas sociais, políticas, culturais e econômicas.

3. Cite dois exemplos de como a revolução tratou dos privilégios da nobreza.

R:
·  Em 4 de agosto de 1794, a Assembleia aboliu os privilégios dos nobres: direito de classe exclusivo, isenção de impostos, monopólio dos cargos mais altos e o direito de exigir trabalho dos camponeses.

· Em 26 de agosto, foi aprovada uma declaração de ideais, uma afirmação de intenções: a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Ela proclamava a igualdade de tratamento perante a lei.

· Na Justiça, as reformas estabeleceram que os juízes seriam escolhidos entre os advogados formados. 

4. Por que a guilhotina se tornou um símbolo do período do terror?

R: Durante o Terror, os delitos contra os cidadãos deveriam ser severa e agilmente punidos. Visando implantar uma República da Virtude, sem reis ou nobres, sem extremos de riqueza ou pobreza, perseguia-se severamente os inimigos da República. Nesse ardor revolucionário, cerca de 40 mil pessoas foram mortas na guilhotina. 

5. “Era permitido temer que a revolução, tal como Saturno, devorasse sucessivamente todos os seus filhos.” Essa frase do líder girondino Pierre Vergniaud aplica-se ao período da Convenção Jacobina? Justifique sua resposta.

R: Durante a Convenção Jacobina, diversos líderes girondinos foram levados à prisão e executados. Foram também executados federalistas, padres, nobres, camponeses e especuladores. As divergências políticas eram resolvidas por meio do Terror em nome da República. Robespierre passou a utilizar o terror contra antigos aliados de esquerda como Hérbert, Danton e Desmoulins. Em junho de 1794, o próprio Robespierre seria guilhotinado. Nesse sentido, a frase de Verginaud aponta para uma metáfora mítica aplicável à Revolução Francesa.

6. Explique a seguinte frase do texto: “O indivíduo, antes súdito, se tornou um cidadão.”

R: Com a Revolução, todos os homens se tornaram cidadãos comuns. O indivíduo antes submetido a poder do Estado absolutista, se tornou cidadão de um modelo de sociedade em que as leis não estabeleciam distinções baseadas no nascimento, e que qualquer governo deveria respeitá-los. Tais direitos existiriam pelo simples fato de todos os humanos os terem naturalmente, e não pela vontade de soberano.

7. Como eram as relações entre o Estado e a Igreja no período napoleônico?

R: Napoleão, interessado em utilizar-se da religião como um instrumento de unidade nacional, negociou um acordo com o papa. A Constituição de 1801 reconhecia o catolicismo como a religião da maioria dos franceses, e não como uma religião oficial do Estado, portanto, não prejudicou a tolerância aos judeus e protestantes. O clero seria pago e indicado pelo Estado, ficando sujeito ao controle estatal, mas seria consagrado pelo papa.

8. Por que as guerras napoleônicas “foram precursoras das guerras-relâmpago do século XX”?

R: Pelo fato de Napoleão utilizar-se de ataques rápidos, ao contrário do modelo militar anterior, defensivo e travado de uma posição fixa. A intenção de Napoleão era surpreender os adversários como nas guerras relâmpagos do século XX. Chegando ao campo de batalha antes do previsto, ele escolhia cuidadosamente os melhores roteiros para chegar ao destino determinado; procurando abastecer-se nas regiões que atravessava, eliminava os lentos comboios de abastecimentos e marchava rapidamente sobre o exército adversário.

9. Elabore um pequeno texto desenvolvendo a ideia de Éric Hobsbawm, para quem a Revolução Francesa teria fornecido “a ideologia do mundo moderno”.

SUGESTÃO -  O texto deverá poderá ressaltar:

· A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, pela defesa da igualdade jurídica e da liberdade de expressão, elementos centrais da democracia liberal.

· O voto universal, símbolo da participação ativa dos cidadãos e de uma soberania popular.

· A propagação dos ideais revolucionários nas guerras napoleônicas e nos movimentos liberais do século XIX.

· O jacobinismo, que apontava para a necessidade de o Estado ter fortes preocupações sociais.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

UMA ÉTICA PARA ALÉM DAS FRONTEIRAS

Por Natan Morador

Em defesa de uma ética que coloque em primeiro plano a Humanidade e não simplesmente o homem.

