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domingo, 26 de março de 2017

VILSON SILVA, O MENSAGEIRO DE CRISTO!!!

Vilson Silva autografando o CD para Luís Augusto, seu fã.
Ontem, recebemos aqui em nossa humilde residência, a agradável visita do ilustre amigo, o tuntuense Vilson Silva.

Nascido em 07 de novembro de 1975. Filho de Isidoro José da Silva, o Senhorzinho, e Maria Luiza da Silva, Vilson, desde o limiar da juventude, participa ativamente dos movimentos sociais da Igreja Católica: grupos de jovens, Renovação Carismática. Também contribui com sua música com os grupos de Nossa Senhora e Grupos de Casais, inclusive ministrando palestras para os casais. De vida social intensa, também já ocupou a função de diretor da Rádio FM Nova Esperança, sonoplasta e apresentador de programas jornalísticos, políticos e gospel.

Vilson Silva, é músico, cantor e compositor. Lançou ano passado , aqui em Tuntum, lançou seu primeiro álbum intitulado: “Digo Sim”, com boa aceitação do público, inclusive, dos municípios da região. Homem de fé, a música de Vilson Silva segue a linha evangelista, voltada especialmente, para atingir o público cristão.

O artista já está trabalhando na produção de seu novo álbum, que deverá ser lançado no início do próximo ano.

O blog Ecos de Tuntum apoia o trabalho de evangelização de Vilson Silva por meio da música de letras belíssimas, de conteúdo edificante e conclama aos mecenas da cultura de Tuntum e, sobretudo, aos cristão, a apoiarem esse projeto lindíssimo e de grande qualidade.

Desejamos sucesso a esse nobre amigo, talentoso artista, cidadão consciente, promotor da paz e do bem!







sábado, 25 de março de 2017

MESTRE DODÔ - O MISTER CAVALHEIRISMO!!!

Por Jean Carlos Gonçalves.
Odílio Alves da Cruz, o Mestre Dodô.
Quando, em junho de 1987, visitei Tuntum pela segunda vez, acompanhado de meu pai, que veio com o intento de comprar uma casa para aqui fixarmos residência, hospedamo-nos na casa de tio Elesbão situada na rua Senador Vitorino Freire, lado oposto a Oficina de Mestre Elias. Na aurora de meus 8 anos, não tinha dimensão do que a vida reservaria, aliás não tinha essa preocupação ou consciência, o que é absolutamente natural, pois minhas “preocupações” consistia tão somente em brincar e admirar a cidade que em breve acolheria a mim e minha família, uma vez que, meu pai dissera que não retornaria à Graça Aranha sem antes, comprar nossa nova morada.

Em 1987, Tuntum levava uma vida bastante intensa. Ano em que a cidade recebeu muitos alagados, atingidos pelas águas da Barragem do Rio Flores. Centenas, milhares, deixaram os povoados e lugarejos do norte do município para morar aqui na cidade, o que fez surgir novos bairros, causando um verdadeiro inchaço urbano.

As ruas do centro eram muito movimentadas e isso chamava a minha atenção por demais, pois Graça Aranha, só tinha nome de cidade, na realidade era um lugar de cenário bastante bucólico.

Quando saía à calçada da casa do Tio Elesbão, brincando com o meu primo/sobrinho Maurício, além de muitos transeuntes, automóveis e caminhões carregados de arroz e milho que subiam e desciam a rua, flagrei um senhor, sentado à porta lendo um jornal impresso, que após breves segundos de uma pausa na leitura, permitiu que visualizasse completamente sua face. Mirei, fixei por uns demorados minutos aquele homem de cabelos já embranquecidos, tal qual seus sapatos, mas de rosto vívido e semblante risonho, que naquele intervalo da leitura, cordialmente, cerimoniosamente, cumprimentava, com apurados pronomes de tratamento, todos que ali passavam e que atendia pelo codinome de: MESTRE DODÔ!

O simpático e risonho velhinho, soube que meu tio recebia em sua casa um irmão e logo tratou de fazer embaixada, apresentando-se e dando as boas-vindas ao meu pai. Após uma breve conversa, com seu jornal em punho, se retirou e com a mesma elegância distribuía afáveis comprimentos a todos que no percurso encontrava. Observando aquele homem, a curiosidade aflorou e, transbordante, fez emergir uma pergunta que desde o dia anterior me corroía:

- Papai, aquele homem é médico? 

- Por que você pergunta Coronel? Indagou meu pai que sempre gostava de me chamar usando uma patente do exército (Seu sonho era que eu me tornasse um militar).

- Porque, papai ele só usa sapatos brancos!!!

Minha resposta causou risos de meu pai e de meu Tio Elesbão, que por sua vez, tratou de explicar:

- Ele trabalha na Justiça, acho que ajuda o Promotor. Ele não  é formado, não é doutor, mas é muito estudioso, ler muito e é sabido, por isso, deram o emprego para ele. Disse meu tio já em tom mais sério.

Um mês depois nos transferimos definitivamente para Tuntum e como eu era apaixonado por futebol, todos os domingos pedia dinheiro ao meu pai para assistir aos jogos no Estádio dos Padres, como chamavam o Dom Adolfo Bossi. Lá, além de assistir, grandes partidas de futebol da Associação e do Atalanta, testemunhei os dribles de Valber, Manelinho, os gols de Djó, Remy, os chutes de Elimar, Paulino, Vando e Andrezinho, vi a imponência de Nego Celino e categoria de Junior do Luizão, tal qual a elegância do ilustre torcedor, o Mestre Dodô, que de seu lugar reservado próximo a primeira trave (a da entrada, da bilheteria do estádio), assistia e compunha a tribuna de honra, ao lado de outros célebres torcedores como Ozano Saraiva, Mestre Quinca, dentre outros.

