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sexta-feira, 18 de março de 2016

O QUE FALAR AOS NOSSOS ALUNOS DIANTE DESSA CRISE?

Por Joelza Ester Domingues


“Não se acende fósforo para verificar vazamento de gás.”
O conselho vale como metáfora para a situação política atual. Entenda-se por fósforo: a crítica mordaz, a acusação sem prova, a ofensa pessoal, a intolerância e até a irresponsabilidade social. 

E é em nome da responsabilidade social que faço essa breve reflexão. Qual o nosso papel, nesse momento, diante de nossos alunos? Continuamos com nossa aula enquanto um quadro explosivo espalha-se pelo país? 

Estamos vivendo um momento histórico sobre o qual não se pode ficar calado. Daí eu proponho levar o tema para a sala de aula, sem partidarismo e sem acusações levianas, norteados pela pergunta: o que podemos aprender com essa crise? Destaco três grandes lições do atual quadro político e social.

1.Transparência política 

O termo é conhecido, mas vale a pena ser retomado. Transparência política é a obrigação dos governos de dar conta aos cidadãos de todas suas ações, especialmente do uso do dinheiro público, de permitir acesso a toda informação relacionada ao interesse público ou até mesmo de um único indivíduo. É o cuidado de explicar, descrever fatos e circunstância e, por conseguinte, de reconhecer erros ou imperícia. 

O objetivo da transparência política é estabelecer uma relação de confiança entre governantes e governados, e de refrear a corrupção. 

A transparência política é um valor fundamental da política e da gestão pública, mas não pode ser confundida com vigilância policial da sociedade sob o pretexto de que todo político é ladrão. Essa confusão leva a uma paralisia institucional que nada contribui ao desenvolvimento do país, ao contrário, fragiliza a democracia. Uma tal desconfiança cega e irracional criminaliza a política e facilmente descamba para o apoio a líderes ditatoriais ou salvadores da pátria oportunistas. 

Se pedimos conta ao governante de seus atos, precisamos ouvi-lo. Se o argumento não nos convence, reformulamos a pergunta e questionamos novamente. Vamos examinar os arquivos, as notas, os registros que, em nome da transparência devem estar disponíveis. 

2. Tolerância é aceitar o que desaprovamos 

Viver numa democracia moderna quer dizer conviver com costumes, ideias e valores que desaprovamos. Conviver é tão democrático quanto desaprovar. Unanimidade nacional só existe em regimes totalitários. A frase “quem não estiver gostando que caia fora” é uma forma de intolerância que anda de mãos dadas com a limpeza étnica, o horror à mestiçagem, o racismo e o preconceito. 

Tolerância é reconhecer que todos temos algo democraticamente comum: uma base sobre a qual se assentam realidades plurais. A base única é formada pelas leis. E as leis devem ser iguais para todos resguardando os direitos humanos e determinando os deveres correspondentes. 

A tolerância implica em respeito às pessoas e a seus direitos civis. Posso discordar das ideias e crenças do outro, mas minha desaprovação se revela na argumentação onde apresento contradições, outros pontos de vista etc. Ofender a pessoa, atacar sua dignidade, ferir sua intimidade pessoal é intolerância criminosa. 

3. Ninguém está acima da lei 

Esta frase traduz um antigo preceito republicano dirigida ao governante e aos poderosos. Quer dizer, que o governante não detém o poder por si, mas em nome do povo exercendo-o nos limites das leis, democraticamente instituídas. O “Ninguém está acima da lei” é uma conquista da sociedade democrática contra os governos autoritários. 

Muitas vezes, essa frase é rebatida pelo argumento de que “sempre foi assim” ou “outros fizeram e não foram punidos”. Acreditar que “sempre foi assim” é uma lógica primitiva, a mesma que regulava a vida dos povos antigos que se apoiavam na tradição e em mitos. É um argumento teológico que não tem sentido no mundo moderno e muito menos em uma sociedade democrática. É ignorar a história da humanidade e a sua própria história. 