Desde a formação dos Estados Modernos, em meados do século XV, as fronteiras geopolíticas e culturais se fortaleceram: os territórios se tornaram cada vez mais delimitados, a língua foi se consolidando e os costumes foram se cristalizando de modo a circunscrever um determinado povo.

Não é por acaso que as concepções de sujeito e, portanto, de subjetividade nascem de mãos dadas com a modernidade. No entanto, nos finais do século XX, com a emergência dos novos meios de comunicação, sobretudo da internet, tínhamos a impressão de que essas fronteiras tão rígidas fossem transpostas pela famigerada globalização. Ledo engano!

Apesar das inúmeras possibilidades de se estabelecer contato com o diferente, com pessoas das mais diversas regiões do planeta e de conhecer a riqueza cultural que o mundo nos oferece, ainda assim as ondas de xenofobia e de intolerância parecem ter aumentado.

Na Rússia a onda de xenofobia em 2008 e 2009 alcançou índices preocupantes – segundo a SOVA, uma Organização de Direitos Humanos com sede em Moscou – e em 2014 o presidente russo, Vladimir Putin, disse que “combater o racismo, a xenofobia e o nacionalismo agressivo” era um dever, indicando que após cinco anos os casos de intolerância ainda eram comuns em seu país.

Já na Espanha são quatro mil casos de agressões por intolerâncias étnico-raciais a cada ano, segundo o Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia.
Um fato interessante é que se fizermos uma pesquisa rápida sobre países com maior número de casos xenofóbicos, seremos direcionados à Europa.

Em 2011, de acordo com um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) os países mais racistas situavam-se no Velho Continente. E em 2013, uma pesquisa do Washington Post aponta inúmeros países europeus considerados como intolerantes.

Alguns teóricos diziam e ainda dizem que a intolerância é a expressão da ignorância, ou seja, da falta de conhecimento. Esse argumento parece um pouco falacioso, na medida em que abre a possibilidade de justificarmos a nossa aversão ao diferente pelo simples fato de não o conhecermos.

Se não conhecemos uma determinada cultura ou povos e nos deparamos com estes temos a oportunidade de ampliar os nossos horizontes e não de nos afirmarmos e de nos fecharmos à diversidade, repelindo o que é diferente.

Em outros termos, o novo deveria nos provocar curiosidade e a curiosidade é amiga da aprendizagem, consequentemente, até poderíamos não gostar de algumas coisas, mas certamente as conheceríamos e respeitaríamos.

No entanto, há um discurso, veiculado pelos grupos conservadores radicais, que forma nos sujeitos um bloqueio à interação com o outro e desse modo a predisposição que se deveria ter ao tentar conhecer qualquer coisa que seja inibida e, por mais que venha a conhecer, não se simpatiza com o outro.

Logo, a intolerância parece ser a expressão de outra coisa que não seja apenas ignorância e parece estar associada à construção de um ethos de superioridade e de desconstrução, quando não de exclusão, do diferente.

Não basta ter informação, ter o conhecimento, é preciso dialogar com ele, se permitir ao novo, ao outro. Neste sentido, a intolerância seria entendida como uma construção histórico-social: não se nasce intolerante, torna-se!

Filmes como A Vila (2004) dirigido por M. Night Shyamalan; Histórias Cruzadas (2011) baseado no livro de Kathryn Stockett e dirigido por Tate Taylor; A Onda (2009) cujo diretor é Dennis Gansel; Mentes Perigosas (1995) dirigido por John N. Smith e inúmeras outras obras cinematográficas nos levam a uma reflexão sobre a criação de “mitos” e, por meio deles, a construção de uma aversão ao diferente.

O próprio discurso cristão de “igualdade” no qual o lema é de que “todos são iguais” – que é diferente do discurso de isonomia defendido pela legislação, onde todas e todos sãos iguais num sentido legal, sem a perda das individualidades subjetivas – tem como pano de fundo uma homogeneização e, portanto, uma ampla defesa da exclusão das diferenças.

John Locke, em seu texto Carta acerca da Tolerância, chama a atenção para essa questão acentuando as diferenças entre a comunidade cristã e a “sociedade dos homens”. Naquela se tem as funções da religião e nesta as do governo civil.

São os princípios de laicidade, onde os direitos civis, aqui entendidos como Direitos Humanos, devem ter primazia com relação às crenças, etnias e ideologias.