O curioso é que as vezes, no decorrer dos jogos, a bola “procurava” o Mestre Dodô, que demorava devolver, como quem queria ficar e levar para casa. Era também um grande apaixonado pelo futebol. Com um tempo soube (nas rodas de conversa, na arquibancada ou ao final dos jogos) que fora comentarista esportivo da Rádio dos Padres (Obra de Mestre Alderico na década de 1970), que transmitia os jogos, narrados pelo saudoso Júlio Dantas. Era intenso mesmo o Seu DODÔ, pois também as rodas de conversa revelaram que na condição de treinador e presidente de time aqui na cidade, dispensava muita atenção aos seus jogadores e organizava partidas com times de outras cidades, recebendo-os com toda hospitalidade, própria de um homem, diplomata nato, a personificação do CAVALHEIRISMO.

Entretanto, somente com a sucessão dos anos é que passei a ter uma melhor noção, ainda que imprecisa, da dimensão, da importância de Odílio Alves da Cruz, para a vida social de Tuntum desde que aqui chegou por volta de 1940, quando o vilarejo sequer sonhava com sua emancipação. Muitos apelidavam o lugar de Currutela, em referência a um lugar sem desenvolvimento, apesar do povoado Tuntum despontar como um dos mais importantes de Barra do Corda, e que em 1943, passaria aos domínios territoriais de Curador, atual Presidente Dutra.

Em 1940, o mundo assistia a Segunda Guerra Mundial, a avidez de Hitler para dominar o mundo e implantar o III Reich (o terceiro Império alemão), promover uma limpeza étnica e garantir a supremacia da dita raça ariana. O Brasil que vivia em plena ditadura de Getúlio Vargas, o chamado do Estado Novo, contraditoriamente, caminhava para o alinhamento com o bloco dos países Aliados contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), e isso se define quando em 1943 os EUA entra na Guerra contra o Eixo, arrastando o Brasil para o conflito, devido ao seu vínculo com a Terra do Tio Sã. Mas o que isso tem a ver com Mestre Dodô? 

Bom, Mestre DODÔ é natural do vasto colonial território dos Pastos Bons, nascido em Colinas-MA (Picos, antigamente) em 26 de agosto de 1917, o filho único de Aldelino Cruz e Castro e Maria Pereira Araújo, que na época da Grande Guerra estava em plena idade militar e pode ter migrado para a Tuntum, devido o lugar se situar na Mata do Japão, região de mata exuberante e difícil acesso que muito atraia os moradores do sul maranhense, especialmente de Pastos Bons. Esses emigrados, além dos solos férteis para a lavoura, buscavam na Mata, um refúgio para perseguidos políticos e, em tempos de guerra, um abrigo mais seguro, para os homens jovens, que poderiam ser recrutados para as Forças Armadas. Não afirmo, que seja o caso de Odílio, até porque a ideia de busca da Terra Prometida, sempre prevaleceu ante a outros fatores de povoamento de Tuntum, como a própria possibilidade de recrutamento militar, que fez com que muitos homens fossem para os confins da Amazônia ou se embrenhassem na Mata do Japão.

O certo é que, conforme registrei acima, Mestre Dodô chegaria a Tuntum no início dos anos 1940, para exercer seu ofício de alfaiate, farmacêutico, enfermeiro prático, escrivão, delegado, juiz de paz, oficial de justiça e adjunto de promotor de justiça. Uma trajetória de vida intensa e gloriosa, coroada com as bênçãos de um prole numerosa, fruto de seus dois casamentos com as já falecidas Filomena e Júlia, as quais lhe presentearam com três e dez filhos, respectivamente. São eles: Gilza, Gilvan e Gilma, do primeiro casamento; e, Gilvanda, Gilda, Gildeci, Gildete, Gilberto, Gildemar, Gilson, Gildásio, Gilmar e Gilvanete, que em conjunto lhe renderam dezenas de netos e bisnetos, inclusive, quatro tataranetos. 
Gilvan Vieira Cruz, primogênito , do primeiro casamento de Mestre Dodô. Residente em São Luís-MA, é funcionário público aposentado.
Homem de muitos talentos e virtudes, que o escritor Remy da Mata, assim representa:
“O insigne cidadão chegou em Tuntum 1940 vindo das Chapadas do Alto Itapecuru, mais precisamente de Colinas, a Princesinha do Alto Sertão maranhense, cidade onde ele nasceu em 26 de Agosto 1917. Logo se tornou um aguerrido membro da sociedade tuntuense. Homem afável, bem humorado e progressista. Agenciou mudanças, transformara-se, pois, em figura exponencial. Um gigante ser humano, descomunal criatura, a serviço do bem, da virtude, da lealdade e da pertinência. Até o início da década de 70 em Tuntum não tinha médico, o Drº Adriano Berrospi residia em Presidente Dutra e Drº Armando, da cidade de Dom Pedro, atendia a nossa população aos sábados e domingo pelas farmácias da cidade. Seu Dodô e Zequinha enfermeiro cuidavam da saúde dos munícipes, eram uma espécie de médicos das famílias. Seu Dodô saía todas as manhãs com sua frasqueira levando os medicamentos para atender seus pacientes. O Anjo da Guarda da Juventude, tinha um estojo metálico de aplicar injeção com seringas de vidro, agulha de aço, antes de esterilizar para o seu uso, ele amolava as agulhas numa pequena pedra que fazia parte do seu gabinete médico móvel.”
Essa descrição de Remy da Mata, permiti-nos aguçar a sensibilidade para reconhecer a grandeza e importância do Lord Mestre Dodô e de suas inúmeras facetas e ofícios, cuja a mais destacável, talvez seja a de Adjunto de Promotor, emprego resultante de sua eficiência como cidadão atuante e de suas relações de amizade que impressionava a todos, inclusive, grandes personagens da política maranhense, a exemplo do saudoso Deputado Estadual, Federal e Governador do Maranhão, Eurico Bartolomeu Ribeiro, que defendeu e avalizou o nome de Odílio Alves da Cruz para o importante cargo. 
Nomeação de Odílio Alves da Cruz para cargo de Adjunto de Promotor de Justiça, assinado pelo Governador interino do Estado do  Maranhão, Eurico Bartolomeu Ribeiro. Publicado em 27/08/1956.
Certidão que atesta a posse de Odílio Alves da Cruz no cargo de Adjunto de Promotor de Justiça, em 31/08/1956. Documento assinado por José Ricardo Araújo, o primeiro tabelião da história de Tuntum.
Além de toda a sua vida ativa na esfera pública, Mestre Dodô, é reconhecido por também encarnar, no âmbito privado, o tipo de ideal de chefe paternal, provedor, protetor e orientador de sua numerosa família, pautando-se sempre na moral e nos bons costumes. Daí, a explicação de tanta preocupação de seus filhos para com o seu atual estado de saúde, mesmo os que moram distante,  ou se compreende o modo carinhoso e os cuidados que os filhos e netos que com ele residem ou estão mais próximos, especialmente, Gildeci, uma filha abnegada que, simbolicamente, encarna e justifica os cuidados que seu pai teve com todos no passado, o que faz emergir a velha máxima : "Se colhe o que se planta.". Além de Gildeci, hoje o Mestre Dodô, conta com  os cuidados de seus netos que criou como filhos, Eisenhover e José Luís, e também do carinho do bisneto Luan, filho de Eisenhover e Rita. Esta  também considerada como uma filha por Mestre Dodô.
Mestre Dodô ao  lado de Gildeci, filha do segundo matrimônio 