Argumentar que “outros fizeram e não foram punidos” é uma defesa pueril. É querer relativizar a gravidade de um ato criminoso e apostar na impunidade. Não se justifica um erro, um desvio ou um crime porque já foi feito por outras pessoas. Esse argumento não absolve ninguém de ser levado à justiça e, se culpado, condenado. 

A aversão aos limites da lei ou de se achar acima dela aparece também em situações do cotidiano como, por exemplo, não respeitar o sinal de trânsito e furar fila. E o espertinho, quando pego em flagrante, lança a clássica pergunta “sabe com quem você está falando?” A pergunta denota a (falsa) crença de superioridade frente ao resto da humanidade, que destrói o princípio de igualdade e de direito democrático. 

Se ninguém está acima da lei, qual é a finalidade do poder? Pode-se resumir em uma simples resposta: a finalidade do poder é servir. Um poder que se serve, em vez de servir, é um poder que não serve. O Estado é feito para os indivíduos, e não os indivíduos para o Estado. 

Era para evitar a arrogância do governante, que o faria sentir-se superior aos demais, que os antigos romanos tinham um costume bem interessante. Quando o general voltava vitorioso de uma guerra difícil, ele era recebido em “triunfo”, desfilando numa biga conduzida por um escravo. Passava sob o arco do triunfo aclamado pela multidão, e recebia dos senadores a coroa de louros e a salva de palmas (literalmente, uma bandeja de prata com folhas de palmas que, com o tempo, tornou-se sinônimo de “aplausos”). 

Durante todo trajeto pelas ruas de Roma, a cada trecho do desfile triunfal, um escravo subia na biga e assoprava no ouvido do general a frase: “Lembra-te que és mortal”. A frase lembrava ao general que ele não estava acima dos deuses, e que seu sucesso e poder eram temporários. 

Termino com uma parábola que fala tanto de democracia quanto de capitalismo, com seu poder de despertar inveja e aristocratizar pelo dinheiro. Ela é contada pelo antropólogo e professor Roberto Da Matta: 
"Conta-se que, numa reunião na mansão de um bilionário americano, o escritor Kurt Vonnegut Jr., perguntou ao seu colega Joseph Heller: 'Você não fica chateado sabendo que esse cara ganha mais num dia do que você jamais ganhou com a vende de seu livro no mundo todo?'. Heller respondeu: 'Não, porque eu tenho alguma coisa que esse cara não tem'. Vonnegut olhou firme para ele e disse: 'E o que é que você pode ter que esse sujeito já não tenha?'. Resposta do Heller: 'Eu conheço o significado da palavra suficiente'. 
É justamente esse suficiente que nos torna resistentes ao poder do dinheiro como valor absoluto, capaz de romper limites numa sociedade de iguais. É a noção do suficiente que nos dá uma dimensão muito importante da vida: permite valorizar o que somos e temos, o modo como vivemos, os nossos prazeres e escolhas. Permite, acima de tudo, não se apropriar do que não é nosso.

Fonte: http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br/o-que-falar-aos-nossos-alunos-diante-dessa-crise/ - Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues

quinta-feira, 17 de março de 2016

A primeira Guerra Mundial



Principais causas (motivos) que provocaram a Primeira Guerra Mundial:

- A partilha das terras da África e Ásia, na segunda metade do século XIX, gerou muitos desentendimentos entre as nações europeias. Enquanto Inglaterra e França ficaram com grandes territórios com muitos recursos para explorar, Alemanha e Itália tiveram que se contentar com poucos territórios de baixo valor. Este descontentamento ítalo-germânico permaneceu até o começo do século XX e foi um dos motivos da guerra, pois estas duas nações queriam mais territórios para explorar e aumentar seus recursos.