A compreensão do termo simpatia nos ajuda a melhor entender essa problemática e parece uma saída plausível, por mais utópica que venha a ser.

Segundo Abbagnano (2007), os antigos filósofos interpretavam essa palavra como uma “concordância natural entre coisas semelhantes e discordância natural entre as coisas diferentes”, mas essas discordâncias concorriam para uma “unidade universal”, ou seja, uma harmonia dos contrários.

Isso, de certo modo, nos leva a entender que há uma clara defesa dos “diferentes”, em outros termos, da diversidade, sem que necessariamente se tenha a perda de uma unidade: não se entendia a diversidade, o outro como uma anulação de si mesmo, mas como uma a presentificação de um ser diferente.

David Hume, em seu livro Tratado da Natureza Humana (1738), desenvolve a ideia de que a simpatia é um sentimento por meio do qual nos vinculamos a outras pessoas:
“Nenhuma qualidade da natureza humana é mais importante em si mesma ou em suas consequências do que a propensão que temos a simpatizarmos uns com os outros, a recebermos a comunicação das inclinações e dos sentimentos dos outros, por mais diferentes que sejam dos nossos.”
Isso indica uma preocupação com a condição humana e não simplesmente com a condição singular, em outros termos indica um “espírito público”, onde os “interesses da humanidade” estão em primeiro plano, em detrimento dos interesses locais.

Não se trata de uma defesa do fim dos direitos subjetivos e individuais, mas estes não deveriam se constituir em desacordo com os direitos humanos, num sentido forte do termo – diferente do que corriqueiramente estamos acostumados a ouvir sobre Direitos Humanos como se isso fosse uma frase de efeito.

Contudo, vimos no curso da história diversos momentos em que os interesses “nacionais”, e mesmo pessoais, irracionalmente se sobrepuseram ao “espírito público”.

Para sermos sucintos podemos destacar os casos de intolerância:

• na formação dos Estados Modernos;

• nas barbáries contra os povos do “Novo Mundo” que ironicamente – e Montaigne acentua essa ironia no Capítulo “Dos Canibais” no Livro I dos Ensaios – eram considerados bárbaros;

• no final da Primeira Guerra Mundial, com a ascensão das ideologias fascistas;

• com as Ditaduras Militares da segunda metade do século XX; e

• quando pensamos que estávamos caminhando para uma “globalização”, para uma preocupação com a humanidade num sentido amplo, para um empenho geral com a erradicação da pobreza e das desigualdades étnico-socais em todo o planeta, e nos deparamos com uma onda conservadora que parece ter se estendido por boa parte do ocidente.

Os acontecimentos sócio-políticos dos últimos três anos trazem consigo um odor de ultranacionalismo e de individualidades radicais, portanto de fascismo, que deve nos preocupar demasiadamente.

• A ascensão da Frente Nacional francesa, na pessoa da advogada Marine Le Pen que defende uma política de austeridade com relação aos imigrantes e à população mais pobre da França;

• A posição da Alemanha e da Suécia frente à onda de imigração na Europa;

• Os inúmeros casos de xenofobia e discriminação no Reino Unido após a sua saída da União Europeia; e, sobretudo,

• A candidatura emblemática de Donald Trump para a presidência da maior potência econômica do mundo, aliada à delicada situação brasileira, com um congresso mais conservador dos últimos quarenta anos que defende pautas conservadoras radicais e cortes nos setores sociais.

Tudo isso são exemplos que nos levam a refletir sobre a nossa posição frente ao outro e sobre a nossa responsabilidade – não enquanto mulher e homem, brasileiro, latino-americano, mas enquanto ser que faz parte de uma Humanidade que não pode ser desconsiderada em razão de particularidades.
A frase “não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo” – que é atribuída a Sócrates equivocadamente e que outros estudiosos atribuem a Plutarco, filósofo que viveu cerca de 450 anos depois de Sócrates – curiosamente parece expressar a esperança que tínhamos com a “globalização”: 

a de que as fronteiras se diluíssem e a noção de humanidade se fortalecesse com o passar do tempo.

Quais seriam as implicações mais positivas dessa dissolução?

A primeira delas seria a constituição de uma ética Humana, ou seja, para o Homem e para a Mulher num sentido universal e não mais num sentido particular.

A segunda seria consequência da primeira: a atribuição de responsabilidades num plano global e não apenas circunscrito a uma nacionalidade.

