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sábado, 19 de setembro de 2015

TUNTUM - O TOPÔNIMO

Por Jean  Carlos Gonçalves


               
Todos já ouvimos a frase: "No Coração do Maranhão  bate TUNTUM". Sem dúvida o enunciado é uma forma de identificar nossa cidade e também de nos auto reconhecermos tuntuenses. Mas por que TUNTUM? Qual a origem do topônimo? Há uma única versão para sua origem? Ou várias? Em caso de várias, alguma pode ser considerada correta? Ou todas possuem sua lógica? 

Na busca de contribuir para uma melhor compreensão, ou mesmo incitar o debate acerca dessas questões é que compartilho aqui uma síntese de algumas investigações.

Há várias versões para a origem do topônimo “Tuntum”, dentre as quais, existem duas que são mais aceitas. A primeira, atribui à origem da palavra “Tuntum”, ao som produzido por caçadores que batiam um cajado no chão para atrair caça. Ideia bastante aceita devido à abundância de animais na região: 
“A Srª. Maria do Anunciato Borges afirmou em entrevista concedida em 1995, que o pai dela, o Sr. Manoel José Pereira, dizia que o nome Tuntum é resultante do modo primitivo utilizado pelos caçadores para atrair animais. Consistia em bater no solo fofo com um pedaço de madeira, produzindo o som Tum...Tum...Tum... Truque muito repetido no mesmo local. (GAZETINHA DE TUNTUM, Ano I, nº. 3)”. 
O Srº Vicente Paiva Noleto, relatou que em 1965, José Sarnay, então candidato ao governo do Maranhão, em primeiro comício aqui na Cidade, teria iniciado seu discurso assim: “Povo de Tuntum! Das gameleiras do Tuntum de Cima às gameleira do Tuntum de Baixo! De onde os pioneiros caçadores com seus cajados atraiam as caças [...]". 

Outra versão seria o som produzido, a partir de uma queda d’água existente no riacho que banha a cidade e produzia (tum, tum, tum...). Esta sobrevive no imaginário popular e consta, inclusive, na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros editada pelo IBGE, em 1959: “[...] produzido pela queda de água de um riacho de igual nome e que banha a cidade.”

O Sr. José Costa Carvalho, o Deco, residente em Tuntum desde 1951, afirmou em depoimento que não só conheceu o referido “olho d’água”, mas que ajudou construir, ainda na década de 1950, um tanque em suas imediações para as pessoas tomarem banho, pois não havia serviço de abastecimento de água às habitações do povoado. Deco relatou que no local onde o veio d’água atingia a rocha se formou uma cratera em forma de vasilha, resultado de muito tempo da ação da água na rocha. O mesmo afirma que a fonte d’água se localizava acima da ponte metálica que atualmente liga o bairro Campo Velho ao centro da cidade e que desapareceu por causa da ação erosiva em função do desmatamento da mata ciliar do riacho, assim como aconteceu com a Cacimba da Otília e está ocorrendo com a Mucuíba, a Agogô, o Pinga, o Poção, o Pubeiro e tantos outros pontos do riacho Tuntum, que foram lugares de diversão, lazer e hoje habitam a memória de várias gerações e que relutam em sobreviver no imaginário coletivo. 

Há também quem afirme que o topônimo tenha origem nos batuques dos tambores indígenas que teriam ocupado o lugar antes dos colonizadores. Esta tese é bastante controversa, pois há tanto quem a defenda quanto quem a refute. 

O Sr. Raimundo Santos, nascido em 1908 e pertencente à família Carneiro Santos, uma das pioneiras no povoamento da sede, indagado sobre a existência de silvícolas na região, afirmou que quando sua família chegou a Tuntum não havia índios e que o topônimo não tinha qualquer relação com os “caboclos”, atribuindo o nome som da água que caía sobre as lajes do riacho. 

