Durante a década de 1970, o Brasil vivia o um período de euforia econômica que ficou conhecido como “Milagre econômico”, devido às altas taxas de crescimento da economia, graças ao modelo desenvolvimentista de estímulo a indústria, a partir de recursos adquiridos em forma de empréstimos junto a investidores externos. Foi de fato um período em que governo brasileiro abriu literalmente o mercado nacional para investimentos de grupos internacionais, e com muitos estímulos e concessões por parte dos governos militares, como: isenção de impostos; concessão de grandes faixas de terras, verdadeiros latifúndios; investimentos do governo em infra-estrutura – modernização de portos, construção de rodovias, ferrovias, etc.; ausência de uma rígida política de fiscalização ambiental; subsídios de energia; mão-de-obra a baixo custo, entre outras vantagens.
Nesse contexto o Brasil tornou-se conhecido pelas grandes obras públicas como a ponte Rio - Niterói, a hidrelétrica de Itaipu e a rodovia Transamazônica. O Governo Federal e os governadores estaduais não mediram esforços para a viabilização de projetos colossais, que por sua vez não eram acompanhados por projetos sócio-ambientais, como sublinha Boris Fausto:
“O ‘capitalismo selvagem’ caracterizou aqueles anos e os seguintes, com seus imensos projetos que não consideravam a natureza nem as populações locais. A palavra ‘ecologia’ mal entrara nos dicionários e a poluição industrial e dos automóveis parecia uma bênção. No governo Médici, o projeto da Rodovia Transamazônica representou um bom exemplo desse espírito. Ela foi construída para assegurar o controle brasileiro da região – um eterno fantasma na óptica dos militares – e para assentar em agrovilas, trabalhadores nordestinos. Após provocar muita destruição e engordar as empreiteiras, a obra resultou em fracasso.” (FAUSTO 1995).
Embora a construção da Barragem do rio Flores tenha sido iniciada em 1982, e, portanto, no final do Regime Militar, a sua gestação deu-se nesse contexto entusiástico vivido na década anterior, a qual o Brasil era visto como o “País do Futuro”, sob o prisma de uma emergente e gloriosa nação que caminhava rapidamente para a grandeza industrial. Entretanto, a adoção dessa política econômica traria resultados desastrosos para a grande maioria da sociedade brasileira, pois a economia não conseguiu manter as altas taxas de crescimento do final da década de 1960 e da primeira metade da década de 1970.
Podemos afirmar que o limite interno, originado da má distribuição de renda, impedia a expansão continuada do consumo. A isso se soma o limite externo, proveniente das altas do preço do barril do petróleo, a partir de 1973, e a conseqüente diminuição de capital internacional barato que acabaram por inviabilizar o projeto de crescimento econômico continuado.
Esse cenário de crise e recessão explica em parte as dificuldades para disponibilizar as verbas orçadas para a implementação do Projeto Flores, cujas obras o DNOS daria início no biênio 1979-1980, mas somente no ano de 1982 foram efetivamente iniciadas.
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