Não podemos nos eximir – com base em uma ética humana -, por exemplo, das nossas responsabilidades diante das transformações climáticas; das epidemias; da fome e do aumento de casos de Aids; das mortes nos países árabes e das mortes ocasionadas pela crescente imigração na Europa, entre tantas outras questões que precisam ser vistas e analisadas a partir de uma perspectiva mais global.

São problemas que afetam não apenas a uma determinada população ou região, mas que afetam à humanidade no geral. Reconhecer-se parte de um todo é um passo para cuidarmos do quebra-cabeça que se constitui de partes e não só das partes isoladamente.

Este quebra-cabeça é o mundo no qual vivemos, interagimos e, por isso, não podemos cuidar de uma parte sem pensar no todo, pois sozinha ela não serve para nada: está fadada à incompletude.

Com isso, queremos refletir sobre o nosso papel na construção e manutenção desse quebra-cabeça e a implicação mais óbvia que parece haver é a de que temos uma responsabilidade diante do outro, do mundo e de nós mesmos.

Então, se não podemos mudar as situações mais amplas, podemos mudar a nós mesmos e àquilo que está ao nosso redor. Um bom começo é, por exemplo, buscar a desconstrução das fronteiras que nos barram o contato com o estranho, o diverso, o plural.

Neste sentido, não há por que fortalecermos as fronteiras dos “Estados Modernos” que tendem a permanecer por meio de nossas individualidades, como se o mundo fosse o nosso quintal.

É preciso transpor a fronteira do próprio sujeito e ampliar os horizontes para uma ética que coloque em primeiro plano a Humanidade e não simplesmente o homem.

Só assim os discursos de ódio, a construção das intolerâncias e das fronteiras modernas se esvaziariam de sentido e só assim a palavra simpatia deixaria de ser um conceito distante para se tornar em nós “a faculdade de participar das emoções de outrem, sejam elas quais forem”, como entendia – em consonância com Hume – Adam Smith (1759).

*Formado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Mestrando em Educação na linha de pesquisa “História, Filosofia e Sociologia da Educação” do PPGE da UFSCar, com estudos na área de filosofia moderna, com ênfase em Michel de Montaigne. Tem experiências nas áreas de educação, educação popular, filosofia, música e literatura.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE TUNTUM-MA.


(*) Por Jean Carlos Gonçalves

Em fins da década de 1920 e início dos anos 1930, Tuntum aparece ao lado do Curador como um importante povoado do município de Barra do Corda.

O Arquivo Público guarda o Livro de Registro das atividades do interventor Natal Teixeira Mendes, de 1930 a 1933. Nele, constata-se o desenvolvimento de grandes povoados, que, hoje, são sedes de municípios, tais como Curador, Tuntum, (BRANDES, 1994. p. 285).



Entretanto, Tuntum não usufruiu oficialmente da categoria de vila ou distrito. Não há registro oficial de sua elevação a tais níveis. Por outro lado, o termo “Vila”, fora largamente utilizado em referência ao lugar. Inclusive a “Vila de Tuntum” ficou eternizada na carta de Frei Adriano de Zânica destinada ao Provincial em São Luís, em que relata sobre sua viagem da capital à cidade de Barra do Corda, em janeiro de 1931. Porém, não há dúvidas de que a terminologia utilizada foi para se referir ao expressivo povoado.

Por outro lado Presidente Dutra fora elevado à categoria de distrito ainda em 1896 subordinado a Barra do Corda, assim permanecendo em divisões territoriais de 1936 e 1937. Elevado à condição de município pela lei estadual nº. 820 de 31 de dezembro de 1943 com nome de Curador e através da lei estadual nº. 269 de 31 de dezembro de 1948 o município passa a ser denominado Presidente Dutra. “Sob a mesma lei fica criado o distrito de São Joaquim dos Melos, anexado a Presidente Dutra”. Em divisão territorial datada de 1º de julho de 1950, este município continua constituído dos distritos: a sede Presidente Dutra e São Joaquim dos Melos (IBGE, 2012). 

Com a criação do município de Tuntum, o distrito de São Joaquim dos Melos passa a sua jurisdição. A mesma Lei cria o distrito de Tuntum, conforme o item b, do art.2º - divisas distritais: “O município será constituído de dois distritos, São Joaquim do Melos e o de Tuntum, que fica criado na presente lei.”. Assim, alguns políticos interessados em controlar o eleitorado do futuro município, passaram a articular uma proposta para emancipar Tuntum.