- No final do século do século XIX e começo do XX, as nações europeias passaram a investir fortemente na fabricação de armamentos. O aumento das tensões gerava insegurança, fazendo assim que os investimentos militares aumentassem diante de uma possibilidade de conflito armado na região;

- A concorrência econômica entre os países europeus acirrou a disputa por mercados consumidores e matéria

Consequências da primeira Guerra Mundial:

  • Os acordos que deveriam dar fim aos conflitos da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) serviram para que um clima de rivalidades se agravasse ao longo do período do Entre-guerras. A imposição de multas e sanções extremamente pesadas não conseguiu fazer com que o equilíbrio político real fosse alcançado entre as potências econômicas mundiais. Grosso modo, podemos afirmar que a Primeira Guerra pavimentou as possibilidades para a ocorrência de um novo conflito internacional.
  • Mesmo posando ao lado dos vencedores, a Itália saiu frustrada do conflito ao não receber os ganhos materiais que esperava. Na Alemanha, onde as mais pesadas sanções do Tratado de Versalhes foram instituídas, a economia viveu em franca decadência e os índices inflacionários alcançaram valores exorbitantes. Esse contexto de declínio e degradação acabou criando chances para que Itália e Alemanha fossem dominadas por regimes marcados pelo nacionalismo extremo e a franca expansão militar.
  • A Sociedade das Nações, órgão internacional incumbido de manter a paz, não conseguiu cumprir seu papel. O Japão impôs um projeto expansionista que culminou com a ocupação da Manchúria. Os alemães deixaram de cumprir as exigências impostas pelos Tratados de Versalhes e realizaram a ocupação da região da Renânia. Enquanto isso, os italianos aproveitaram da nova situação para realizar a invasão à Etiópia.
  • O equilíbrio almejado pelos países também foi impedido pela crise econômica que devastou o sistema capitalista no ano de 1929. Sem condições de impor seus interesses contra os alemães e italianos, as grandes nações europeias passaram a ceder espaço aos interesses dos governos totalitários. Aproveitando dessa situação, os regimes de Hitler e Mussolini incentivaram a expansão de uma indústria bélica que utilizou a Guerra Civil Espanhola como “palco de ensaios” para um novo conflito mundial.
  • Fortalecidas nessa nova conjuntura política, Itália, Alemanha e Japão começaram a engendrar os primeiros passos de uma guerra ainda mais sangrenta e devastadora. A tão sonhada paz escoava pelo ralo das contradições de uma guerra sustentada pelas contradições impostas pelo capitalismo concorrencial. Por fim, o ano de 1939 seria o estopim de antigas disputas que não conseguiram ser superadas com o trágico saldo da Primeira Guerra.
Alguns aspectos relevantes sobre a 1ª Guerra Mundial:

Política de Alianças:
As rivalidades entre os estados Europeus levaram à formação de alianças políticas e militares como:

-Alemanha, Império Austro Húngaro, Itália = Tríplice Aliança

-França, Rússia, Inglaterra = Triplo Entendimento

*Estas constituições provocaram a corrida aos armamentos. A guerra parecia inevitável. E a paz que se vivia era já uma paz armada, ou seja, qualquer incidente poderia desencadear um conflito de dimensões incalculáveis.

Fases da 1ª Guerra Mundial:

1ª Fase “Guerra de Movimentos”

Em 1914 (data do inicio da guerra), a maioria dos países beligerantes (em guerra) acreditava que a guerra seria breve. Os alemães pensavam poder dominar a França em poucas semanas, realizando movimentos ofensivos rápidos (daí o nome guerra de movimentos). Invadiram a Bélgica (Neutral) o Norte de França, com o objectivo de alcançar Paris. Todavia, a ilusão da guerra breve desapareceu rapidamente em Novembro de 1914 uma contra-ofensiva francesa deteve o avanço alemão (batalha de Marne).

As forças do Triplo Entendimento (que mais tarde iriam ser chamados de aliados) e as potências centrais (império alemão e Austro-Húngaro) passaram a enfrentar-se numa longa linha que ia do mar do norte à fronteira Suíça era a frente ocidental. Na Rússia, isto é, na frente oriental, os exércitos do Czar foram sucessivamente derrotados pelos Alemães e obrigados a recuar.