Gildeci amparando seu pai, com todo carinho possível, há cinco meses do centenário de Mestre Dodô.

Casal Rita e Eisenhover, o Zerral, neto de Mestre Dodô.

Na calçada de sua residência, exatamente
 onde o vi pela primeira vez, há 30 anos.

Hoje, 30 anos após o nosso primeiro encontro, retorno a mesma rua, para reencontrá-lo, agora não mais com aquela curiosidade de menino, mas com a admiração de um adulto para com a vida e obra do Grande Mestre Dodô, que às vésperas de completar um centenário de vida, não mais possui a mesma vitalidade de outrora, tão peculiar dele, todavia, com a lucidez suficiente para ainda interagir com seus interlocutores e com o mesmo cavalheirismo que o faz exalar altivez, polidez e gentileza.

Luan e José Luis, bisneto e neto, respectivamente.
Mestre Dodô aos 98 anos dando o nó na gravata de Luan, seu bisneto.
Sabemos bem, que um breve texto, não traduz com precisão tudo o que Mestre Dodô protagonizou em Tuntum. Entretanto, por tudo que fez e representa, o blog Ecos de Tuntum, faz ecoar aos tímpanos e retinas da nossa juventude, da nossa gente, este singelo registro de nossa admiração, respeito, reconhecimento e gratidão para com esse Grande Homem e Cidadão de Excelência!
Odílio Alves da Cruz, recebendo o título de cidadão tuntuense, do então vereador Salomão Barbosa, que mais tarde se tornaria prefeito de Santa Filomena do Maranhão.
Que a posteridade tenha a oportunidade de conhecer o grande exemplo de MESTRE DODÔ!!

domingo, 19 de março de 2017

Dr Cleones Cunha - Discurso de Agradecimento pelo Título de Cidadão de São Luís

Desembargador e atual Presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, Drº Cleones Carvalho Cunha
Na última terça-feira, 14/03, o ilustre filho do município de Tuntum, o Desembargador e atual Presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, Drº Cleones Carvalho Cunha, recebeu da Câmara de Municipal de São Luís-MA,  o título de Cidadão ludovicense. 

De origem humilde, o magistrado, nasceu em 1959, no então povoado de Santa Filomena. Drº Cleones Cunha é um exemplo vivo para os jovens de como a Educação pode transformar a vida do ser humano, especialmente, a dos mais pobres e carentes, se constituindo no mais honroso caminho de ascensão social. 

O Blog Ecos de Tuntum parabeniza ao Drº Cleones por fazer ecoar o nome de Tuntum de modo glorioso!

Segue, na íntegra, seu discurso de agradecimento... 

"Excelentíssimo Senhor Vereador Astro de Ogum, Presidente da Câmara Municipal de São Luís do Maranhão e desta solenidade;

Excelentíssimo Senhor Vereador Osmar Filho, autor da proposta de concessão do título de cidadão ludovicense a este tuntunense que vos fala;

Excelentíssimos Senhores Vereadores,

Senhores Desembargadores, juízes de direito e servidores do Poder Judiciário,

Amigos e familiares que me prestigiam nessa solenidade;

Senhoras e Senhores;

Nasci no então povoado de Santa Filomena (hoje município de Santa Filomena do Maranhão), do recém-criado Município de Tuntum. No meu lugarejo de única rua, sem água encanada, sem energia elétrica, havia uma pequena capela de palha, e um grande tesouro, a única professora, minha tia-avó, Lourdes Mourão. E por causa dela sempre posso fazer minhas as palavras do poeta cearense Filgueiras Lima:

Era menino.
Um dia, olhei o céu: longe, as estrelas.
E eu tive uma vontade imensa de colhê-las.
Estava desvendado o meu destino.

Este é um momento singular. A vida é uma sequência de momentos, mas somente os singulares deixam marcas, e são destes que fala o artista da poesia:[1] há momentos que valem toda a vida. Jamais esquecerei a emoção deste momento, o momento em que me torno cidadão de São Luís.

O sentimento que me invade a alma neste instante é o de gratidão. Gratidão a Deus! Gratidão aos senhores vereadores que me outorgaram o título de cidadão de São Luís, em especial ao Jovem Vereador Osmar Filho, autor da proposta que deu azo a esta solenidade de tamanha importância para mim e que segue os passos do seu pai, juiz Osmar, na seriedade e competência com se conduz na vida pública.. Gratidão à minha querida família (Olinda minha companheira, minhas irmãs Salete e Stella, meus irmãos Tema e Kleber, e suas mulheres Daniela e Zezé, e a todos os meus sobrinhos-filhos e netos, que homenageio nas minhas netas Alice e Maitê, ludovicenses, que hoje, exatamente hoje, aniversariam completando seis anos de idade. Aos meus amigos, em especial os desembargadores, juízes e servidores do Poder Judiciário do Maranhão.

