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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Uma carta em defesa da honra, escrita por Antônio de Souza Carvalhêdo.

Por Creomildo Crvalhedo Leite.

Dez anos depois da imprensa Maranhense, noticiar em suas páginas:

“Um triste acontecimento em Barra do Corda, ocorrido em 27 de maio de 1860, eis que surge uma carta publicada pelo Major Antônio de Souza Carvalhêdo no Jornal: “A Imprensa”, no dia 15 de setembro de 1870, em Teresina, Capital do Piauí, e neste testemunho, evocando lembranças de quando ele ainda bem jovem chegou na Província do Maranhão, nos idos de 1826.

O testemunho da História escrita, é um verdadeiro farol, para melhor iluminar os fatos e feitos dos nossos Ancestrais que, há muito nos precederam e deixaram seu legado.

Eis o teor das linhas publicadas no “Jornal:

‘A Imprensa’ - Publicações Gerais - Ao público.

Senhores Redatores da "Imprensa" - No Jornal "Piauhy" nº 132 de 4 de junho deste ano foi inserido um extenso comunicado, assinado pelo Sr. coronel Antônio Fernandes de Vasconcellos, no qual entre outras asserções, imputa ele ao Sr. João da Cunha Alcanfor o assassinato de uma Índia no Distrito da Barra do Corda, Província do Maranhão! Não posso ser indiferente à vista de uma imputação que além de acintosa, é por demais caluniosa, e propalada contra uma pessoa, cuja honradez nunca foi metida em dúvida pelas pessoas que de perto o conhecem;

Passo portanto a dizer quanto sei a este respeito, visto como sou residente na Província do Maranhão desde o ano de 1826, e creio (que) o Sr. Alcanfor foi habitar aquela Província em 1846, sei do quanto a respeito de suas desavenças lá se deu; sei que ele pode ter alguns erros em sua carreira política, crimes decididamente não.

Em (27 de) maio de 1860, na aldeia dos Índios Guajajaras houve uma grande sedição contra a pessoa de seu diretor o Sr. Alcanfor, na qual houve mortes, ferimentos, roubos e incêndios; e foi tão forte o alarme que o governo mandou o chefe de polícia sindicar do fato. E eu fui seu companheiro de viagem.

Era neste tempo presidente do Maranhão o Sr. Dr. João Silveira de Souza, e chefe de polícia o Sr. Manoel Clementino Carneiro da Cunha, que instaurou o processo sobre o caso ocorrido e pronunciou a 25 indivíduos, inclusive o meu amigo capitão Frederico Augusto de Souza, este como mandante e outros, os índios, como mandatários. Eu fui nomeado pelo chefe de polícia curador dos ditos índios no processo que se lhes instaurou.

Alguns dos inimigos políticos do Sr. Alcanfor despeitados com seus triunfos no vai e vem da revolta, pretenderam tomar uma outra desforra, e ei-los no campo em voltas com a calunia, que apenas serviu para dar-lhe um novo triunfo. Na verdade, assalariaram um mestiço de nome José Lazaro Teixeira para dar em Juízo uma denúncia, indiciando-o criminoso de uma índia no ano de 1856, a pretexto de estar esta (aquela) furtando legumes em sua roça!

Note-se que o denunciante era um cabra patranheiro e que só serviu para apresentar uma denúncia em Juízo, e lá não mais apareceu! Sofreu o Sr. Alcanfor dois processos por esta imputação caluniosa, um em virtude desta denuncia, e o outro por ordem superior, e ambos saíram improcedentes, não obstante estarem seus inimigos no poder.

Note-se mais que ele assistiu pessoalmente à ambos os processos e nenhum dos Juízes processantes o prendeu previamente, como sua inocência se achava gravada na consciência de todos. No último processo depuseram 26 testemunhas, sendo 8 oferecidas na ordem oficial e 18 referidas; quase todas juraram contraproducente, de maneira que o triunfo do acusado foi completo, e o embuste descoberto; e é por um fato desta ordem que se vai a imprensa manchar a reputação de um cidadão que merece consideração social?!

É, pois, evidente que o Sr. Coronel Fernandes foi mal-informado, e seria para desejar, que n'um caso grave, como é este, houvesse mais critério e prudência em descrevê-lo! É quanto me cumpre dizer em abono da verdade.

Independência, 30 de julho de 1870.

Antônio de Souza Carvalhêdo. 

Fonte: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=783765&pesq=%22Barra%20do%20Corda%22&pasta=ano%20186&hf=memoria.bn.gov.br&pagfis=807 

Jornal ‘A Imprensa’: periódico político (PI) - 1865 a 1889

Ano 1870\Edição 00264 – Theresina, Quinta-feira 15 de setembro de 1870, Pág 4/4. 

Palmas – Tocantins, 27 de maio de 2025.

Creomildo Cavalhedo Leite. 

E-mail: creomildo04@gmail.com

Creomildo Cavalhedo Leite


terça-feira, 13 de maio de 2025

Emerson Araújo tomou posse como presidente da Academia Tuntuense de Letras, Educação e Artes (ATLEA), na noite desta sexta-feira, 09/05, no Maison Mineiro em Tuntum-MA.

 

Emerson Araújo tomou posse como presidente da Academia Tuntuense de Letras, Educação e Artes (ATLEA), na noite desta sexta-feira, 09/05, no Maison Mineiro em Tuntum-MA.


Na noite desta sexta-feira, 9 de maio, Tuntum celebrou um marco histórico com a instalação da Academia Tuntuense de Letras, Educação e Artes (ATLEA). O evento, realizado no espaço Maison Mineiro, reuniu autoridades, intelectuais, artistas e membros da comunidade para prestigiar a posse dos acadêmicos fundadores e, especialmente, do professor Emerson Araújo, que assumiu a presidência da instituição.