Nesse processo, tanto a conjuntura política estadual como as circunstâncias locais favoreceu a emancipação política de Tuntum.

As eleições estaduais de 1950 foram marcadas por escandalosas fraudes, fato este que desencadearia a famosa “Greve de 1951”, movimento organizado de grupos populares da Capital liderado pelos políticos oposicionistas com o fim de impedir a posse do postulante ao governo estadual, o declarado eleito, Eugênio Barros. Contornada a situação e garantida à posse do governador, o Maranhão passa por um relativo período de estabilidade, graças à postura conciliadora de Eugênio Barros junto aos oposicionistas, garantindo-lhe, desse modo, o controle inconteste da situação.

É também nesse contexto, que se destaca a figura do jovem deputado estadual Eurico Bartolomeu Ribeiro. Eleito em 1954, Eurico apresentou junto a Assembléia Legislativa do Estado o projeto de lei para a criação do município de Tuntum, cumprindo deste modo um compromisso de campanha engendrado em consórcio com seu tio, o chefe político local Ariston Arruda Leda, que havia sido prefeito de Presidente Dutra anos antes e exercia naquele momento o cargo de presidente da Câmara Municipal e tinha planos de comandar o futuro município.

As eleições majoritárias de 1955 mais uma vez reeditaria as negociatas politiqueiras e o clima de tensão devido às disputas e brigas paroquiais pelo controle dos municípios interioranos, fato que tanto marcam a história política deste estado. Presidente Dutra, nesse período, registrara um verdadeiro cenário de tensão e incertezas, pois os grupos políticos se embatiam pelo o controle do poder local.

O grupo dominante, desde a primeira eleição municipal em 1948, reunia uma coalizão de importantes clãs encabeçados pelos os Lédas, os Gomes de Gouveia e os Serenos. Na aludida eleição se elege Ariston Arruda Leda, após disputa acirrada com Virgulino Cirilo de Sousa, que por sua vez fora declarado eleito do pleito após apuração presidida pelo juiz Raul Porciúncula de Morais (Filho, 2007). Entretanto, Ariston não aceitou a derrota e recorreu a Justiça Eleitoral em São Luís. Obtendo êxito em sua reclamação, sendo, portanto, reconhecido como legítimo eleito, cujo mandato se estendeu de 17/05/1948 a 31/01/1951.

Para sua sucessão, a maioria dos governistas, concordou com o nome de José de Freitas Barros. Insatisfeito, Honorato Gomes de Gouveia rompe com Ariston Léda e passa às fileiras da oposição, lançando inclusive sua própria candidatura a prefeito para a eleição de 1950. Porém, não logrou sucesso.

José de Freitas Barros, vulgo Zeca Freitas, se elegeria, mas “Pouco afeito aos meandros da política partidária, logo renunciaria ao mandato em razão da oposição acirrada que seus inimigos políticos lhe faziam, pouco mais de cinco meses após ter tomado posse” (Filho, 2007, p. 173). Na verdade, como se sabe, as disputas extrapolavam o jogo partidário e atingia práticas nefastas, como ameaças, agressões físicas e até assassinatos. Não suportando a pressão Zeca Freitas, abre espaço para o então vice Gerson Sereno assumir a chefia do município. Esperava-se que, com tal medida, os ânimos se acalmassem. Contudo, a conjuntura se agravou.

O grupo de Honorato tinha maioria na Câmara Municipal e pressionou também Gerson Sereno a renunciar, que por sua vez resistiu. Mas temendo o estado de insegurança, resolve recorrer ao juiz Dr. Macieira Neto, titular da Comarca de Codó, que arbitrou pela legalidade. Mesmo assim, “O juiz não teve sua determinação acatada pelo Secretário de Segurança e somente após ameaça do magistrado de requisitar forças federais, foi enviado um contingente militar para Presidente Dutra”. (FILHO, op. cit.). No intervalo entre a renúncia de Zeca Freitas e a posse de Gerson, assumiu a chefia do Executivo, o Presidente da Câmara Municipal, José Ferreira dos Santos, popularmente conhecido como Zeca Belizário (19/06 a 30/10/1954), aliado de Honorato.

