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sábado, 16 de março de 2019

Conjecturas Históricas sobre a Pérola do Sertão: Barra do Corda.


O blog Ecos de Tuntum tem a satisfação de compartilhar um texto publicado no portal virtual JORNAL TURMA DA BARRA, de autoria do profícuo pesquisador Creomildo Cavalhedo, na ocasião dos 181 anos de fundação da cidade de Barra do Corda. Assim, publicou o Turma da Barra:

O barra-cordense Creomildo Cavalhedo é um pesquisador, historiador e conhece como poucos as bibliotecas deste país. Mora em Palmas, Tocantins. Segue o artigo sobre os 181 anos onde revela fatos importantes da história de Barra do Corda.

"Sim, logo, estarás comemorando a passagem solene de tua emersão na história dos povos, momento de alegria e reflexão... 

Há quem dera, pudéssemos ouvir de ti mesma, a tua própria história, sobre a tua saga e grande epopeia, transcorrida entre teus rios ao longo dos teus Cento e Oitenta e Hum Anos de Fundação... 

Proclamada, pelos desbravadores Manoel Rodrigues de Mello Uchôa, filho do Ceará e do Maranhense filho das barrancas do Mearim, Manoel Raimundo Maciel Parente, cujo sobrenome Maciel Parente tem toda uma História de Lutas e Grandes Conquistas, além deles devemos lembrar que, segundo documentos da época, tiveram outros nomes que participaram desta construção histórica, que são eles: 
* Francisco Sacotto e; 
* Felix Manoel Monteiro Jorge, os quais em março de 1837, descendo aportaram na Villa do Mearim," vindo pelo Rio Mearim, da paragem Rio da Corda, deixando as suas famílias na foz d'aquele Rio, onde pretendem fazer a Povoação, os quais necessitam de toda a proteção do excelentíssimo Governo desta Província para o fim que desejam." 

Estas palavras estão exaradas em ofício pelo então, juiz de paz do primeiro distrito Antonio José Alves de Figueredo, que informou ao Vice-Presidente da Província, o ocorrido sobre a fundação e os fundadores da povoação que seria denominada ao longo do tempo como Missão do Rio da Corda, Santa Cruz da Barra do Corda e finalmente como a conhecemos: BARRA DO CORDA. 

Entretanto, temos nas páginas da História Maranhense, os fatos que, antecederam a fase que denominamos: Fundação.

A autora maranhense Carlota Carvalho, cita algo breve porém, contundente, sobre um dos primeiros povoadores daquelas paragens, ela cita, textualmente o maranhense:
* Manoel Raimundo Maciel Parente, por volta de 1831.

Tenho cópias de alguns documentos oficiais e esclarecedores (Carta de Data de Sesmaria), fazendo referência, a povoação ao longo rio Mearim, Grajaú, e no rio da Corda (Era assim conhecido e também como Capim e Canela), e são muitas surpresas agradáveis e belas, e uma vou citar rapidamente, é sobre um:

“Requerimento de Manuel Maciel Parente ao Rei Dom José, pedindo carta de confirmação de sesmaria na ribeira do Mearim”, Data: 14 de outubro de 1773." 

Creio que, deva trata-se um parente bem próximo de Manoel Raimundo Maciel Parente, porém, por enquanto são apenas conjecturas; de um discípulo filho da terra, na busca das raízes históricas da nossa Barra do Corda. 
Por ultimo, cito aqui, trecho de uma longa correspondência entre o Coronel Antonio Corrêa Furtado de Araujo e a rainha de Portugal Maria I, as quais foram publicados na Província do Maranhão, em 5 de julho de 1854, inicia o articulista dizendo: 

“ Recebemos dous manuscritos do Coronel Antonio Corrêa Furtado de Mendonça, consta que escrevera muitos outros, acerca desta província, que ou se perderão, ou quase estão perdidos." 
(...)
“Senhora! Diz Antonio Corrêa Furtado de Mendonça, Cidadão da Gorvernança da Cidade do Maranhão (S.Luis), Capitão de Cavallaria Auxiliar do regimento da Capitania, e natural da Villa de Santo Antonio de Alcântara d’aquelle Estado.
(...)
“Desejando o Governador e Capitão General JoséTelles da Silva (1784 a 1787), estender a Povoação dos rios Mearim, Pindaré e Grajaú, do mesmo Estado do Maranhão, a rogos de seus moradores, escrevo ao supplicante o Officio que contem a cópia nº 31, encarregado lhe, por elle, uma exacta informação ao dito respeito, por conhecer o seu préstimo, o qual lhe deu, a que contem a copia Nº 32 em que lhe faz relação das qualidades do Paiz (Região) e dos haveres que em si contem muito interessantes ao Estado e ao Real Serviço de Vossa Magestade,"
(...)
"E na mesma se offereceu a fazer na BARRA DO RIO DA CORDA, ou onde convenha, à custa de sua fazenda e de seu irmão Theodoro Corrêa de Azevedo Coutinho uma Casa Forte guarnecida de precisa artilharia, para presidiar AS POVOAÇÕES, QUE NOVAMENTE SE FIZEREM, e todas as mais comodidades, que se leem na dita informação, e para mostrar que seus offerecimentos não são quiméricos, mas sim feitos com animo de os por, por obra, os fez presentes ao Exm. Ministro de Estado da Repartição e Domínios Ultramarinos, dirigidos por mão do Padre Mestre Confessor Fr. José Mayne, pedindo-lhe o beneplácito e approvação de Vossa Magestade, e apontou lhe algumas circunstancia conducentes e que podem elevar aquella Capitania a um grande auge de opulência, pelas copias nº 33 e 34,"

