Por Creomildo Carvalhedo*
‘O Tempo é o senhor da razão’, e o mesmo, é apto para nos proporcionar lições maravilhosas e gratas surpresas.
A História é surpreendente e eis aqui, neste texto, um pálido exemplo, onde este simples perquiridor, traz do alçapão do tempo, como testemunha ocular, a própria História, extraída das páginas de um Jornal de circulação da então Província do Maranhão, publicado em 5 de fevereiro de 1851, eis a missiva na ortografia original da época:
“Antonio Ferreira do Valle
Vende, humas terras, no principio do Rio Mearim, lugar denominado Japão, que forão do Raiol, e já demarcadas, com 600 braças de frente, e 2:800 de fundo, tem campos próprios para criar, vende por preço commodo...”
A grande zona fértil, cognominada de: Japão, assim chamada pelos primeiros sitiantes e povoadores, desta vasta e rica região detentora de um tesouro a céu aberto, na sua fauna, flora e um bioma amálgama, exuberante, um oásis arrebatador, o qual enchia os olhos dos pioneiros desbravadores, longe das vilas existentes naqueles tempos, cujo inicio desta epopeia se dera no transcorrer dos levantamentos da primeira estrada de Campo Largo, no Rio Alpercatas até a confluência do Rio das Flores com o Mearim, através do desbravador, Cidadão, Cavaleiro do Império, o Coronel Diogo Lopes de Araujo Salles.
Nesta época, Campo Largo, o portal de entrada para o alto Sertão, na região do Rio Alpercatas, que fora por bom tempo o Segundo Distrito da Vila Senhor do Bonfim da Chapada, agora, perdera seu posto para a recém nascida: Missão da Barra do Rio da Corda, capitaneada pelo desbravador Manoel Rodrigues de Mello Uchôa e por aquele que é filho das Barrancas do Mearim Manoel Raymundo Maciel Parente, o qual já era possuidor de fazenda na confluência do Rio da Corda com o Mearim.
A Província Maranhense teve suas dores de parto, desde as lutas pela sua Independência que aconteceu em 28 de julho de 1823, até a Guerra Civil chamada de: Balaiada; foi um período conturbado, alguns escritores, descrevem aquela quadra como emblemática e especial, já tão distante dos dias atuais, para melhor conhecê-la, sugiro uma re-leitura, á alguns autores cujas obras, chegaram até nossos dias, entre tantos cito: Luis Antonio Vieira da Silva; Domingos José Gonçalves de Magalhães; José Ribeiro do Amaral; Mario Martins Meireles; Abdias Neves; Rodrigo Otávio; Astolfo Serra;
Ao iniciar esta jornada genealógica da origens dos Carvalhedo na Província Maranhense, nunca imaginei que, teria tantos desafios e a necessidade de pesquisar em Bibliotecas Físicas e Virtuais, Hemeroteca, Mapotecas e livros cujos autores, não sabia da existência, tudo para poder me situar e assimilar aquela época, no seu próprio tempo e no espaço, hoje ao coligir estas linhas, trago à luz, pontos de uma tela, que ainda estar informe, todavia, seus contornos são animadores.
Nesta perquirição, alguns documentos, sobre o Território Fértil do Japão cobrem os anos de 1837 até 1937, exatamente cem anos, e espero que outros pesquisadores venham contribuir com a História da sua Cidade, e atendo-me ao tema proposto deste alusivo Artigo ora em tela, a título de exemplo cito aqui, nomes de Povoados, Rios, Riachos, Lagos, Fazendas e os Senhores de Engenhos de Açúcar, Aguardente e Rapadura, produtores de Algodão, Arroz e demais Gêneros, e Criadores, relativos ao ano de 1864 e 1865:
* Coronel Diogo Lopes de Araújo Salles - Fazenda San'Marcos;
* Manoel Resplandes de Araújo – Fazenda Genipapo;
* Tarquínio Prisco de Mello Uchôa - Brejinho;
* Vicente Ferreira Brabo - Ciganas;
* Frederico Augusto de Souza – Fazenda Ypiranga;
* Dª Jesuína Francisca Ferreira Nava & Filhos – Fazenda Pilões;
* José de Mello Albuquerque - Japão;
* Reinaldo Bezerra do Valle - Japão;
* Manoel de Mello Albuquerque – Fazenda Jacoca e Papagaio;
* Anastácio Martins Chaves – Fazenda Três Léguas;
* Manoel Antônio Pereira Souza – Papagaio;
* Ignacio José de Menezes - Japão e Escondido;
* Pedro de Sousa Milhomem – Fazenda Lagoa d'Fóra;
* D. Rosa Maria de Sousa & Flhos – Fazenda Riacho-Feio;
* Antero Ildefonso Galvão – Fazenda Aldêas;
* Antônio da Rocha Lima – Fazenda Jacaré;
* Francisco José Marques da Motta – Cocal-Grande;
* Luiz José de Almeida – Fazenda Desordem (Santa Vitória);
* Frederico Augusto de Souza - Bezerra;
* Coronel Sergio Gorgonio dos Santos - Cocal-Grande.
Estes Proprietários desbravadores, cujos Nomes atravessaram a cortina do Teatro chamado Tempo, e trazem até nós, as referências de suas Localidades, fazendas, propriedades, Povoações, algumas desapareceriam dos Mapas a partir de 1910, outras permaneceriam, como referências de outros tempos idos e entraram para a História.
Por: Creomildo Carvalhedo Leite.
Palmas – Tocantins, 07 de outubro de 2017.
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