Por Jean Carlos Gonçalves.
Neste
dia 03 de outubro, o Centro de Ensino Estado do Maranhão, o Bandeirante de
Tuntum, completa mais um aniversário de sua inauguração.
Há
exatos 56 anos (03/10/1963), a comitiva do então Governador do Maranhão, Newton
Belo, fora recepcionada por importantes personalidades locais, além de
numerosos citadinos.
Era
uma quinta-feira, quando o avião do Governador, aterrissara na única pista da jovem cidade, localizada na propriedade do Srº Edésio Fialho, que corresponde a
Fazenda Sertânea, onde reside atualmente, a viúva do saudoso Jãozinho do
Luizão, Marly Batista.
Edésio
Fialho, dono do único aparelho de telefone do lugar, empresário, até então bem sucedido, liderança política, vereador da primeira legislatura da Câmara Municipal, além de postulante ao cargo de prefeito em Tuntum com o apoio do Governador, cuja a visita seria para ratificar in loco, a candidatura de seu aliado nas eleições que realizara-se três dias após, no domingo subsequente (06/10/1963), pleito
em que antagonizara com Luiz Gonzaga da Cunha, que por sua vez, fora eleito, com o apoio do então Prefeito do município, Ariston Arruda Léda, e do Deputado Federal, Eurico Ribeiro, que havia rompido com do executivo estadual.
Numa
época em que os pleitos eleitorais eram marcados por excessos e abusos de toda
sorte, incluindo-se ameaças e violências físicas, a condição de representante do Governo estadual não fora suficiente para Edésio Fialho garantir vitória nas
urnas ante ao seu adversário, que por sua vez era apoiado pelas Oposições Coligadas¹, grupo que se insurgia para destronar o vitorinismo² em 1965, com a
ascensão de José Sarney ao Palácio dos Leões, quando contava apenas 35 anos.
Foi
naquela conjuntura de rugas políticas, de disputas sem o devido espírito
republicano que o prédio de 4 salas de aula, construído em menos de dois meses,
recebeu a placa do Governador com o nome de Grupo Escolar Estado do Maranhão. O ritual de inauguração seria apresentado para a comunidade como uma demonstração de força política de Edésio e da ala governista. Contudo, o contexto em que se deu a construção, de modo algum macula a vida e obra dessa instituição de
ensino que há mais de meio século, presta relevantes serviços à Educação e à sociedade tuntuense.
Uma
escola pública como muitas pelos rincões do Brasil, que enfrenta muitas dificuldades
devido a falta de recursos financeiros e humanos, mas que luta, resiste, reluta em cumprir, dentro de suas possibilidades, sua histórica missão de educar, de oportunizar aos seus, as condições para continuar sua caminhada.
Instituição
feita por homens, mulheres, profissionais, pais, mães, e, sobretudo jovens com
o peito carregado de esperança, portadores de sonhos, representantes dos
sobrenomes, dos artífices que no passado regaram de suor este solo, para fazer o alicerce, preparar a massa, erguer colunas e paredes, construir o telhado, edificar o nosso “Liceu”.
E
ao longo do tempo,
outros
riscaram quadros,
descortinaram
cenários,
orquestraram a diária sinfônica,
recitaram
palavras aladas,
receitaram
o caminho do bem ,
ecoaram
o suave brado,
que
vai ao encontro da LUZ.
Para singela e gloriosamente fazer: Centro de Ensino Estado do Maranhão! O Bandeirante que desbravou "terras ocultas" e que continua a saga em oportunizar conhecimento e dignidade.
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¹ Grupo político formado por dissidentes do grupo governista e por uma nova geração de políticos maranhenses, que encerrou o período de hegemonia política do Senador Vitorino Freire na política maranhense.
² Chama-se vitorinismo à vivência de uma dinâmica política peculiar que recebeu essa denominação em razão do domínio do então senador Vitorino Freire. Este, embora fosse pernambucano, manipulou o jogo político no Maranhão desde 1946 até aproximadamente 1965 com base numa ação clientelista e num mandonismo aberto.
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