"E só com esta noticia, que se divulgou da pertensão do supplicante, se tem animado os moradores das mencionadas ribeiras, esperançados de que se haja de por em efeito, que tem pedido todos Terras por ellas a cima, para estender a lavoura, tanto quanto consta da certidão e dodocumento nº 35."
(...) 

O articulista faz uma profunda reflexão no seu texto, diz ele: 

“Falla também no offerecimento, que só por desleixo do Governo deixou de ser aceito, de fazer à sua custa e do seu irmão huma CASA FORTE NA BARRA DO RIO DA CORDA, guarnecida de artilharia, para presidiar as povoações que se fizessem."

"Este pensamento se não fosse despresado, teria mudado a face da Província, cuja lavoura teria prosperado muito mais; os dous grandes rios, de Mearim e Grajahú não estariam abandonados e desertos, como estão principalmente o segundo, até hoje."
(...) 
“O que teria acontecido, se a mais de Setenta Annos se tivesse fortificado a BARRA DA CORDA, e alli se formasse hum Presídio que, protegesse os colonos dos ataques dos indígenas, se o contacto com estes facilitasse a catechese e alliança, em huma palavra, se tivesse acceitado o offerecimento do distinto maranhense!" 

"O que seria os Rios, Mearim, Grajahú e da Corda, e talvez o Tocantins!"

"E a Villa da Victória!"

"Sem o Thesouro (A Fazenda Real) fazer o menor sacrifício!"
(...)

Voltando ao presente, estendo a todos que, amam esta terra que, tem dedicado:
* Energia;
* Trabalho e;
* Sonhos...

Faço um singelo convite para que, pesquisem e conheçam melhor a História deste quadrante especial do Maranhão e sobre esta bela Cidade:
- O que ela foi no passado; 
- O que ela representou no período do Brasil Império e no período da Proclamação da República, e por último;
- O que Barra do Corda, foi no inicio do Século XX.

Acredito que, todos que buscarem estas informações, ficariam surpresos com os fatos narrados contidos em muitas páginas de documentos, que relatam nossa História, entretanto, os mesmos estão espalhados em lugares distintos e distantes, tanto no Brasil com em Portugal. 

Meus sinceros cumprimentos aos barra-cordenses! 

Parabéns Barra do Corda, pelos teus 181 Anos de muitas histórias épicas. 

Um abraço fraterno deste teu filho que, mesmo estando longe, muito ti admira e te ama. 

Creomildo Cavalhedo Leite de Palmas (TO).


A imagem pode conter: 1 pessoa, atividades ao ar livre, água e natureza
NR: Foto do acervo de Creomildo na cachoeira Grande de Barra do Corda (MA)

2 comentários:

José Pedro Araújo disse...

Meu prezado amigo, vejo com imensa satisfação que o blog Ecos de Tuntum voltou à atividade. Mesmo sabendo da sua completa falta de tempo, nós, habitantes da região da mata do Japão (somos nipônicos?), precisamos muito do seu trabalho para tentar resgatar a história perdida dos nossos ancestrais. Por outro lado, louvo o trabalho de pesquisa realizado pelo historiador Creomildo Carvalhedo, publicado acima, acreditando ser uma peça importante para a montagem desse autêntico quebra-cabeças em que transformou a recuperação de dados históricos da região. Seria de importância ímpar, a recuperação também dos nomes de tantas figuras que deram o seu sangue, literalmente, para que se concretizasse o povoamento das ribeiras dos rios Corda, Mearim, Grajaú e Itapecuru. Resgato, por oportuno, o grande escritor baiano Jorge Amado, em um dos seu últimos trabalhos, A Descoberta da América pelos Turcos, quando trata sobre as recompensas pelas descobertas: "o almirante cobre-se de glórias, os marinheiros cobrem-se de m...".

Ecos de Tuntum disse...

Somos soldados no front, irmanados no afã de representar o nosso passado com o máximo de fidedignidade. Não é tarefa fácil, diante das intempéries que hoje enfrentamos na Mata do Japão, diferente daqueles que os pioneiros desbravadores desse quadrante espacial. Contudo, com a experiência e maestria no trato das letras, como é o caso dos amigos da caserna da memória, teremos num futuro não tão distante, o orgulho de hoje carregar tal insígnia. Muito grato, por empunhar tão glorioso estandarte.