Entretanto, o Professor Geovane Alves, fundamento na literatura oral discorre sobre vestígios como: 
“[...] mangueiras e laranjeiras de aparência centenária; instrumentos de trabalho, utensílios para o preparo de alimentos e cerâmicas. Tudo cultivado e trabalhado bem ao modo dos índios Guajajaras, que, conforme corroboram os estudos realizados pela Professora Doutora Maria Elisabete Coelho, Universidade Federal do Maranhão, apresentados no livro A Política Indigenista do Maranhão Colonial, e pelo Antropólogo Édson Soares Diniz, da Universidade Federal do Pará, no livro Os Tenetehara-Guajajara e a Sociedade Nacional.” (GAZETINHA DE TUNTUM op. cit). 
Alves cita informações concedidas pelo Sr. Nito, neto de José Naziozeno, considerado o primeiro morador da sede municipal: 
“Dizia esse migrante cearense que ao chegarem (ele, pai e avô) ao local denominado Engenho do Caboclo, encontraram na grota lá existente, um pequeno dique, feito com toras de madeira roliças, cujas frestas estavam vedadas com cera de abelhas. Indícios fortes de que na área, além de índios, habitavam negros, provavelmente, fugidos de fazendas escravocratas de outras regiões.” (GAZETINHA DE TUNTUM, Ano I, Nº 3). 
O ex-prefeito Hélio Araújo, em trabalho monográfico advoga a tese de que Tuntum fora habitada inicialmente por silvícolas da tribo Gaviões, que teriam sido os primeiros habitantes do bairro Tuntum de Cima. Enquanto que no centro (Tuntum de Baixo) “agrupavam-se os índios Canelas” (ARAÚJO, 2013, p.58). 

Também presente na memória coletiva local, há a versão de que o nome TUNTUM teria originado do barulho produzido pela quebra de cocos nas pedras por cutias à margem do riacho. Esta tese é uma das menos aceitas, pois se trata de um animal de pequeno porte. Pois qual o tipo de coco era quebrado? O aqui existente babaçu? Tucum? Macaúba? Muito improvável. 

O Srº Paulo Andrade, antigo morador de Tuntum, 90 anos, atribui o topônimo às batidas produzidas em pilões para descascar arroz, atividade esta realizada por suas irmãs. O saudoso Paulo Andrade, afirma ainda que alguns quiseram mudar o topônimo para Babaçulândia, devido a grande quantidade de palmeiras de babaçu na região, ideia esta que não foi aceita pela maioria. No entanto, esta pesquisa não identificou outros que confirmassem tal versão. 

Por outro lado, uma coisa parece certa: o topônimo “Tuntum” não fora atribuído ao lugar imediatamente após a chegada dos primeiros moradores e, portanto, deve-se investigar mais aprofundamente para se ter uma ideia mais precisa de quando o lugar passou efetivamente a ser denominado como tal. Pois, as moradas dos primeiros ocupantes tinham nomes específicos: os Naziozenos – Engenho do Caboclo ou Brejo do Caboclo; os Carneiros Santos – Alto dos Carneiros (atual bairro Vila Mata); os irmãos Siriácos, no Siriáco (próximo ao riacho de mesmo nome, próximo ao atual bairro do Mil Réis); os Benvidos e Borges, no lugar Pacas, próximo ao olho d’água da Mucuíba; as famílias Morais, Pereira, Araújos e Ferreira, no Tuntum de Cima; Andrades, Tavares, no Tuntum de Baixo.

Assim, cabe indagar: A partir de que momento o lugar passou a ser denominado Tuntum? Ou teria sido uma localidade cujo topônimo prevaleceu em relação às suas contemporâneas? Em caso positivo, o que teria levado os antigos habitantes a aceitarem um termo comum? Questões que não querem silenciar, entretanto, passíveis de uma investigação mais criteriosa e que poderão ser respondidas a partir de novas fontes ainda ignoradas e/ou encobertas com a poeira do tempo.

2 comentários:

Unknown disse...

Curioso nome e mais curiosa ainda não saber ao certo sua origem.
Fiquei com vontade de conhecer a cidade!!!
Laura Motta -RJ

Anônimo disse...

Sou da cidade de tuntum e a que sempre ouvia dos mais velhos era que a queda do coco babaçu ao cair no rio produzia esse som então se originou dali