São todos copartícipes deste momento de alegria e júbilo na vida de um garoto simples do interior, que aqui chegou em março de 1974, em busca de conhecimento. Apesar de ousado e destemido, São Luís era uma metrópole para aquele adolescente de quinze anos

Vejo nesta data – 14 de março – uma feliz coincidência. Foi num mês de março que vim a São Luís pela primeira vez. Caíam então as mesmas chuvas fartas que ora banham a Ilha do Amor. Em verdade, aquelas águas de março que escorriam ladeiras abaixo, lavando as pedras de cantaria que calçam o centro da cidade, que viria ser patrimônio cultural da humanidade, contribuíram para o cenário misterioso, fantástico que se desenhava para aquele menino curioso e sonhador...

São Luís recebeu-me de braços abertos. Apresentou-me a vida. Ofereceu-me oportunidades, abriu-me as portas da Universidade Pública, deu-me futuro. Logo, logo, eu já conhecia a rua do Passeio, e na esquina da Rua da Inveja, estava fincado o Colégio Dom Bosco do Maranhão, no qual estudei, à Praça Pedro II, que sediava o Palácio dos Leões, o La Ravardiere e o Clóvis Beviláqua, sedes do Executivo Estadual, do Municipal e do Poder Judiciário, respectivamente. E a Catedral da Sé de Nossa Senhora da Vitória. O Largo dos Amores, a fonte do Ribeirão. E tudo era tão grandioso! Em frente ao Palácio do Tribunal de Justiça, parei um dia e me prometi: vou estudar Direito. Na verdade estava sonhando, vaticinando o que a mim mesmo parecia quase impossível.

Daquele dia em diante, São Luís era mais e mais a minha cidade. Nossa intimidade era tamanha, que parecia ter eu nascido sob o sotaque das matracas e dos pandeirões do Bumba-meu-boi, quantas noites nos arraiais nas festas juninas. Minha identidade cultural é há muito a desta capital do reggae, a da Ilha do Amor, em que pese jamais ter esquecido a minha singela cidade de Tuntum.

Em São Luís construí minha personalidade, naturalmente forjada pelos valores morais passados pelo exemplo dos meus queridos pais seu Seabra e dona Maria Helena, desde muito, muito cedo. Esses valores também foram implantados em mim pelos frades capuchinhos, que participaram intensamente na construção da vida religiosa, social e cultural da minha cidade de origem. Os mesmos frades capuchinhos que participaram da fundação desta cidade de São Luís em 1612, acompanhando o senhor de La Ravardière.

Em São Luís, optei e construí minha carreira profissional, naturalmente via concurso público (filho de pobre não tem outro caminho) num primeiro momento, para o Ministério Público e professor da Universidade Federal do Maranhão, e depois para juiz de Direito, minha vocação. E ainda hoje, esta cidade é testemunha, orgulho-me de ser juiz e busco honrar e dignificar com todas as minhas forças tal mister.

Muita coisa mudou de lá para cá. Hoje, São Luís já se me apresenta menos grandiosa. A maturidade, o conhecimento e o meu senso de juiz vocacionado me escancaram dia a dia as mazelas da bela Ilha de Upao-Açu, a exemplo de tantas crianças e adolescentes que, sem lar e fora das salas de aula, consumindo drogas, usadas por facções criminosas, praticam os mais variados delitos, gerando a grave violência que assola não só esta cidade, mas todo o Estado do Maranhão, o Brasil. Nem por isso, São Luís é menos amada, menos cultuada, menos cantada, menos magnética, menos misteriosa, menos enigmática., por que, como diz César Nascimento: o amor nasceu aqui

Para ser justo, a falta de Educação ou a Educação insuficiente/precária, à qual me refiro, contudo, não é especialidade nossa, mas de toda a Nação, e remonta há quinhentos anos. Nós, brasileiros, temo-nos mostrado incompetentes para estabelecer/priorizar uma educação de qualidade, capaz de transformar nossos destinos, daí por que somos algozes e vítimas dessa mesma incompetência/incapacidade. Daí por que caminhamos lado a lado com a corrupção, a má gestão, a violência, tudo atualmente agravado pela atual conjuntura econômica e política, andando mesmo a passos largos para uma convulsão social, infelizmente, a exemplo do que ocorreu aqui há alguns anos, ou em Manaus, Natal e mais recentemente no estado do Espírito Santo. Aonde iremos nós? Para onde seguiremos? Que país deixaremos para os nossos filhos e netos, senhoras e senhores?

Não poderia eu dispensar este momento diante do Poder Legislativo Municipal de São Luís para fazer as tais reflexões. Apesar de sermos todos responsáveis pelas nossas próprias mazelas, os senhores vereadores de São Luís, pelo menos no respeitante à problemática desta cidade, têm mais vez e voz que o cidadão comum, esses mesmos que os elegeram representantes no processo democrático. Mas que nenhum de nós se exclua, pois, da responsabilidade que a nós a Vida, o Dever e o Ideal se nos impõe, pois somos todos, cidadãos e membros dos poderes Judiciário, Legislativo e Executivo, responsáveis. Fácil não é, sabemos. Mas, a vontade move o mundo e juntos seremos mais. Sei que os senhores vereadores lutam a cada dia pelas melhorias de nossa querida São Luís do Maranhão, por isso os parabenizo. Nós ludovicenses confiamos nos senhores.

Mas, voltemos à alegria e ao júbilo que a ocasião demanda. Senhoras e Senhores, estou eu aqui neste instante, quando exerço o nobre, mas difícil exercício da Presidência do Poder Judiciário do Maranhão, transmudado naquele jovem rapaz vindo do interior, que amava os Beatles e os Rolling Stones, mas que estudou e estudou muito, nem por isso foi herói ou pioneiro, os estudos eram prioridade e pronto. Falo disso para incentivar os presentes, mormente os mais jovens, lembrando-os de que QUERER É PODER!

