Por Flávio Siqueira
Tempos histéricos. Polarizados. Gente apaixonada crendo na guerra do bem contra o mal. Buscam heróis que não admitem contestação e os defendem com toda a força de suas angústias. O manipulado é o outro. Sempre.
Onde está a lucidez? A semente da raiva cultivada amadurece em disfarces patrióticos, no vermelho ou no verde amarelo. Confusão disseminada em nome de justas causas. Medo, muito medo.
Controla-se a linguagem, aprisionam-se as mentes, diminuindo-as, diminuindo-as, diminuindo-as, até que o pensamento livre seja uma afronta. Em tempos histéricos, pensar representa a pior heresia e os hereges devem ser punidos pelas santas inquisições das redes sociais. Não há espaço para contestações de nenhuma natureza: espera-se adesão. Cega, voluntária, subserviente.
Manipula-se criando inimigos. Manipula-se criando heróis. Arregimentam devotos e os fazem lutar em nome da verdade dos próprios algozes. Ovelhas apaixonadas por lobos até que sejam devoradas.
Massas nutridas por hashtags brigando entre si, compondo cenários que serão aproveitados cinicamente no próximo programa eleitoral, onde a demagogia e o sofrimento convivem tão bem.
Distraídos. Devotos de perversos padroeiros que no fim se juntarão para dividir o espólio.
Não há remorsos.
Eles sabem que povo continuará, como sempre, esperando o surgimento dos próximos heróis. E eles sempre aparecem.
Tempos histéricos. Onde está a lucidez?
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