2ª Fase “Guerra das Trincheiras”



Foi uma dureza indescritível. Por exemplo, no ano de 1916 houve 2 tentativas de romper a frente de batalha:

Uma do lado alemão (batalha Verdun) provocou cerca de 700 mil mortos, a outra franco-britânica (Batalha Somme) custou a vida a mais de 1 milhão e 200 mil soldados

Para termos uma ideia, as condições de higiene eram péssimas, piolhos,doenças de pele e parasitas são bons exemplos.

3ª Fase “Bloqueio Econômico”

Para além de alterações no mapa político e de importantes mudanças de carácter social, a Grande Guerra teve consequências demográficas e econômicas profundas no mundo ocidental. Este conflito origina elevadíssimas mortes em especial na Europa:
  • 8 milhões de mortos e 6 milhões de inválidos.
  • A Europa (principal local de Guerra, foi o mais atingido em termos materiais em algumas regiões ficou tudo em ruínas (casas, pontes, estradas, fábricas) e os solos esventrados e calcinados.
4ª Fase “Movimentos”
  • 1917: Entrada dos EUA na Guerra.
  • Impérios Centrais: Alemão, Austro-Húngaro,Bulgária,Império Turco.
  • Aliados: Itália, Portugal, Inglaterra, Sérvia, Romênia, URSS, Japão, China, Brasil.
O Primeiro Conflito Mundial

Na 1ª Guerra mundial o armamento foi-se tornando cada vez mais mortífero. Passaram-se a utilizar-se canhões poderosos, grandes metralhadoras ligeiras, granadas de mão, gases tóxicos surgiram pela primeira vez os submarinos, os carros de assaltos (tanques e aviões) e muita artilharia.

Vitória dos Aliados

Os EUA transportaram para a Europa um milhão de soldados bem equipados e bem armados. A situação econômica na Alemanha e na Áustria tornou-se dramática e sucederam-se os confrontos sociais, violentamente reprimidos pelos militares.

Em Julho de 1918 os Aliados lançaram a sua ofensiva decisiva. A Alemanha, progressivamente abandonada por todos os seus parceiros, que foram pedindo a paz, solicitou o fim das hostilidades e em Novembro foi assinado o Armistício (suspensão das operações militares durante um conflito, com vista à realização de conversações e à eventual celebração de um tratado de paz) que pôs fim à Guerra

FIM DA GUERRA!!!

Uma paz precária:

Terminada a Guerra os países aliados reuniram-se em Paris na conferência da Paz (1919). Onde uma das tarefas era o reordenamento do espaço europeu, do médio oriente e das possessões coloniais dos países vencidos.

Nesta conferência foram aprovados vários tratados, um dos quais o de Versalhes com A Alemanha. Estes tratados impuseram aos países vencidos condições humilhantes e definiram um novo mapa político mundial que estabelecia a Alemanha as seguintes condições:

- Restituir a Alsácia e a Lorena à França;

- Ceder as minas de carvão do Sarre à França por um prazo de 15 anos;

- Ceder as suas colônias, submarinos e navios mercantes à Inglaterra, França e Bélgica;

- Pagar aos vencedores, a título de indemnização, a fabulosa quantia de 33 bilhões de dólares;

- Reduzir seu poderio bélico, ficando proibida de possuir força aérea e de fabricar armas;

- Reduzir o exército a menos de 100 mil homens

*Só a China recusou assinar o contrato...

Declínio da Europa e Ascensão dos Estados Unidos

- O Fim da supremacia Europeia

Devido à 1ª Guerra Mundial, a Europa tivera necessidade de adquirir matérias-primas, alimentos e armas, sobretudo aos EUA. Para pagamento das dívidas contraídas, parte do ouro europeu foi progressivamente transferido para os EUA e a Europa passou de credora a devedora aos EUA.

Com isto tudo os EUA beneficiaram de um excepcional crescimento econômico.

Fonte:http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/historia/9primguerrmund.htm