Minha Ilha bela, acabo de receber a simbólica certidão de nascimento, que me outorgaram. Sou, pois, orgulhosamente, um ludovicense. Ludovicence de Ludovico, do germânico holdoviko, que originou no francês o topônimo Louis, Luís em português, mais ense, o que deu ludovicense. Sou agora conterrâneo de Aluízio e Arthur Azevedo, de Nauro Machado, Ferreira Gular, Odylo Costa Filho, Odorico Mendes, Josué Montelo, Maria Firmina dos Reis, Catulo da Paixão Cearense, Ana Jansen, Francisco Sotero dos Reis, que foi membro desta casa, só para citar alguns. Mas tenho que lembrar também que serei conterrâneo do meu colega e querido irmão Desembargador Jorge Rachid, grande magistrado e grande cidadão ludovicense.

Tenho muito, senhoras e senhores, o que agradecer a Deus. A esse Deus misericordioso que me deu mais do que mereço e até mais daquilo que sonhei. Além das muitas homenagens que já recebi aqui e alhures, agora recebo esse título de cidadão da cidade que escolhi para viver. É em São Luís que eu me encontro. Aqui conquistei amigos, aqui trabalho, aqui vivo a vida, “vida que é a combinação de amargo e doce, de triunfo e derrota”, como é para todo mundo. Somos todos responsáveis por nossa própria história! E pela história do meio em que vivemos, logo responsáveis por nossa querida São Luís. Cada um de nós precisa, pois, dar as nossas particulares parcelas de contribuição, sejam afetas à família, às escolas, às igrejas, aos ambientes profissionais, e sociais.

Finalizo cantando, louvando a São Luís, como fez nosso conterrâneo Bandeira Tribuzzi:

Ó minha cidade
Deixa-me viver
que eu quero aprender
tua poesia
sol e maresia
lendas e mistérios
luar das serestas
e o azul de teus dias

Quero ouvir à noite
tambores do Congo
gemendo e cantando
dores e saudades
A evocar martírios
lágrimas, açoites
que floriram claros
sóis da liberdade

Quero ler nas ruas
fontes, cantarias
torres e mirantes
igrejas, sobrados
nas lentas ladeiras
que sobem angústias
sonhos do futuro
glórias do passado

Obrigado senhores vereadores, obrigado senhoras e senhores."

segunda-feira, 13 de março de 2017

REVISITANDO MINHA MEMÓRIA!!!

Silas Silveira, Jean Carlos Gonçalvese Josimar Gonçalves.
Aprendi com o renomado filósofo, Mario Sérgio Cortella, que a palavra nostalgia significa lembrança com tristeza, com melancolia, em fim trata-se de uma saudade com dor, ao passo que o termo saudade, representa sentido oposto, pois assume o signo de boas e memoráveis, agradáveis, prazerosas lembranças.

Como a vida é feita de encontros e, especialmente, reencontros, volta e meia nos deparamos com situações que nos induzem a mirarmos com a consciência para o passado. Mergulhamos em nostalgias e saudades inevitáveis, mas no último domingo vivi um misto de nostalgia e saudade na minha velha e bucólica Graça Aranha. Fui encontrar e reencontrar com antigos atores e figurantes de meus anos dourados. 

Fiz embaixada na residência  de Vicente Trajano Silveira, pai de meu grande amigo, Silas Silveira, no povoado Os Piaus (Santa Luzia das Matas), no município de Graça Aranha. Silas que deixou a Terrinha na década de 1980 para tentar a vida na Capital paulista como muitos de suas época, conseguiu com muito esforço pessoal, se tornar gráfico do importante periódico diário: O Estado de São Paulo, o Estadão. Apesar de ele me ver à porta de minha casa praticamente todos os dias, pois estudava no centro da cidadela não tivemos qualquer relação de amizade durante minha infância. Entretanto, com a potencialidade das redes sociais, passamos a nutrir grande sentimento de amizade, pois temos muito em comum. Silas é um homem politizado, gostar de ler, gosta de história e de cultura, daí a proximidade.

Ontem, atendi mais uma vez o convite de Silas para degustar uma saborosa galinha caipira lá nos Piaus. Dentre tantas conversas e lembranças com o octogenário Srº Vicente Trajano, o próprio Silas e Josimar Gonçalves, o Cineasta da Mata do Japão (este não conhecia), pudemos dialogar, debater e refletir sobre a vida, a sociedade, a política, a história. Tanto que lembrei da Roda dos Amigos de Militão Bandeira de Barros em Grajaú durante a primeira metade do século XIX.

O ápice do encontro ocorreu quando próximo a despedida Silas Silveira, apresentou-me esse belo presente...
Vicente Trajano, Silas Silveira, Jean Carlos Gonçalves e Josimar Gonçalves.
Jean Carlos recebendo um exemplar "O Estado de São Paulo - Páginas da História ", de Silas Silveira, gráfico do Estadão.
Para um humilde professor de História, passar a contar, a partir de então, com uma fonte, a qual registra desde o primeiro jornal posto em circulação do Estadão até a atualidade é formidável. De fato, um presente marcante, que somente os amantes da cultura tem dimensão de sua importância.

Além disso, destaco a satisfação de ser agraciado com a fotográfica memória do Srº Vicente Trajano que nos narrou a primeira eleição municipal de Graça Aranha, na qual meu pai fora candidato a vice-prefeito de Hilton Bonfim, o Beleza, derrotados pela chapa Nacor Rolins e José Alencar, em 1962.

Outro dado novo é que conheci pessoalmente o Cineasta da Mata do Japão, um autodidata que tem surpreendido com suas produções. O mesmo tem um canal no Youtube com mais de 3 milhões de visualizações. Em momento oportuno o Ecos de Tuntum apresentará melhor Josimar Gonçalves, o Cineasta.
Silas Silveira, Jean Carlos Gonçalves e Josimar Gonçalves.
Após a despedida, tomamos o caminho de volta para casa, passei pela rua que vivi parte de minha breve infância em Graça Aranha. Um filme passou na minha cabeça. Estacionei em frente da casa que há exatamente 30 anos eu deixei. A emoção foi transbordante, fui recebido à porta pelo Sgto. Sousa Ramos, filho de Abel Ramos, saudoso, que comprara aquela casa de meu também saudoso pai. Ao adentrar aquela edificação, minha consciência acionou flashes de minha memória, um bombardeio. Olhando vagarosamente cada cômodo, praticamente intacto, sem alterações me deixou ainda mais convencido de que um homem sem memória é um homem infeliz.