Ainda assim, o Capitão Honorato Gomes de Gouveia, organizou um grupo armado para impedir a posse do substituto, mas o contingente policial vindo da Capital, mais bem armado e numeroso, aniquilou rapidamente o levante do bando de Honorato, aprisionando-o e enviando-o a São Luís, garantido desse modo, a tranqüilidade necessária para a posse de Gerson Sereno. No entanto, o grupo de Honorato Gomes não se dava por vencido, que se utilizando de sua maioria na Câmara Municipal, articulou uma manobra para derrubar o então prefeito. Estratagema consumado em sessão extraordinária na Câmara e na qual imediatamente foi dada posse ao então presidente, o Sr. Ilídio Fialho de Souza (21/01 a 10/04/1955), também aliado de Honorato. Contudo, por força da justiça, Gerson seria reintegrado ao cargo de prefeito. 
Mas qual a relação existente entre os episódios de Presidente Dutra e emancipação política de Tuntum?

O cenário de rivalidades e disputas não só ajuda a compreender o processo de emancipação de Tuntum na perspectiva do desmembramento, mas de entender como tal processo foi caracterizado por um aspecto bastante singular de nossa história: O município criado possui uma extensão territorial superior ao “Município Mãe”.

Diante dessa conjuntura, aproveitou-se muito bem Ariston Leda, que após o término de seu mandato como prefeito, conseguiu se eleger para vereador nas eleições de 1950, ocupando inclusive, a presidência da Câmara. Desse modo, Ariston se colocava como uma importante liderança local e com fortes relações com o governador Eugênio Barros e também com o Senador Vitorino Freire que a época reinava absoluto na política maranhense. Somado a isto, o quadro de turbulências inclinaria Ariston a articular um plano para separar Tuntum de Presidente Dutra. De outro lado, Eurico Ribeiro via com bons olhos a separação, pois, tal medida lhe daria amplo controle do eleitorado do novo município.

Como se percebe o nascimento do município de Tuntum se dar sob uma forte teia de relações de interesses entre figuras centrais alinhadas a ala governista do Estado do Maranhão, pois embora na década de 1950 o Brasil estivesse sob a bandeira da redemocratização, a população se quer era consultada sobre questões tão impactantes.

É por conta de tais pactos, negociatas entre essas lideranças e das lutas políticas em Presidente Dutra que Ariston Leda vai articular nos bastidores o projeto de emancipação de Tuntum. O popularmente conhecido Mestre Elias, antigo mecânico da cidade e que chegou à Tuntum em 1954 relata: “Enquanto os Serenos e os Gomes de Gouveia travavam o embate pelo controle do poder, Ariston contratou secretamente um topógrafo em São Luís para percorrer e traçar as linhas limítrofes do mapa que viria constituir no território do município Tuntum”.

Ainda em 1955 seriam realizadas em Presidente Dutra eleições municipais, que comprovariam o prestígio dos Lédas, visto que se elegera Adilon, irmão de Ariston, frente ao grupo de Honorato Gomes. Assim, consolidavam-se suas bases para a consumação do projeto de emancipação e controle político do novo município.

Deste modo, fora encaminhado pelo deputado Eurico Ribeiro, o projeto de Lei para Assembléia Legislativa do Estado, propondo a criação do município. O mesmo fora aprovado em 1º de setembro de 1955, o qual previa obviamente, o desmembramento do município de Presidente Dutra. Eugênio Barros, através da lei nº. 1362/55 sanciona e publica no Diário Oficial do Estado em 12 de setembro de 1955.

Assim nasce Tuntum...

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

A MOLDURA OLIGÁRQUICA - A ERA VARGAS

Sugestões de resposta para os exercícios "Verificação de Leitura" (p. 82)

1. Quais eram as principais divergências entre tenentes e oligarquias durante o governo provisório de Getúlio Vargas?

R: Muitos tenentes foram nomeados como interventores com plenos poderes por Getúlio, afastando grupos oligárquicos do poder regional. Além disso, alguns deles traziam propostas de apelo popular como: redução de alugueis, melhorias no serviço de saúde, organização de sindicatos e até expropriação das terras de fazendeiros comprometidos como o antigo governo.

2. Em que medidas tais divergências eram semelhantes àquelas verificadas, durante a República Oligárquica, entre o Exército e as oligarquias?

