Por Jean Carlos Gonçalves.*
E no meu mais absoluto exercício de curiosidade, algumas indagações são naturalmente inevitáveis:
Quando precisamente se iniciaram as festividades de São Raimundo Nonato em Tuntum?
Quem foram os primeiros religiosos da Igreja de Tuntum?
A qual ordem religiosa pertenciam?
Quantos e quais foram os vigários desde a criação da Paróquia? São Raimundo era festejado antes da construção da suntuosa Igreja Matriz? Ou somente após a sua inauguração?
Quem foram os responsáveis pela construção da maior e mais bela construção arquitetônica do município? Quais atores sociais participaram da obra?
Qual a cronologia da construção, desde o lançamento da pedra fundamental até a inauguração?
Considerando que nos dois últimos dois anos não ocorreram a festividades em razão da pandemia do covid-19, quantas edições dos Festejos de São Raimundo foram realizadas até hoje? Como fora realizado nos primeiros anos?
Que transformações ocorreram ao longo do tempo?
Por que o São Raimundo Nonato (europeu) é o santo protetor das parturientes e aqui também é o santo dos vaqueiros?
Quais as singularidades dos Festejos de São Raimundo em Tuntum-MA, já que outros municípios maranhenses e de outros estados, especialmente, do Nordeste também festejam o santo dos vaqueiros?
Por que as próprias autoridades da igreja não apresentam na liturgia algo específico para o protetor, das parturientes, parteiras e gestantes, tal qual o fazem no dia 31 de agosto, ocasião em que o pároco tradicionalmente realiza a missa dos vaqueiros, inclusive com ritual do café dos vaqueiros e da cavalgada no último dia da festa?
Houve algum sincretismo religioso? Se houve, a partir de quando se deu, se iniciou?
Há alguma relação entre com o São Raimundo Nonato europeu e o São Raimundo dos Mulundus festejado no município de Vargem Grande -MA?
Por que os Festejos de São Raimundo Nonato em Tuntum apresenta um dualismo indissociável de SAGRADO X PROFANO?
Na nave da Igreja, a liturgia religiosa; no patamar da Igreja, o tradicional leilão onde as famílias tradicionais e abastadas são convidadas a arrematar as joias do leilão da Paróquia, inclusive, há dias específicos na programação para cada uma das famílias abastardas e tradicionais, durante as 9 noites de festa; No largo da Praça São Francisco de Assis, o arraial, as barracas, nas quais se assiste venda e o alto consumo de bebida alcóolica, comidas, jogos de azar, etc., e a maioria do público sequer frequenta uma única missa ou nem mesmo se aproxima do templo durante a programação religiosa. Nesse aspecto, como se explica essa psicologia social do tuntuense?
Calma, gente! Não é para assustar!
Sabemos que o assunto pode render uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, mas relaxem. Sabemos que essas e outras questões incomodam, inquietam, Honestamente, confesso que ainda não tive condições de me debruçar sobre todos esses questionamentos. Guardo algumas informações elementares, faço algumas inferências, busco fugir da mera especulação. Desse modo, faço ao leitor uma saudável provocação, um convite para que possamos construir um discurso lógico, fidedigno sobre esse que é o maior evento cultural do município de Tuntum, pois mesmo quem não participa e/ou não reconhece tal manifestação religiosa e cultural, tem sua vida influenciada por ela.
Então, solicito a você para que busque, investigue sobre as questões acima expostas, dentre outras, e, generosamente compartilhe as possíveis respostas conosco.
Em breve, publicarei um texto do Professor Geovany Alves da Silva, ilustre tuntuense, representante de uma das famílias mais tradicionais, pioneira na ocupação do que atualmente corresponde o perímetro urbano de Tuntum. O mesmo nos apresentará informações sobre a Igreja Matriz e criação da Paróquia de São Raimundo Nonato.
Todavia, não esqueçam de aceitar. a nossa, como disse, saudável provocação.
Amanhã, 22/08 se inicia mais uma edição dos Festejos que se estende até o dia 31/08.
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*É professor de História da rede estadual de ensino e da rede municipal de Santa Filomena do Maranhão-MA.
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