Os ventos se desviam da muralha
Irrompem o meu cárcere.
Indomáveis, adentram sem paciência...
Abraçam, apertam, afagam...
Meu corpo febril em transe
Que na varanda desfalece.
Cai preso às extremidades de macios grilhões...
Apressam freneticamente o ritmo,
Em movimento pendular,
A minha cápsula do tempo
Para instantaneamente reencontrar...
Os ventos de outros junhos...
De quando sentado à porteira
Assistia o movimento ondulante
Do milharal verde-escuro
Sob o sol a pino, escaldante...
Ressoando o resvalar das palhas,
Em contraste, o céu azul-anil.
No horizonte, um grito, muitos ecos...
Ouço-os, resignadamente,
Do mirante de minhas infantas lembranças.
(Jean Carlos Gonçalves)
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