R: A principal semelhança diz respeito a centralização política imposta pelos militares a partir do poder central. Para as oligarquias interessava controlar seus respectivos estados com autonomia, com base nos princípios federalistas.

3. Como Vargas limitou o poder das oligarquias?

R: Além de impor interventores, Vargas desarticulou a representação legislativa em todos os níveis, concentrando e reforçando o Executivo, diminuindo a autonomia regional, proibindo a tomada de empréstimos no exterior sem aprovação do governo central eliminando o poder de fogo e os efetivos das forças policiais dos estados. Nas eleições para a Constituinte de 1933, Vargas estabeleceu o voto secreto, ampliou o eleitorado dando direito de voto às mulheres e instituiu a bancada classista, eleita pelos sindicatos de patrões e empregados, ampliando a representação urbana, menos vulnerável à ação das oligarquias e ao voto de cabresto.

4. Em que termos realizou-se o enquadramento das oligarquias no novo jogo político?

R: Diante do vazio de poder que se instaurou após 1930, as oligarquias acabaram por aceitar a direção política federal, numa espécie de compromisso que envolvia a manutenção das manutenção das relações sociais no campo, ou seja, o latifúndio, da exploração da mão de obra livre e do mandonismo local.

5. Por que a Revolução de 1932 não obteve o apoio de outros grupos regionais?

R: Apesar do descontentamento com rumos do governo provisório de Vargas, as demais oligarquias não viam possibilidade de destituir o presidente, nem se mostravam seguros para estabelecer uma nova aliança com a oligarquia paulista.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

12 deuses do Olimpo na mitologia grega

Nesta lista, vamos conhecer 12 deuses do Olimpo na mitologia grega, a grande morada dos deuses. A mitologia é um dos aspectos mais fascinantes da cultura grega. Apesar das grandes criações culturais – Filosofia, Teatro, Democracia, entre outras – os gregos tinham um apego muito grande aos seus deuses, a quem reverenciavam e atribuíam um papel muito próximo ao ser humano. Aliás, a semelhança entre deuses e humanos é um dos aspectos do humanismo grego.

As imagens foram extraídas da série de jogos God of War, que narra as aventuras do espartano Kratos em sua busca por vingança contra os deuses. Porém, as imagens de Deméter, Artêmis e Dionísio não foram extraídas do jogo, ou por não terem aparecido na série, ou simplesmente porque não os encontrei. Esta lista foi extraída e adaptada do blog Monte Olimpo e Mundo Estranho.

Se você curte mitologia e deseja saber mais sobre o assunto, não deixe de conferir:

1- Zeus


É o deus principal, governante do Monte Olimpo, rei dos deuses e dos homens. Era o senhor do céu e o deus da chuva, aquele que tinha o terrível poder do relâmpago. A tempestade representava a sua fúria. Sua arma era o raio e sua ave a águia, animal em que costumava se transformar. Zeus era um tanto mulherengo e teve diversas esposas e casos com deusas, ninfas e humanas, tendo vários filhos semi-deuses, entre eles, Hércules e Perseu.

2- Hera


Mulher de Zeus e rainha do Olimpo, Hera é a deusa do matrimônio, do parto e da família. Extremamente ciumenta, é vingativa com as amantes do marido e com os filhos de Zeus que elas geram. Íris, a deusa do arco-íris, era a servente e mensageira de Hera, e o pavão, a sua ave favorita. Para os gregos, Hera e Zeus simbolizam a união homem-mulher.

3- Posêidon


O irmão mais velho de Zeus e Hades é Posêidon, o deus do oceano. Morava em seu palácio no fundo do mar, junto a sua esposa Anfitrite. Com um movimento de seu tridente, causa terremotos e tsunamis – por isso os navegantes sempre rezavam para esse deus pedindo águas tranquilas e que lhes protegessem dos “monstros marinhos” (que eram as baleias). Posêidon vive procurando aumentar seus domínios em diferentes áreas da Grécia.

4- Atena


É a deusa da sabedoria, imbatível na guerra, nem mesmo Ares lhe era páreo, pois, enquanto este só prezava a guerra violenta e sanguinária, Atena era extremamente estratégica. Filha de Zeus com a primeira mulher dele, Métis. Quando Zeus recebeu a notícia de que Métis estava grávida, ficou com medo de que seu filho o destronasse, como aconteceu com seu pai e seu avô. Carrega uma lança e um escudo chamado Égide e seu símbolo é a mais sábia das aves, a coruja.