A criação da ATLEA representa um avanço significativo para a valorização da cultura, da educação e das artes no município. Durante a solenidade, os membros fundadores ocuparam suas cadeiras acadêmicas, cada uma representando personalidades históricas e culturais relevantes para a região. O professor Emerson Araújo, reconhecido por sua dedicação à literatura e à educação, destacou em seu discurso a importância da academia como um espaço de resistência cultural e incentivo à produção artística.

Além da cerimônia de posse, a programação incluiu apresentações culturais, homenagens a educadores e artistas locais, além de pronunciamentos de autoridades municipais e estaduais ligadas à cultura e à educação. A ATLEA nasce com o propósito de fomentar a criatividade e a formação de novos talentos, promovendo concursos literários, saraus, palestras e parcerias com escolas e instituições educacionais.

A fundação da academia representa o desejo coletivo de fortalecer a identidade cultural de Tuntum, resgatando e projetando o patrimônio imaterial do povo tuntuense. A presença da comunidade foi essencial para que essa iniciativa ganhasse força e se consolidasse como referência no estado do Maranhão.

Com a posse de Emerson Araújo e dos demais acadêmicos, a Academia Tuntuense de Letras, Educação e Artes inicia sua trajetória com grandes expectativas e uma agenda repleta de ações voltadas para o fortalecimento da cultura e da educação na região.


terça-feira, 6 de maio de 2025

190 anos depois da Gênese da Fundação de Santa Cruz da Barra do Corda

Por Creomildo Cavalhedo Leite.*
Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Praça Manoel Rodrigues de Melo Uchôa. Esta em homenagem ao fundador de Barra do Corda-MA.

     Tenho cópias de Testamentos, Inventários, Arrolamento e Partilhas de Bens de vários personagens que estiveram presentes na  segunda Povoação Oficial, a partir da segunda quadra do século XIX, com a leva de desbravadores que partiram da antiga Freguesia São Bento dos (de) Pastos Bons, passando pelo Arraial de Campo Largo, à esquerda das barrancas do rio Alpercatas, subindo pela pioneira estrada real que dava acesso as Fazendas São Bernardo e Fazenda São Miguel de Gado vacum e cavalar.

         Implantadas com autorização expressa e às custas do Império após 1820, conforme é citado de forma sucinta e instigante, pelo valoroso Antônio Bernardino Pereira do Lago, Tenente-Coronel do Real Corpo de Engenheiros, nomeado por decreto de 21 de novembro de 1818 de Dom João VI, para servir na Capitania do Maranhão com a missão: 

"de levantar a Carta topográfica da Capitania, (...) acompanhado por seu desenhista, o Tenente Joaquim Cândido Guilhobel, e guiado pelo piloto Cipriano José de Almeida,..." 

"No mesmo ano (1820), fez estabelecer, no distrito de Pastos Bons, duas Fazendas de gado, que em poucos anos aumentaram a produção..." (LAGO, 2001, p. 59-60)

     A Fazenda São Bernardo, cuja abrangência alcançava às cabeceiras do riacho Ourives que deságua no então, Rio da Corda e também nas proximidades da Aldeia Mucura (mais tarde seria batizada com o nome São Lourenço), e também no Povoado Leandro o qual é citado pela autora Carlota Carvalho na sua Obra: "O SERTÃO Subsídios para a História e a Geografia do Brasil." 

         Já o antigo povoado de São Joaquim dos Mellos (atualmente pertencente ao municpio de Tuntum-MA), seria fincado bem como muitos outros, deixo aqui exarado um em especial: o povoado Maracanã. Foi lá que, o Major Antônio de Souza Carvalhêdo (meu Tataravô Materno) e sua família implantaram a sua Fazenda Jacoca, em 1849, e nela o meu Bisavô Materno, Anastácio de Souza Carvalhêdo, Trabalhou com sua família e pelo menos dois dos seis filhos nasceram na sede da grande Fazenda Jacoca, o meu Avô Materno, Hortêncio de Sousa Carvalhêdo e sua irmã Anália de Sousa Carvalhêdo.

     Antes de mergulhar nesta pesquisa, eu tinha curiosidade e indagava: Por que o bravo e destemido Manoel Rodrigues de Mello Uchôa, teria penetrado pela região das Areias em busca do local conhecido como "Forquinha do Rio da Corda"?

          Até então não fazia sentido para mim, hoje vislumbro que para o visionário Mello Uchôa, era a rota mais prática, bem diferente do roteiro empreendido, nas palavras de Carlota Carvalho, que cita: 

"Em 1831, Raimundo Maciel Parente, nascido no Baixo Mearim, subiu este Rio levando muitos escravos africanos e fundou uma fazenda agrícola na confluência de um riacho que nominou Corda." (CARVALHO, 2006, p, 138)

        Raimundo Maciel Parente e muitos outros abnegados e  bravos heróis que permanecem às sombras e merecem, também, o brilho da coroação e reconhecimento pelo legado e das muitas realizações efetuadas naquele tempo cheio de desafios, porém, não fraquejaram., pois os seus feitos até hoje merecem um lugar especial no Panteão dos Heróis de Barra do Corda.

    Parabéns a todos que amam esta bela Cidade e sua rica e profícua história e pelo seu Aniversário de 190 anos.

Palmas Tocantins, 1° de maio de 2025.
Creomildo Cavalhedo Leite.
E-mail creomildo04@gmail.com
Pesquisador Creomildo Cavalhedo Leite.

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(*) Creomildo Cavalhedo Leite, é Funcionário Público do Estado do Tocantins, Pesquisador, Cronista e Genealogista.