Por Jean Carlos Gonçalves
Praça São Francisco de Assis, centro de Tuntum
Surgida nas últimas décadas século XIX, Tuntum tem sua origem diretamente relacionada à iniciativa de retirantes de outros estados nordestinos, especialmente do Ceará, que impulsionados pelas secas periódicas, especialmente a grande seca de 1877, se estabelecem nessas paragens fascinados pelo sonho de posse da terra e de usufruir de sua fertilidade.
Retirantes, 1944, Cândido Portinari
Localizada no centro-maranhense, Tuntum se situa numa porção, a qual os antigos denominaram de: A Mata do Japão. Em referência a uma terra distante e de difícil acesso, pois se situava numa região de densa floresta, quase intransponível, o que também explica o seu desbravamento tardio.
Ilustração da Mata do Japão
O pioneirismo do povoamento do que se tornaria a cidade de Tuntum é atribuído ao cearense José Naziozeno dos Santos e família, que aí fixaram moradia por volta de 1890, no lugar Brejo do Caboclo Naziozeno*, atraído pelas terras férteis e pela abundância de caça e mananciais de água.
Nos início do século XX, chegaram outras famílias com as mesmas motivações de Jose Naziozeno. Logo em 1902, também supostamente cearenses, vindos de Barra do Corda, chega o casal Manoel José Pereira e Alexandrina, que para cá trouxeram os genros Alípio Benvida, Manoel Benvida e Anunciato Borges, onde fundaram morada no lugar Pacas, próxima à fonte d’água Mucuíba, no final da rua 12 de setembro.
Proveniente do sul do estado, região de mais antiga ocupação, a família Carneiro Santos chega em 1906 e se estabelece no Sítio do Alto dos Carneiros, hoje, bairro Vila Mata. Na mesma década os irmãos Siriáco, no bairro Mil Réis. Na década de 1910, chega os Coelhos no povoado Arroz, os Pereira Araújo e os Morais no Tuntum de Cima e outras famílias, em vários casos devido à seca de 1915. Em 1920, chega Francisco Andrade e nos anos seguintes a família Correia Lima, Tavares Viana, Pinheiro, etc..
Em fins da década de 1920 e início dos anos 1930, Tuntum aparece com um importante povoado do município de Barra do Corda.
Na década de 1930, destaca-se a chegada do Srº João Fortaleza, o Joazinho Cearense. Segundo o IBGE os Correias teriam chegado no mesmo período, entretanto, há relatos que desde 1916, Estevam Correia, já havia se estabelecido no Olho D'água dos Correias. Várias outras famílias também se fixaram, em sua maioria, fustigadas pela seca de 1932.
Em 1936, Estevam Correia inaugura o primeiro comércio varejista. Nos anos 1940 a família Leda, a Família Cruz (Juá) e outras famílias chegam ao já promissor povoado. Na mesma década o Srº Paulo Andrade se destaca como importante comerciante do atacado e verejo. No ano de 1948, Frederico Coelho, um grande empreendedor, compra o primeiro caminhão, além disso instala a primeira indústria de beneficiamento de algodão, indicativo de uma vida social e econômica considerável.
Rua Frederico Coelho, na imagem o primeiro caminhão de Tuntum
Nos anos 1950, os Uruçús, Gonzaga da Cunha, Tavares Araújo. Além disso, chegam definitivamente os frades capuchinho, importantíssimos na história da cidade. É na mesma década que Tuntum assiste a uma grande leva migratória, motivada pela seca de 1952, e que de tão numerosa, credencia o expressivo povoado à emancipação.
Construção da Igreja Matriz de São Raimundo Nonato
É nesse contexto de formação, longe as das lentes do Estado, ou seja, sem o devido conhecimento das autoridades do governo e de crescimento desordenado, mas se constituindo como um dos mais importantes povoados, agora do município de Presidente Dutra, que nasce o jovem município de Tuntum.
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