5- Ares


O terrível deus da guerra é outro filho de Zeus e Hera. Representado como um homem forte e de caráter violento, ele tinha o prazer em apreciar a dor alheia e, no campo de batalha, pode matar um mortal apenas com seu grito de guerra! Quando estão perto dele, as pessoas sentem raiva e vontade de bater uma nas outras. Pai de vários heróis – humanos que são protegidos ou filhos de deuses -, Ares ainda se tornou um dos amantes de Afrodite.

6- Deméter


Filha de Cronos e Réia, era a deusa das plantas, da terra cultivada, das colheitas e das estações do ano. De seu romance de trágico desfecho com Iásion, Deméter teve um filho chamado Pluto, que posteriormente tornou-se a personificação da riqueza e da abundância. Iásion morreu atingido por um raio fulminante enviado pelo enciumado Zeus ao surpreender juntos os dois amantes. De sua união com sei irmão Zeus nasceu Core que, raptada por Hades, tornou-se Perséfone, a rainha dos mortos.

7- Apolo


Apolo era o deus da luz e do sol, na verdade, os gregos acreditavam que ele era o próprio sol, conduzindo a sua carruagem dourada e resplandecente no céu, para chegar, à noite, ao oceano onde os seus cavalos se banham, enquanto a noite prevalece. Por isso era chamado também de Febo (brilhante). Seus cabelos eram louros e seus olhos claros como o dia. Também era o deus da música, poesia e da arte de atirar com o arco.

8- Artêmis


Ártemis se tornou a deusa da vida selvagem e da caça. Seus cabelos eram negros e tinha olhos escuros, ao contrário de Apolo, ela era a deusa da noite enluarada. Como era uma caçadora, desprezava a companhia de homens, prometendo ser eternamente virgem. Possuia um arco e flecha como os de Apolo, só que prateados. Apesar de portar o arco, a deusa é protetora dos animais.

9- Hefesto


Também filho de Zeus e Hera, Hefesto era o arquiteto, o forjador, construtor de todas as obras do Olimpo. Foi ele que, com a ajuda dos Ciclopes, forjou o raio de seu pai Zeus e os gregos antigos acreditavam que as erupções vulcânicas eram causadas por este deus, que forjava no interior das montanhas. Hefesto nasceu tão feio que foi jogado pela mãe, Hera, – a despeito de ela ser a deusa da família – do alto do monte Olimpo.

10- Afrodite


Deusa do amor, da beleza e do sexo, Afrodite é a mais bela das deusas. Ela nasceu quando Cronos cortou os testículos de Urano e arremessou-os no mar. Da espuma que surgiu na água, ergueu-se a virgem Afrodite. Sua presença causou tumulto no Olimpo, pois os deuses começaram a brigar para conquistá-la, inclusive Zeus. Temendo que o ciúme pusesse fim à paz que reinava entre eles, Zeus a casou com Hefesto, o mais decidido e tranquilo dos deuses, e também como forma de agradecê-lo por ter forjado os raios.

11- Hermes


Filho de Zeus com a deusa Maia, Hermes era esperto e rápido e estava sempre a serviço de Zeus. Ele era o mensageiro dos deuses e também conduzia a alma dos mortos até o submundo de Hades. Protetor dos viajantes, comerciantes, dos ladrões e trapaceiros, em suma, de tudo que requer habilidade e astúcia. Representado como um homem de sandálias e capacete com asas e também portando em uma das mãos o caduceu, uma vara com duas serpentes entrelaçadas.

12- Dionísio


Dionísio, o deus do vinho, das farras e da loucura, era filho de Zeus e Sêmele, princesa tebana, filha de Cadmo e Harmonia. Sêmele, instigada por Hera, rogou a Zeus que a ela se apresentasse em todo seu esplendor. O deus a preveniu de que seria impossível a qualquer mortal resistir a tal visão. Sêmele, que se encontrava grávida na ocasião, não resistiu e caiu fulminada por raios e trovões. Zeus, com o auxílio de Hefesto, retirou-lhe o filho do ventre e o costurou à sua coxa de onde, passado o tempo de gestação, saiu Dionísio.

Fonte:http://www.historiadigital.org/curiosidades/12-deuses-do-olimpo-na-mitologia-grega/