Quando me deparei na sala de jantar com personagens que convivi há três décadas, e que jamais pensei reencontra-lhes ali, terminei de concretizar minha tese óbvia de que a história dá sentido à vida do homem. 
Kléber, Messias, Jean Carlos, Regildo, Sousa Ramos e José Top Cell.
Reconheço que  a dor, a angústia e o aperto no peito de ter deixado aquele cenário há tanto  tempo e, que ainda reluta em mim um sentimento de pertencimento, se misturou a alegria de rever amigos, de reconstituir imagens e cenas de nosso teatro dos dourados anos e compartilhar ali das pitorescas lembranças de nossa infância.

Lembrar, por exemplo, do folclórico Gostaria, antigo engraxate da cidade e fazer encher-lhe os olhos de pura emoção, afangando seu orgulho, pelo simples fato de instantaneamente reconhecê-lo depois de tanto tempo. Logo depois de tão descaracterizado de famoso black power, sem seus destacados cordões em seu pescoço e roupas chamativas. 
"Gostaria", antigo engraxate de Graça Aranha, hoje camelô e Jean Carlos
Como foi bom brincar de SENHOR DO TEMPO E DA MEMÓRIA, e rememorar proezas de nosso passado e deixar os interlocutores admirados, de um personagem que deixou o lugar aos 8 anos de idade, que todavia, testemunha vivamente nossa memória.

O PRESENTE DO POETA ANTONIEL!!!

DE MEIO QUILO A PESO PESADO

Há certos anos atrás
Um simples menino nasceu
Como todo e qualquer menino
Este menino também cresceu
Professor Jean Carlos
Este é o nome seu

Não sei muito sobre ele
Mas hoje preciso falar
Por ser seu aniversário
Eu não posso me calar
Não vou deixar passar em branco
Quero lhe homenagear

Por volta dos onze anos de idade
Um apelido ele ganhou
Por ser um menino magricelo
Mestre Quinca lhe batizou
Dizendo você é Meio Quilo
Este apelido nele pegou

Só que no decorrer do tempo
Aquele menino muito mudou
Mergulhando nos estudos
Se formando em professor
Hoje já merece um título
De um grande historiador

É professor de História
Em Tuntum do Maranhão
Vive a plantar sementes
Na área da Educação
Planta aqui na cidade
Também na área do Sertão

Em cima de duas rodas
Ele sai por aí a semear
Em Santa Filomena e outras
Ele também planta por lá
Os alunos que o tem como professor
Podem realmente se orgulhar

Na área do saber eu afirmo
Que muito nele foi mudado
Pois o meio quilo do mestre Quinca
Hoje é um peso pesado
Isto na área da Educação
Não me interprete por outro lado

Escreve várias poesias
Que muito alegra o leitor
Hoje é pai e esposo
Que em sua trajetória
Já tem um grande valor

Numa luta acirrada
Alegrando nossa população
Além de ser destaque
Na área da Educação
Luta recuperando a história
De Tuntum do Maranhão

Pra descobrir talento
Se tornou um garimpeiro
Lógico que ele tem suas fontes
Ou melhor, seus olheiros
Que ao encontrar algo liga
Jean venha aqui ligeiro

Ele não mede esforços
Pra tradição resgatar
Mostrando as raízes ricas
Aqui do nosso lindo lugar
Com as pessoas mais idosas
Que ele gosta de conversar

E é nestas conversas
Que ele busca interação
Dialogando com carinho
Veja o moral da questão
Assim ele conhece mais
A história de nossa região

Meu caro amigo Jean
Te desejo muita felicidade
Permaneça na lutando
Aqui em nossa cidade
Você é um homem sábio
E cheio de criatividade

Não tenho a palavra certa
Para você homenagear
Mas peço a nosso Deus
Que possa sempre te abençoar
Te dando o Espírito Santo
Para ele te inspirar

Já és um grande professor
Um homem intelectual
Sabe o que faz e o que diz
E nesta área educacional
Sem menosprezar outros professores
Mas você realmente é fenomenal

Só tenho a dizer avante professor
Nessa luta pra resgatar
A história de nossa cidade
E de certa forma inovar
Lembre que te disse uma vez
Comigo o amigo pode contar

Ao querer lhe dar um presente
No alfabeto me pus a mergulhar
Numa pescaria incansável
Pra cinco letras classificar
Formando a palavra AMIGO
Pra nossa amizade selar

Parabéns a você meu amigo
Muito sucesso na sua jornada
Que você e sua família
Seja por Deus abençoada
E você seja sempre destaque
Em toda sua caminhada

Feliz aniversário Professor
É o que posso lhe desejar
Que essa data se repita muitas vezes
E sempre possa te encontrar
Cheio de paz alegria e sabedoria
Para melhor você celebrar

(Antoniel Francisco da Silva)

sábado, 11 de março de 2017

DESEMBARGADOR CLEONES, O IMPOLUTO FILHO DE TUNTUM


Por José Remy Alves e Silva*
Desembargador e atual Presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão,
Drº Cleones Carvalho Cunha.
Reporto-me à personalidade de maior destaque em nossa sociedade, Dr CLEONES CARVALHO CUNHA, descendente de uma honorável família de estirpe de valorosos varões, de onde ele herda essas atávicas virtude, as quais se arraigaram e se ampliaram e o fizeram um Homem audaz que vem honrando com lealdade os compromissos assumidos como desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão. 
Presidente da República Michel Temer,
cumprimenta o Presidente do TJ-MA, Drº Cleones Cunha
No labor da magistratura e no exemplo familiar forjando o seu caráter e orientando seu procedimento cívico e social a favor da população carente, dando lhes os documentos de caráter público e entregando- os pessoalmente em qualquer região do Estado, demonstrando assim, aos magistrados que a cidadania quer resultado, que o juiz como cidadão, tem o dever de contribuir para construir uma sociedade melhor, onde as injustiças diárias sejam cada vez mais extirpadas. 
Desembargador Cleones Cunha cumprimenta
o Ministro do STF Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato,
este falecido no último janeiro, num acidente aéreo.
Sentenciar é trabalho para poucos, sendo que estes influenciam a vida de muitos. Somente com serenidade, exatidão e irrepreensibilidade, na vida pública e particular, a excelência do cargo fará sentido em prol da sociedade que busca na sentença um gosto verdadeiro de justiça. 

