Os raios solares que vagarosamente despontara no horizonte naquela manhã de agosto, contrastava com o frio típico da estação, que logo cedo nos afugentava de nosso leito.
Daquela vez não foi necessário meu pai nos despertar, pois a expectativa e ansiedade eram maiores. Eu contava 8 anos e morava na rua Eugênio Barros, bem próximo do colégio, o qual visitamos uma semana antes para efetivar a matrícula, ocasião em que embora percebendo sensível diferença em relação a minha escola em Graça Aranha, não tinha ainda bem clara a noção das diferenças. Talvez não as constatei devido a forma amável que, minha mãe, Clenir e eu, fomos recebidos pela saudosa Valdete Gonçalves, cuja a graciosidade e gentileza me fizeram sentir em casa.
No entanto, naquela manhã de segunda-feira, 03/08/1987, quando adentrei a Unidade Integrada Isaac Martins (nomenclatura da época), me dei conta da dimensão das diferenças de cenário e logo fui tomado por uma sensação de estranheza e medo. Após direcionado para a sala e ocupar a carteira, onde minha irmã e eu fomos bem recepcionados pela amável Professora Ana Rita, fomos todos convocados para o pátio, no qual todas as turmas se juntava para cantar o Hino Nacional. Lá conheci uma senhora que a primeira vista me causou medo, por conta do rigor que conduzia o trabalho de disciplinar os alunos no cerimonioso ritual. Tratava-se da Ceiça, uma espécie de inspetora escolar. De baixa estatura, aquela senhora de olhar atravessado que impunha autoridade com veemência, mas que sempre tratava a todos com muito respeito. Em pouco tempo, pude perceber o quanto era carinhosa e atenciosa para com os membros da comunidade escolar.
Além disso, daquele pátio carrego outra lembrança indelével, pois no alto da parede da cantina, a frase que habita minha memória: “DRº ISAAC MARTINS DOS REIS, O LÍDER DOS REPUBLICANOS DOS SERTÕES MARANHENSES!”. Enunciado este, que somente fui ter a dimensão de sua importância depois de um tempo. Daí fui fazendo relação com o nome do colégio, e pude reconhecer que se tratava de uma grande personalidade política e social do Maranhão da segunda metade do século XIX e que nenhuma relação tinha com o Srº Isaac da Silva Ribeiro, primeiro prefeito de Tuntum, que muitos, equivocadamente acreditam até hoje, ser o homenageado da escola. Ledo engano.
Um ano e meio depois havia concluído o ensino primário, segui para outro colégio, mas o sentimento de afetividade por aquele educandário permaneceu. O menino se fez homem, conseguiu com muitas dificuldades se graduar em História, daí passou a analisar os acontecimentos, os lugares, os nomes, com o olhar de pesquisador que busca insistentemente o sentido dos objetos de nossa história local. Então o Isaac Martins passou a habitar mais vivamente no universo de minhas preocupações, que urgem por entendimento e desmistificação, tanto o sujeito histórico, quanto o mais antigo estabelecimento de ensino de Tuntum.
Passados exatos 30 anos, nesta data de hoje, me debruço sobre a questão, ainda mais porque depois de tanto tempo retorno à Casa, agora como professor de História. Uma conquista que valorizo muito, porque após alguns breves e superficiais estudos, percebo muitas semelhanças entre a minha história de luta e superação e a trajetória extraordinária do Drº Isaac Martins dos Reis. Além disso, estou convicto de que nossos valorosos estudantes muito se identificarão com a saga de tão emblemático personagem, que infelizmente, é ainda muito desconhecido fora do mundo acadêmico.
Agora me lanço ao desafio!!! Pesquisar sobre a vida e obra do Drº Isaac Martins e de nosso Centro de Ensino Isaac Martins. Há muito por fazer, mas com ajuda da comunidade escolar, do povo tuntuense, das instituições públicas, dos amigos pesquisadores, me proponho ao desafio.
Aguardem!!!!!!!!!!!
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