Por Creomildo Cavalhedo Leite
Frederico Pereira de Sá Figueira
É prazeroso perceber que, os registro do passado da 'Villa de Santa Cruz da Barra do Corda, desperta vivo interesse dos cidadãos(ãs) barra-cordenses. A Princesinha do Sertão, fez História, e os seus heróis realizaram feitos gigantescos, para além das muralhas do tempo, que chegaram aos nossos dias.
Segue um pequeno trecho de uma carta escrita pelo próprio Coronel Frederico Figueria, endereçada ao Acadêmico Publio de Mello, em Recife Pernambuco que dizia:
“Esta nossa incessante faina de lidar com os Livros e os Jornaes, torturando-nos o espírito em locubrações eternas, tem prazeres compensadores. De vez em vez, quando, externuados, relanceamos o olhar pelo horisonte em fóra, procurando, sem achar o termino da viagem. e, desanimados queremos retroceder ou parar, encontramos de súbito na jornada ingrata, o alento de um amigo, de um companheiro não vencido, de um forte, de um esperançoso que nos toma pela mão e nos encoraja a caminhar para diante.
São os vigilantes, as sentinellas, os guardas avançadas dessa legião de obreiros que vivem pelo espírito, a cada passo tropeçam na desillusão, e cedo retrocederiam do caminho emmaranhado de enganos, a si aquelles apóstolos da Idea, os moços, sonhando sempre com o porvir, fortes pela crença, não viessem montar guarda de proteção e abrigo aos que tendem á fraquejar”
Uma pequena partícula de tinta de uma grande tela do Artista das Letras Coronel Frederico Figueira, que lança um pouco de luz sobre este grande líder que, segundo consta em relato seu, escrito e publicado na imprensa maranhense, em defesa da honra, nos fala da terra que ele adotou desde os seus 21 anos, e como utilizou seus talentos e sua pena para deixar para a posteridade um legado. Ele mesmo transmite através de uma reportagem épica, que nos trás detalhes da sua vida, conforme segue:
Explosão de Ódio.
Um excesso de colera fez o sr. Manoel Bandeira, da Imperatriz, atirar-nos pelas columnas do <Diário do Maranhão> as mais acerbas injúrias, os mais grosseiros impropérios.
Tudo quanto uma imaginação doentia possa conceber de mais ofensivo á dignidade alheia, ali se acha estampada".
Desde os 21 annos à velhice, a nossa vida se tem passado modesta e obscuramente nesta cidade (Barra do Corda), que é testemunho insuspeito do nosso procedimento.
Nascido em Picos do Alto Itapecurú, aos 9 annos seguimos para Caxias, aos 16 para S. Luiz do Maranhão e aos 21 para esta cidade, onde desde 1871 fixamos rezidencia.
(...)
Dos 21 aos 57 annos a nossa actividade, a nossa vida particular e pública se tem desenrolado, nesta cidade, onde constituímos família e temos exercido cargos públicos e de eleição popular. Estão ahi os cartórios em que podem ser pedidas folhas corridas do nosso passado, sem receio de serem negadas, porque não pertencemos á cituação dominante. Si esse attestado pode ser francamente pedido acerca da nossa vida pública, da particular o póde da esta localidade.
(...)
Sem ambições de renome, nunca alardemos conhecimento que não possuimos, contentando-nos com o juizo imparcial e sincero da opinião que nos julga. Collaborando em “O Norte”, ao lado do dr Izaac Martins após a ascenção da República, assumimos depois do fallecimento desse intemerato democrata, direcção do semanário que tanto horror causa ao Sr Manoel Bandeira.
A nossa modesta Penna, nós que nos fizemos pelo próprio esforço e que a nós devemos o que somos, tem estado sempre a serviço da causa pública, advogando interesses da zona a que servimos, defendendo direitos postergados, profligando erros e pugnando pela reivindicação da justiça e do direito do Cidadão.
(...)
Aqui moramos a 36 annos; a 14 aqui assentamos em “O Norte” a nossa tenda de trabalho
As nossas aptidões nunca estiveram no serviço de uma causa indigna e nem nossa Penna se rendeu jamais apoliticagem. Combatemos em terreno elevado, digno, superior às paixões partidárias em que, até os sentimentos filiaes são esquecidos para levar em holocausto a dignidade de velho e honrado pae.
Conservamos intactos os nossos princípios políticos sem nunca termos descido ao crime para afastar a luz que obumbra a incapacidade dos nullos.
As nossas mãos nunca se mancharam no sangue de indefesas victimas, que cahem nas emboscadas de planos tenebrosos para deixarem na posição cômoda de depositários do poder público, sicários que deveriam estar arrastando grilhões em infectas galés.
(...)
Aqui, a 36 annos vivemos, podemos ostensivamente dizer que temos sido um elemento de ordem, cooperando com o nosso diminuto prestigio para que a família barracordense continue unida e acatada como uma collectividade que se presa e em cujo seio todos os direitos são respeitados.
Intactos, portanto, devolvemos ao sr. Manoel Bandeira as injúrias e infâmias que nos tem dirigido.
De ora em diante pode caluniar-nos á vontade, inventar factos, architectar injúrias, exgoltar o abjecto vocabulário dos seus doestes pestilentos e impropérios indecentes - que não mais desceremos a responder-lhe. Desejamos empregar em cousas mais úteis o nosso tempo e não queremos aos nossos leitores páginas de escândalo, em vez de conduzil-os por um caminho são, elevado, digno da nossa conduta jornalística.
Além disso, já comprehendemos que o sr. Manoel Bandeira quer fazer celebridade à nossa custa.
De hoje em deante não lhe daremos mais este prazer.
Descomponha-nos muito e á vontade, que não mais o pertubaremos.
Frederico Figueira.
(De “O Norte”, da Barra do Corda.)"
Fonte: Pacotilha (MA) - 1880 a 1909 - Ano 1907\Edição 00234 (1)
Um abraço fraterno.
Palmas-Tocantins, 27 de julho de 2025.
Republicação com acréscimos.
Creomildo Cavalhedo Leite
E-mail: creomildo04@gmail.com
Pesquisador Creomildo Cavalhedo Leite
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