O Dr. Cleones é um homem idealista, de vontade inquebrantável, enfrenta com denodo as adversidades, superando-as, prosseguindo em frente. É, sobretudo leal, desprovido de vãs vaidades, polido no trato social, amigo dos subalternos, graduados ou não. 
Presidente da República Michel Temer, em companhia do
Presidente do TJ-MA, Drº Cleones Cunha
O sacerdote do direito é também um homem temente a Deus todos os dias eu leio sua publicação sobre o evangelho e ai vem a cabeça as missas celebradas pelo nosso saudoso santo padre Frei Dionísio. Na nave ele sentava a direita ao lado do padre, coroinha assíduo, desde criança foi ligado a igreja e eu jamais o imaginei vê-lo de toga em um tribunal, mas sim de batina na cúria sendo o nosso Cardeal no sacro colégio pontifício.


PARABÉNS DOUTOR!!!
Escritor Remy da Mata
___________________
*José Remy Alves e Silva, o Remy da Mata, natural de Tuntum e filho da união das tradicionais famílias da Mata e Benvinda. É escritor de Alto Solimões - Crônicas I e II, Miscelâneas, Inspiração e Crônicas Maçônicas. Atualmente, está aposentado como Superintendente da Infraero no Amazonas, estado que reside atualmente.

quarta-feira, 8 de março de 2017

MARIA JOSÉ - A MULHER!

Simplicidade, humildade e honestidade
em Tuntum chama-se: Maria José Alves
Lá vem ela!
Lentamente a desfilar!!
Pelas ruas da cidade
Com a destreza das bailarinas
Com seus cestos de manjares

Corteja quem no caminho lhe atravessa
Da maneira mais afável
Visita discretamente os lares
Anunciando suas vendas
Personificando a humildade

Quem é a anônima?
É Maria José Alves
Uma heroína sem vaidade
Oferta alimento à vida
Uma guerreira de verdade!

No calor de seu trabalho
É instrumento de muita graça
Nos presenteia com suavidade
Alimenta-nos o corpo e a alma
Uma grande lição de simplicidade

Infelizmente muitos ignoram
Comem dos seus manjares
Falta-lhes compreensão
Lhe reservam a social invisibilidade
Não consomem sua grande lição

Da heroína Maria José
Reservemos-lhes a evidência
Reconheçamos seu valor
Na vida simples e feliz
De quem trabalha com amor

Aprender com Maria José
Símbolo de honestidade
A extirpar preconceito e vaidade
Podem lhe entregar ouro em pó
Que ela dar conta com verdade!

Mulher Mãe Trabalhadora Guerreira!
Maria José, a vendedeira
Simplicidade, humildade e honestidade
Em Tuntum também atende 
Por Maria José Alves!

(Jean Carlos Gonçalves)

Hoje 08/03, dia internacional da mulher o blog Ecos de Tuntum rende homenagem a todas as mulheres do mundo em nome da pessoa da grande GUERREIRA MULHER - MARIA JOSÉ ALVES.

Mulher valorosa, que anônima, desempenha importante papel social, embora sem o devido reconhecimento, e, na maioria das vezes, relegada a invisibilidade social, pela sua condição humilde, pela não valorização de seu trabalho, ou ainda, por não atender aos critérios dos padrões de estética e de beleza imposto pela própria sociedade.

Desse modo, o ECOS DE TUNTUM, registra a importância dessa piauiense de Oeiras, nascida em 1942, que chegou à TUNTUM com apenas 11 anos de idade e como trabalha desde criança, são portanto, mais de 60 anos de serviços prestados à comunidade. Mãe de uma casal de filhos, a viúva Maria José, foi lavadeira, lavradora e, desde que cheguei a Tuntum em 1987, aos 8 anos, conheço-a com vendedora dos mais variados produtos, desde frutas até doces e queijos. Produtos esses, de propriedade de fazendeiros ou senhoras mais abastardas da cidade.

Pessoa simples, humilde, signo de honestidade, pois é passível da mais absoluta confiança de todos que com ela estabelece relações sociais de trabalho e de consumo.

Desse modo, cumpre-nos a missão de tirá-la da invisibilidade social imputada e exaltar sua condição de mulher, mãe, trabalhadora e guerreira que silenciosamente ajuda na dinâmica cotidiana de nossa urbe.

Por todos os seus atributos valorosos o Ecos de Tuntum, presta-lhe nesta data emblemática, essa singela e humilde, mas justa homenagem!!

Parabéns Srª Maria José Alves, Mãe Mulher Trabalhadora Guerreira!!!!

Tomamos a liberdade de falar em nome das pessoas lúcidas e de BEM, para reconhecer e valorizar a mulher na pessoa de Maria José, que diariamente nos ensino qual é a VERDADEIRA BELEZA!

 MUITO OBRIGADO!!

domingo, 5 de março de 2017

O POETA POPULAR ANTONIEL E MEU REENCONTRO COM O CORDEL

Por Jean Carlos Gonçalves
Antoniel Francisco da Silva, nosso POETA E CORDELISTA POPULAR!!
A vida é marcada de encontros, desencontros e reencontros!

Ano passado, em viagem a Teresina Piauí, visitei o Shopping da Cidade, local de produtos populares, onde você encontra de tudo um pouco, desde roupas, celulares, comidas típicas, calçados até castanha de caju e a famosa cajuína, bebida típica do Piauí.

Entretanto, surpreendentemente me deparei com um velho e sua banca de livretos de cordel. Viajei fantasticamente pelo tempo, visitando e afagando minhas lembranças, mas quando me deparei com “O NEGRÃO DO PARANÁ E O SERIGUEIRO DO NORTE”, fui tomado por uma verdadeira overdose de emoção, calei, entalei e após alguns breves minutos, com a voz embargada, perguntei ao senhor, proprietário do sebo: 

- Quanto custa esse exemplar?
- Três reais, moço. Respondeu-me incisivamente.
Uma de minhas primeiras leituras,
incentivada pelo meu pai, Martinho Tavares
Aquele homem não tinha dimensão do valor que aquela obra tinha, aliás tem para mim. Pensei que não mais reencontraria, aquele cordel que embora reforce uma imagem estereotipada do negro, foi com ele que tive uma das primeiras aventuras e descobertas pelo mundo da leitura. Que encontro!!! Que mundo de descobertas, pelos idos dos anos 1983-1984!!

Quando me entendi por gente, dentre as minhas primeiras experiências que guardo na memória, há a imagem nítida de um exemplar idêntico guardado na gaveta do birô de meu pai, que ficava no comércio dele em Graça Aranha há 35 quase trinta e cinco anos. Que reencontro! 

Meu pai, Martinho Tavares, apesar de não ter frequentado escola, conseguiu ser alfabetizado e era um amante da leitura. Com textos bíblicos e aquele cordel desde meus primeiros anos, buscava me estimular para o caminho das letras! Que legado!!! Herança que assimilei e não abandonei – a Leitura. Mas o cordel com um tempo, inevitavelmente, me distanciei. Fora substituído pelos livros didáticos, que infelizmente não valorizava (e até hoje não valoriza) essa tipologia textual tão fascinante e de agradável leitura. Fora um desencontro de fato!

Da minha infância e daquele marcante livreto, passei quase 20 anos até consegui uma cópia do “O CASAMENTO INFELIZ OU A MORTE DE JOSÉ COELHO”, cordel que narra o fatídico caso da Chacina dos Coelhos no Povoado Arroz (depois escreverei sobre a aquisição da obra rara).

Mas foi em 2013, por ocasião do aniversário dos 50 anos do Centro de Ensino Estado do Maranhão, o Bandeirante de Tuntum, que reencontrei o cordel com o poeta Antoniel Francisco. Pai de uma aluna, fez um cordel belíssimo homenageando a escola. 

Cearense de nascimento, mas igual a mim, um apaixonado tuntuense por adoção. Antoniel é nosso Poeta Popular! De tudo faz poesia!!É FANTÁSTICO, pois na expressão simples e de fácil compreensão nos encanta e nos deixa ensinamentos edificantes sobre a nossa condição humana. Quando questionei sobre a sua naturalidade, respondeu-me:

18-06-1967 Antoniel Francisco da Silva 
Nasceu em Sobreiro, Ceará
Aos quatro anos de idade 
Em Tuntum eu vim morar 
No lugarzinho que cheguei 
Nunca quis me mudar

Mesma casa mesma rua 
Só revendo a grande mudança 
Hoje muita diferença 
De meu tempo de criança 
Que se foi de forma rápida 
Mas guardo algo na lembrança

Além desse dom extraordinário de compor poesia em cordel, Antoniel Francisco tem uma vida social intensa. Homem de fé, é ativo nos movimentos da Igreja Católica e apresenta, aos domingos, entre as 9:00 e 11:00 h, um programa na rádio FM Nova Esperança, o “Anunciando o Senhor Jesus”. Em 2015, pelo o exemplo de homem, cidadão, e especialmente, como esposo e pai, foi reconhecido pela sua atuação social, sendo agraciado pelo povo, com sua eleição ao cargo de Conselheiro Tutelar, sendo o mais bem votado entre os cinco eleitos. Antes disso, fora forjado no labor diário como lavrador e oleiro. Muito trabalhou na olaria do Srº Tomé Pessoa, numa época em que praticamente todas as construções eram feitas com alvenaria (tijolo comum) produzida artesanalmente, nas diversas olarias que existiam às margens e ao longo do curso do Riacho Tuntum. Posteriormente, ocupou também a função de padeiro, na padaria do Centro Urbano de Apoio à Criança, ao Adolescente e ao Trabalhador Tuntuense – CUATT’S.

Pai de Nicodemos, Soraya, Maria Joaquina e Gabriel, Antoniel é casado com Elda Célia e vive na Rua Primavera, no bairro Mil Réis desde que chegou a Tuntum em 1971. Prestes a completar meio século de vida, nosso Poeta é mais um entre os muitos grandes homens que produziram e produzem, cotidianamente, a tessitura de nosso corpo social.

Apesar de ter impressa algumas de suas composições, sua obra precisa ser documentada, publicada, respeitada e, sobretudo valorizada pela sociedade tuntuense e pelas pessoas que trabalham e fazem o sistema educacional do município, posto que o cordel pode ser uma excelente possibilidade pedagógica e didática, especialmente, para  os professores do  ensino fundamental das séries iniciais, pois é muito atrativo para os estudantes.

Ano passado, a Profª Madalena, da Escola Municipal Gilza Leda, do bairro Vila Real, desenvolveu um excelente projeto dessa natureza, que inclusive contou a a participação do Poeta Antoniel, que por sua vez, ministrou palestra para os estudantes. Contudo, é preciso que seja dado continuidade de modo sistemático a iniciativa da Profª Madalena e que tal proposta contagie os nossos colegas educadores.
Cordel de Antoniel Francisco, composto,
especialmente, para o excelente projeto
pedagógico de autoria da Profª Madalena.
Desse modo, apresento-lhes Antoniel Francisco, o nosso POETA POPULAR! 

Aos filhos de Tuntum! 
Aos aqui nascidos! 
Aos aqui erradicados! 
Aos que aqui residem!
Aos que o mundo ganharam!

Eis Antoniel Francisco, nosso Poeta e Cordelista Popular!

Como disse no início a vida é feita de encontros, desencontros e reencontros!

Por isso, bendigo! Graças a Deus! 
De com o cordel reencontrar!
Obrigado, Antoniel Francisco
O nosso Poeta Popular!